Por terras do Priorado do Crato

Os tempos não recomendam grandes aventuras. Estava perto. Fui até ao Crato. E, porque fica mesmo ao lado, a Flor da Rosa.

É território que me é familiar. Mas como se costuma dizer, “santos de casa não fazem milagres”!

Uma aventura à porta de casa

Para mim (e julgo que para muitos que foram aprendendo História na base do empinanço e das mnemónicas…) sempre associo Crato a D. António Prior do Crato. Juro que em miúdo julgava que era o nome do senhor… Mais tarde percebi que o Prior tinha a ver com o facto de ser eclesiástico. E era, mas de uma forma sui generis. E o Crato seria a terra onde foi padre…

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D. António Prior do Crato

Conhecendo o Crato, pequena vila nos confins do nordeste alentejano, sempre estranhei de onde viria tal notoriedade e como era possível ter tido notável protagonismo, em certos momento da nossa História.

Devo confessar que me relaciono com a História, como um informático diria, na “óptica do utilizador”. A ela recorro quando necessito e em ocasiões concretas. Esta é uma delas.

A História do Crato, de Flor da Rosa e da Ordem dos Hospitalários

Segundo parece, o Crato terá sido fundado há cerca de 2.500 anos pelos Cartagineses. A sua notoriedade é mais recente. Mas não muito…

Teria como designação inicial Castraleuca ou Castra-Leuca. No decorrer dos séculos, e por alterações sucessivas, passou a ser Ucrate ou Crate e, por fim, Crato.

Como sabemos, o início do segundo milénio, ficou marcado pela Reconquista Cristã da Península Ibérica. Os Mouros aqui chegaram por volta dos anos 700 e só daqui saíram quando o Séc. XVI estava prestes a começar, com a queda do reino de Granada.

O movimento de reconquista, vindo de norte (começou nas Astúrias) para sul, teve a ajuda de muitos nobres guerreiros da Europa e também a participação de Ordens Religiosas que se dedicavam a combater os Infiéis (as Cruzadas à Terra Santa são o maior exemplo).

Assim, cá chegou, entre outros, D. Henrique de Borgonha a quem pelos seus feitos foi oferecido o Condado Portucalense. E também vieram as Ordens dos Templários e dos Hospitalários.

Esta última, chamada Ordem de São João Baptista de Jerusalém foi fundada em 1093, nesta cidade, para socorro dos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa. Também conhecida por Ordem Soberana Militar e Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. Muito mais tarde, já no Séc. XVI passaria a ser designada apenas por Ordem de Malta (onde passou a estar sediada).

Entre 1122 a 1128, a Ordem estabeleceu-se no Condado Portucalense fixando a sua sede no antigo Mosteiro de Leça, situado nos arredores do Porto. A localidade converteu-se em cabeça do priorado da Ordem em Portugal.

Em 1194, D. Sancho I doou-lhes um vasto território na margem Norte do Tejo, com a obrigação de aí erguerem um castelo, que tomou o nome de Belver. Mais tarde, em 1232, D. Sancho II doou o Crato à Ordem do Hospital, concedendo-lhe o primeiro foral, sendo então Mem Gonçalves, Prior da Ordem.

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Crato – Placa comemorativa do 775º aniversário do Foral

Em 1340, D. Afonso IV transferiu a sede da Ordem para o Crato, onde se manteve até 1354. Nesta data, D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato e pai de D. Nuno Álvares Pereira mandou construir o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa para instalação da sede da Ordem.

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Mosteiro de Flor da Rosa


Em 1439, a sede da Ordem regressou ao Crato, vulgarizando-se a designação de Priorado do Crato. Este possuiu 23 comendas e as seguintes 12 terras e seus termos: Amieira, Belver, Cardigos, Carvoeiro, Crato, Envendos, Gáfete, Oleiros, Pedrógão Pequeno, Proença-a-Nova, Sertã e Tolosa.

Ou seja, um vasto território que abraçava ambas as margens do Rio Tejo. A extensão de tais domínios marcava então a enorme importância desta Ordem. Recorde-se que imperava o regime feudal e portanto a Ordem recebia a sua parcela de tudo o que era aí produzido, bem como tinha o poder de mobilizar os homens disponíveis para combater e reforçarem os exércitos reais sempre que tal era necessário. O que acontecia com muita frequência.

Aqui nasceu, diz-se, D. Nuno Álvares Pereira

Referi atrás que o Mosteiro de Santa Maria situado em Flor da Rosa (a escassos 3km do Crato) foi mandado construir pelo pai de D. Nuno Álvares Pereira. E terá sido (embora não seja certo) que aqui nasceu o futuro Santo Condestável.

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Flor da Rosa – Estátua de D. Nuno Álvares Pereira

Como sabemos, D. Nuno, Condestável do Reino, foi o braço direito de D. João, Mestre de Avis, nas lutas dinásticas que garantiram a continuidade da independência de Portugal – vitorioso nas batalhas de Atoleiros, Aljubarrota e Valverde – e que deram início à segunda dinastia da realeza portuguesa. Tal era o seu engenho militar que os Espanhóis tinham verdadeiro pavor de o enfrentarem.

E se temos aqui a ligação ao início da Dinastia de Avis, aquela que representou até hoje o apogeu da presença de Portugal no mundo, é também aqui que vamos encontrar a ligação ao facto que representou o seu fim e, pior ainda, a perca da independência nacional.

D. António, Prior do Crato, Rei de Portugal

Encaminhava-mo-nos para o final do Séc XVI e Portugal tinha uma posição de domínio no mundo. Com os Descobrimentos, o domínio das rotas marítimas da Índia e o ainda inexplorado Brasil, éramos a potência dominante a par da Espanha (unificada à menos de 100 anos). Mas alguma decadência já se pressentia

Quando D. Sebastião ascende ao trono, para lá da sua juventude e impreparação, a imaturidade que o levava a sonhar com batalhas e conquistas heróicas, impele-o a uma improvisada incursão a terras de Marrocos. Seguiu-se Alcácer-Quibir (1578) e a sua morte, lançando Portugal para uma crise de sucessão, pois o Rei não deixava descendência. Sucedeu-lhe seu tio o Cardeal D. Henrique, que viria a morrer em 1580 em plenas Cortes de Almeirim onde iria ser coroado.

Agrava-se a questão sucessória. As principais alternativas eram Filipe II, soberano de Espanha, ou D. António, Prior do Crato, cargo que tinha herdado de seu pai.

D. António era filho bastardo de D. Luís de Portugal e neto do Rei D. Manuel I, pelo que a sua legitimidade à sucessão era discutível, o que reforçava a ambição do rei de Espanha.

Sendo aclamado Rei de Portugal pelo povo de Santarém, viria todavia a perder as sucessivas batalhas perante a maior força e poder do inimigo espanhol.

Assim, fica o Crato, na infeliz pessoa do seu Prior, ligado ao final da Dinastia de Avis e à perda da independência nacional.

No Crato

A vila é pequena. Terá cerca de 2 mil habitantes para um total de aproximadamente 3,5 mil no município. Dos seus tempos áureos resta pouco mas ainda assim relevante.

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Castelo do Crato – ao fundo a Serra de S. Mamede

O castelo medieval, tinha formato trapezoidal com as muralhas reforçadas por 5 torres nos ângulos, sendo a Norte a de menagem. Por sua vez, a cerca da vila, da qual subsistem alguns troços, era amparada por seis torres: do Sino, da Seda, de São Pedro, da Porta Nova, de Beringal e de Santarém.

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Castelo do Crato – Muralha

Em meados do século XVII, foi transformado num fortim abaluartado, com planta poligonal irregular no formato de uma estrela com quatro pontas.

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Castelo do Crato – Pormenor da muralha

Os séculos seguintes acentuaram o estado de ruína do conjunto, tanto das estruturas medievais como das modernas, desaparecendo a Casa do Governador (da qual subsistem algumas arcadas), a ponte levadiça, baluartes e outros, tendo chegado aos nossos dias apenas alguns trechos de muralha, uma guarita, a cisterna, duas torres arruinadas e algumas canhoneiras.

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Castelo do Crato – Muralha
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Crato – Pedaço da muralha

Encontrei toda a área do Castelo fechada. De fora é possível antever a construção de algo no seu interior…com pilares de betão. Não sei se poderemos ficar optimistas quanto à eventual recuperação do património….

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Castelo do Crato – Obras
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Castelo do Crato – Obras

A Igreja Matriz do Crato ou de Nossa Senhora da Conceição data do século XIII, embora com sucessivos acréscimos, subsistindo da época a estrutura imponente da torre sineira. Quanto ao estilo, denotam-se alguns traços góticos. Possui três naves e cinco tramos, separados por quatro pares de arcos ogivais e um arco de volta perfeita.

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Igreja de N. Senhora da Conceição

Na Praça do Município é possível ver o que resta do Palácio do Grão-Prior do Priorado do Crato: um janelão e a imponente varanda sustentada por arcos de volta perfeita.

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Crato – Varanda do Palácio do Grão Prior

Para lá dos Paços do Concelho e do Palácio Sá Nogueira encontramos o tradicional pelourinho onde era exercida a justiça. Outros tempos…

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Crato – Paços do Concelho
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Crato – Pelourinho e Palácio Sá Nogueira

Em tempos de maior liberdade, o Museu Municipal é um local de visita obrigatória para melhor conhecer os testemunhos desta tão longa história.

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Crato – Museu Municipal

Também ao percorrer as ruas da vila é possível encontrar em muitos edifícios e placas toponímicas, as cruzes da Ordem de Malta.

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Crato – placa toponímica com Cruz de Malta
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Crato – aqui as efemérides são multi-centenárias

Mais recentemente, o Crato tornou-se famoso junto da juventude portuguesa pelos seus Festivais de Verão que trazer enorme afluência de gente de fora e bastante notoriedade à vila, com os naturais benefícios para a sua população.

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Crato – Antiga Escola Primária
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Crato – Centro de Saúde
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Crato – Reminiscências industriais
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Crato – rua típica
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Crato – Jardim e imagem de N. Sª Conceição
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Crato – rua típica
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Crato – Filarmónica do Crato
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Crato – encontro de ruas
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Crato – Rua típica com edifícios seculares
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Crato – Arte urbana
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Crato – Arte urbana

Também as pequenas unidades de alojamento turístico, na zona urbana ou em meio rural são uma forma de trazer a quem procura estas terras uma aproximação às tradições e à cultura destas gentes.

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Crato – Turismo – Casa do Largo
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Crato -Turismo – Casa do Crato

Em Flor da Rosa

Obviamente que o grande destaque desta pequena povoação, até pela grandeza que o faz destacar do resto do casario, é o Mosteiro de Santa Maria, considerado o maior exemplo de mosteiro fortificado da Península Ibérica.

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Mosteiro de Flor da Rosa

Este mosteiro é composto por três edificações distintas: a igreja-fortaleza de estilo gótico, um paço-acastelado gótico, já com alterações quinhentistas, e as restantes dependências conventuais com traça renascentista e mudéjar.

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Mosteiro de Flor da Rosa

O conjunto sofreu alterações ao longo dos séculos, nomeadamente nos século XVI e XVII. No tempo do Rei D. Manuel I o espaço monástico é alargado para um maior número de aposentos, transformando-o num Paço Real.

O grande terramoto de 1755 e um temporal devastador em 1897 afectaram toda a estrutura e levaram-na muito perto da ruína.

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Mosteiro de Flor da Rosa – Claustros
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Mosteiro de Flor da Rosa – Pormenor
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Mosteiro de Flor da Rosa – Claustros
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Mosteiro de Flor da Rosa – Pormenor das abóbodas
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Mosteiro de Flor da Rosa – Túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira (pai de D. Nuno Álvares Pereira e fundador do Mosteiro)

Mais tarde, jé em 1940 começaram as tentativas de restauro que foram retomadas em 1991 com a planeada transformação em Pousada de Portugal.

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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação

Apesar da polémica inicial, veio a revelar-se uma notável recuperação em que a simbiose entre o antigo e o moderno casam na perfeição. Com a vantagem de poder dispôr na sua função turística de todas as valências necessárias e simultâneamente ter sido possível preservar a essência do edificado monumental. Merece assim aplauso a obra do Arq. Carrilho da Graça.

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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação
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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação

Não há terra em Portugal que não tenha para si, uma lenda que justifique o seu nome. Flor da Rosa não é excepção.

Vem de tempos muitos antigos e ali existiria um pequeno lugarejo onde vivia um fidalgo cavaleiro de mui ilustre nome e bem amado por toda a gente. Certo dia, o cavaleiro adoeceu gravemente. Poucos dias de vida teria segundo os médicos que o acompanharam.

Os seus amigos visitivam-no amiúde. E também a sua noiva de nome Rosa. Certo dia, numa dessas visitas, Rosa levou-lhe uma flor. Perante a estupefação de todos, e quando era esperada a morte do fidalgo, eis que quem morre é Rosa.

Desde então, todos os dias era possível ver o cavaleiro chorar o seu amor perdido junto do túmulo de Rosa. Até que certo dia, ele próprio acabou por morrer de desgosto.

Antes de morrer, o fidalgo cavaleiro fez dois últimos pedidos: que a flor que Rosa lhe oferecera o acompanhasse à sepultura e o nome de Flor da Rosa fosse dado aquele lugar. E assim foi!

Outro edifício que se destaca, não pela sua antiguidade pois tem pouco mais de 100 anos, é a Igreja Paroquial dedicada a Nossa Senhora das Neves. Também ligada à sua construção há uma lenda.

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Flor da Rosa – Igreja de Nº Sª das Neves

Parece que certa tarde, os pedreiros que iam trabalhar na construção deixaram as ferramentas no local onde se pretendia fazê-la. As mesmas desapareceram e vieram a ser encontradas noutro local…aquele onde a igreja acabou mesmo por ser construída.

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Flor da Rosa – Igreja de Nº Sª das Neves

Esta pequena aldeia em tamanho, mas grande em costumes e saberes é também conhecida como a terra dos oleiros, pela grande tradição que aqui existe de trabalhar o barro de forma singular.

Existe actualmente uma escola de olaria, que faz com que esta tradição se mantenha viva, apesar de ainda existirem dois oleiros que trabalham e vendem as peças em barro por conta própria.

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Turismo – Palácio de Flor da Rosa
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Flor da Rosa – casario típico

Como chegar ao Crato e a Flor da Rosa

Para quem venha de sul ou genericamente da margem sul do Tejo, as estradas não são particularmente interessantes. Tipicamente estradas alentejanas, pouco sinuosas. A não ser que nos queiramos aventurar pelas muitas estradas municipais, estreitas e nem sempre nas melhores condições.

Já para quem venha de norte a coisa muda de figura. A EN18 entre Vila Velha de Ródão e Nisa é um pedaço de diversão com 18 km e um bonito enquadramento paisagístico. De Nisa ao Crato é um pulinho.

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Crato – o que vemos à chegada
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Crato – Panorâmica

De qualquer forma, para uns e outros, a Serra de S. Mamede e o triângulo Portalegre, Marvão e Castelo de Vide estão à mão de semear. Ou melhor dizendo, à distância de um breve enrolar de punho. E aí…há estradas retorcidas para todos os gostos!

E termino com uma sugestão: porque não um brinde ao encontro do passado com o presente, olhando para o futuro?

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Um brinde!
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Mosteiro de Flor da Rosa

(texto publicado na edição de Abril/2021 da revista Andar de Moto)

A demanda pela Esperança

O malfadado 2020 chegou ao fim e vamos em frente, com Esperança que o seguinte seja melhor.

Mas para isso, precisamos mesmo encontrar a Esperança! 

E como esta peste faz lembrar tempos medievais, nada como lançar uma demanda à boa maneira da Idade Média, para encontrar a Esperança! É verdade…podia ter ido ao Google. Era mais simples mas não tinha piada nenhuma…

O primeiro passo seria descobrir por onde começar. O que desejamos é segurança e felicidade. A segurança de um porto de abrigo e a alegria de sermos felizes. Portanto, com essas pistas, só podia ser Portalegre: Porto+Alegre! (para o caso, não é relevante o facto de estar lá perto).

E assim começou a demanda pela Esperança: 30 de Dezembro, com 5º de temperatura e um sol radioso, lá fui a caminho de Portalegre!

Primeira pista: Portalegre

Antes de entrar na cidade, subi à Ermida da Penha. O monte fronteiro à encosta onde se espraia o casario da cidade do Alto Alentejo dá-nos a melhor vista panorâmica e permite antecipar alguns dos locais a visitar.

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Panorama de Portalegre
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Ermida da Penha

“Tinha esta terra, quando era vila, sete freguisias, e era a mais nobre vila que havia em Além Tejo. A terra é de el-rei, e como tal a levantou por cidade el-rei Dom Joam triceiro.”

(Diogo Pereira Sotto Maior, Tratado da Cidade de Portalegre, 1619)

Esta inscrição está no pedestal da estátua que homenageia que D. João III, rei que elevou Portalegre a cidade em 23 de Maio de 1570.

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Estátua de D. João III

Desconhecem-se as origens remotas até porque durante muito tempo, prevaleceu um equívoco. Frei Amador Arrais, eleito Bispo de Portalegre em 1581 e que aí permaneceu como tal durante 15 anos, alegou nos seus estudos que já nos tempos dos romanos existia aqui uma cidade, por ter descoberto algumas pedras e ruínas que identificou como oriundas dessa época. Seriam da importante cidade de Ammaia que ficava na rota da importante estrada que levava a Emérita Augusta (hoje Mérida). E durante muito tempo se pensou que Ammaia seria a antepassada de Portalegre. 

57 - Forum.jpg_9.52_jpgAmmaia (Forum) e Marvão ao fundo

Mas quando se revelaram as verdadeiras ruínas daquela cidade romana, nas imediações de Marvão, rapidamente se concluiu que o que tinha sido descoberto em Portalegre para aí tinha sido trazido ao longo do tempo, proveniente de Ammaia. Os antigos chamavam a esta a Pedreira dos Padres, pois alguns dos conventos de Portalegre utilizaram na sua construção pedras retiradas destas ruínas romanas.

Quando se entra na cidade e nos dirigimos ao centro, chegamos a uma rotunda naturalmente designada por Rossio. Aqui desaguam 7 ruas, algumas delas entre as principais da cidade. É com inteira razão que se poderá afirmar que todos os caminhos aqui vêm dar….

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Rossio de Portalegre

Aqui começa, na colina para norte, o Jardim do Tarro. Espaço frondoso e agradável, principalmente quando a canícula aperta nos meses de Verão.

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Jardim do Tarro
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Jardim do Tarro

E também aqui fica uma árvore célebre. O Plátano do Rossio (ou de Portalegre). Árvore centenária – plantada em 1838 – tem uma copa que quase atinge os 30 metros de diâmetro, a maior da Península Ibérica. É a mais antiga árvore portuguesa classificada como de interesse público, desde 28 de Agosto de 1838. Em 2020 venceu o concurso Árvore Portuguesa do Ano 2021, sendo que nos representará no concurso Árvore Europeia do Ano. Espera-se naturalmente a vitória!

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Plátano de Portalegre
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Plátano de Portalegre em contra-luz…

 A demanda por novas pistas continua…

 Apontei à parte antiga da cidade. Subi primeiro pela rua do comércio.

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Vista para o Castelo (ao fundo). Em primeiro plano o Plátano e abaixo o Rossio
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Rua 5 de Outubro (ou do Comércio)
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Rua do Comércio

Quase deserta, fruto da época que vivemos e também de algum marasmo endémico da cidade, vamos subindo até ao Arco e a partir daí, perdi-me pelas ruas de calçada antiga, tradicional e irregular, que ora sobem ora descem, a caminho do Castelo.

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Arco da Rua do Comércio
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Ruas de Portalegre
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Ruas de Portalegre
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Ruas de Portalegre

O Castelo de Portalegre é actualmente uma ruína da qual restam algumas muralhas e quatro torres (das 12 originais). Construído nos tempos de D. Dinis, cerca de 1290, está integrado no casario que a ele se encosta. Ainda assim a sua silhueta destaca-se no panorama da urbe.

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Castelo de Portalegre
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Castelo de Portalegre
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Castelo de Portalegre

Dirigi-me à Sé. Construída entre 1556 e 1575 foi sede da Diocese de Portalegre. Hoje, partilha esse título com a Sé de Castelo Branco. A Diocese de Portalegre, mais antiga, datada de 1549 integrou a mais recente de Castelo Branco (fundada em 1771) no ano de 1881.

Edifício de estilo maneirista tem a sua fachada principal virada para o Castelo e, naturalmente, para o que seria na época o núcleo urbano da cidade.

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Sé de Portalegre
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Sé de Portalegre

Continuei o périplo pelas ruas de Portalegre. Em busca das pistas que me conduzissem à Esperança…e aproveitei a oportunidade para continuar a apreciar pormenores desta bonita cidade.

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Antigo edifício dos CTT (Correios, Telégrafos e Telefones)
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Museu das Tapeçarias de Portalegre

As tapeçarias de Portalegre são o ex-libris da cidade. Ao passar pelo Museu de Tapeçarias é fundamental recordar esta arte bem característica da região.

São tapeçarias murais decorativas. Utilizando uma técnica totalmente manual, tem como ponto de partida um original de pintores conhecidos, portugueses ou estrangeiros. Este é ampliado para a dimensão final sobre um papel quadriculado próprio, em que cada quadrícula representa um ponto (desenho de tecelagem). Cada uma é uma obra de arte original, única pelas suas qualidades intrínsecas e pela técnica usada para traduzir o cartão do pintor. Mesmo sendo reproduções de outras obras de arte, a forma como são feitas, o trabalho que lhe está associado e o resultado final transformam-nas em autênticas obras de arte (e de valor muito elevado).

Tapeçaria de Portalegre
Aclamação de D. João IV – Museu das Tapeçarias de Portalegre
Almada Negreiros - Partida de Emigrantes
Tríptico – Partidas dos Emigrantes – Almada Negreiros (Museu das Tapeçarias de Portalegre)

Esta é uma visita fundamental na cidade de Portalegre!

Continuei a caminhada. À minha frente, o edifício da antiga Real Fábrica de Lanifícios, antigo Colégio de S. Sebastião e na actualidade sede da Câmara Municipal.

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Real Fábrica de Lanifícios

Nos tempos do Marquês de Pombal, a 15 de Junho de 1771 foi expedida uma ordem régia, por aviso da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino ao visconde da Lourinhã, Governador das Armas da Província do Alentejo, para ser estabelecida uma fábrica de lanifícios em Portalegre, de acordo com a Junta do Comércio. A Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre passou a ser administrada pela Junta da Administração das Fábricas do Reino e Obras de Águas Livres por decreto de 25 de Janeiro de 1781. Em 29 de Março de 1788 foram estabelecidas por alvará as condições da entrega a Anselmo José da Cruz Sobral e Gerardo Venceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco da Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre, para administrarem por tempo de 12 anos e sob a inspecção da Real Junta do Comércio…

Passei pelo Jardim da Corredoura e à minha frente estava o Convento de S. Bernardo.

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Convento de S. Bernardo – Pátio e Fonte de Neptuno

A instituição foi fundada em 1518 pelo bispo da diocese da Guarda, D. Jorge de Melo, com o fim de albergar “donzelas sem dote”. A sua construção prolongou-se por bastante tempo, o que se revela por ter diferentes influências arquitectónicas, desde o Manuelino do Séc XVI ao Barroco do Séc XVIII. Contém um acervo de azulejaria nas paredes dos claustros de invulgar beleza (apesar de algumas malfeitorias sofridas ao longo do tempo).

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Convento de S. Bernardo – Painel de azulejos

Ao longo dos tempos teve diferentes serventias. O convento foi extinto em 1878, nele sendo instalado no ano seguinte o seminário diocesano. Em 1911 foi convertido em quartel. Posteriormente, entre 1932 e 1961 esteve instalado na igreja o Museu Municipal de Portalegre. Após ter sido quartel da Polícia do Exército, a Escola Prática da Guarda Nacional Republicana foi instalada no convento no início da década de 1980, situação que ainda se mantém.

Ao lado, a peculiar Capela do Calvário, sobranceira à parte mais moderna da cidade.

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Capela do Calvário

A ronda por Portalegre estava quase terminada e pistas sobre a Esperança…nada!

Antes de reflectir sobre o próximo destino, ainda passei defronte do edifício da Santa Casa da Misericórdia, junto ao Jardim do Tarro onde está a estátua que homenageia os Mortos da Grande Guerra.

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Em primeiro plano, Monumento aos Mortos da I Grande Guerra. Ao fundo, edifício da Santa Casa da Misericórdia

Era tempo de prosseguir a demanda! Pois por aqui muito tinha visto mas não tinha encontrado qualquer pista…

Tendo a Esperança algo que ver com qualquer coisa de bom que desejamos que apareça, não me faria sentido deslocar para poente (onde o dia acaba…). Foi com este palpite que me dirigi para nascente!

Rumo a nascente à procura de pistas

Fiz-me à estrada no rumo escolhido. Alguns quilómetros percorridos e fui dar a Arronches. Pequena vila, com menos de 2 mil habitantes e sede de concelho que faz fronteira com terras espanholas.

Se não encontrasse aqui as pistas que procurava, a minha demanda complicava-se….

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Arronches – Panorama da vila e Rio Caia

Mas…surpresa! Assim que entrei na vila, deparei-me com a Rua da Esperança!

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Arronches – Rua da Esperança

Afinal as minhas deduções estavam certas. O caminho era mesmo por aqui.

Ainda havia tempo para conhecer um pouco desta vila alentejana. Subi um pouco mais e parei em frente à Fonte de Elvas. Por trás desta, o Convento de Nª. Sª. da Luz.

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Convento de Nossa Senhora da Luz
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Fonte de Elvas

À frente da fonte, o Castelo…ou o que dele resta.

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Castelo de Arronches…o que resta

Ao lado o curioso Museu de (a) Brincar. Talvez fruto de uma brincadeira, mas o certo é que se trata de um museu de brincadeiras. De brinquedos.

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Museu de (a) Brincar

Inaugurado em 2002 e situado no edifício da antiga fortaleza de Arronches, o Museu de (A) Brincar pretende dar a conhecer o brinquedo e o brincar através dos tempos.

Os brinquedos da coleção estão organizados de forma interessante e por temas: a memória do lugar, os mestres carpinteiros de carroças, brinquedo de cá, canto da bonecada, por terra, mar e ar, jogos e passatempos, maquetes de papel, teatro de fantoches, classe de Escola do “Estado Novo” e Portugal dos pequenitos.

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Rua de Olivença

Continuei a caminhada pelas ruas da vila e cheguei à praça principal: a Praça da República. Aqui se situa o núcleo da vila: a Câmara Municipal, a Igreja Matriz e ainda a Igreja da Misericórdia e sede da Santa Casa local.

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Igreja Matriz
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Câmara Municipal
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Igreja da Misericórdia
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3 torres – Igrejas Matriz e da Misericórdia e Câmara Municipal

No centro da Praça da República, uma bonita fonte em honra de Neptuno.

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Fonte de Neptuno
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Fonte de Neptuno

A volta por Arronches estava terminada. E também já sabia qual o rumo! Em direcção à Esperança…

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Esperança é para ali…
Encontrei a Esperança!

Finalmente! A demanda estava concluída. Encontrei a Esperança. Agora resta que esta se cumpra e que o novo ano seja efectivamente melhor que o que nos deixa. 

Mas já que viemos até aqui, vamos conhecer. Até porque ainda há uma ou duas cerejas para colocar em cima do bolo….

Esperança é uma pequena aldeia, sede de freguesia. Está encostada a Espanha e tem, seguindo esta mesma estrada e poucos quilómetros adiante, a fronteira.

A placa de entrada, original mas um pouco mal tratada. Talvez a querer dizer que, Esperança pois claro, mas não vai chegar. Temos que fazer algo por isso também. Fica a metáfora.

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Esperança!
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Entrada em Esperança

No Largo da Igreja, o centro da aldeia. A pequena igreja, em tons tipicamente alentejanos, mas com orgulhosa torre sineira. E nela, uma placa de gratidão, sentimento que fica sempre bem. Diz ela:

 “Homenagem do povo de Esperança ao Exmº. Sr. António Dias Pereira e sua Exmª Esposa D. Maria Vitória Fragata Pereira. Grandes beneméritos que se dignaram oferecer-nos esta bela torre relógio e sino grande. 7 de Maio de 1961”

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Igreja de Esperança
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Gratidão do Povo de Esperança

A aldeia estava recolhida.

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Esperança…não havia vivalma!

A Junta de Freguesia, a Sociedade Recreativa ou até a Associação de Caçadores e Pescadores estavam fechadas. E na rua, duas ou três pessoas apenas. Estranhos tempos estes….

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Junta de Freguesia
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Soc. Recreativa Esperancense
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Associação de Caçadores e Pescadores de Esperança

Estava concluida a demanda!

 Mas aqui muito pertinho, duas pérolas a visitar. Não podia falhar!

 Uma bonita fronteira e uma surpreendente ponte

 Meia dúzia de quilómetros em direcção a Espanha, por uma estreitinha estrada municipal (sem saída, já o sabia) fui dar a um pequeno aglomerado de casas chamado Marco.

Em bom rigor, chama-se Marco do lado de cá do Arroyo Abrilongo e El Marco do lado de lá. Cá é Portugal, lá é Espanha. E o dito Arroyo, não é mais que um pequeno e bonito ribeiro que na sua simplicidade só separa os dois países. Só!

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O caminho que leva à fronteira
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Arroyo Abrilongo separa Portugal de Espanha

Mas se a separação – olhando para as duas povoações e a forma como estão próximas, o termo mais correcto é união – é ditada pelo pequeno ribeiro, para o atravessar existe uma pequenina ponte mas com um significado imenso: é a mais pequena ponte internacional do mundo!

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Arroyo e ponte
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A mais pequena ponte internacional do mundo
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A ponte do Marco
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A ponte – fronteira

E se ambas as povoações têm o mesmo nome, na respectiva língua, talvez a razão seja porque ali está o marco fronteiriço que demarca o território (está na margem portuguesa):

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O marco – a face de Portugal
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O marco – a face de Espanha

O objectivo deste passeio não era Espanha, pelo que agora estava na hora de regressar. O caminho de volta foi o mesmo da ida, mas com um pequeno desvio. Antes de voltarmos a entrar em Esperança, num desvio à esquerda, a seta indicava “Pinturas Rupestres”. Segui as indicações… 

Pinturas Rupestres de Vale de Junco

 O local onde encontramos este monumento pré-histórico, também chamado Lapa dos Gaivões, consiste num abrigo natural, virado a sul, numa encosta quartzítica. E nele é possível encontrar algumas gravuras rupestres representando cenas da vida datadas do período entre 4.000 e 2.000 aC. As duas mais visíveis representam figuras antropomórficas e outros tipo de grafismos.

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Lapa dos Gaivões
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Interior da Lapa dos Gaivões
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Figura antropomórfica e conjunto de 28 barras verticais
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Figuras antromórficas e a central possivelmente com capacete com cornos

E assim terminou este passeio!

A demanda em busca da Esperança foi um sucesso. Visitámos a mais singela fronteira e ainda observámos a arte dos nossos antepassados mais remotos.

Foi mais uma Viagem ao Virar da Esquina. Com a Esperança de tempos melhores para todos!

Feliz ano de 2021!

Em demanda da Esperança!
Em demanda da Esperança!

(Passeio realizado a 30 de Dezembro de 2020, com salvaguarda de todas as precauções sanitárias e em estrito respeito pelas normas de circulação vigentes à data. Publicado na revista Andar de Moto, edição de Janeiro).

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