Solares de Portugal – Viajar no tempo, habitar o património… (2020)

Pernoitar num dos Solares de Portugal é usufruir da calorosa hospitalidade e boas–vindas, que são uma arte das famílias portuguesas. É também conviver com um património rico em história e cultura e com uma secular tradição que os donos das casas partilham com os seus hóspedes, de modo cortês e simples.

Desde a primeira hora, os Solares de Portugal, acompanham e apoiam o projecto Viagens ao Virar da Esquina.

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No ano passado visitei 4 dos mais de 120 alojamentos espalhados pelo território nacional e, em 2020, apenas acrescentei mais 2 a essa lista por força da situação que vivemos.

Os Solares de Portugal possuem no seu portfolio mansões, solares, quintas e casas dispersos por todo o território nacional, que estão disponíveis para quem nelas se queira acolher. Fazem parte do património arquitectónico de Portugal e são repositório da sua História e das muitas histórias locais que contribuíram para a cultura e tradição do nosso País.

Mais do que apenas pernoitar, conhecer a história e desfrutar da estadia passando dias agradáveis nos Solares de Portugal é usufruir da calorosa hospitalidade e boas–vindas, que são uma arte das famílias portuguesas. É também conviver com um património rico em história e cultura e com uma secular tradição que os donos das casas partilham com os seus hóspedes, de modo cortês e simples.

A oferta dos Solares de Portugal divide-se em três categorias: Casas Antigas, Quintas e Herdades e Casas Rústicas, consoante a sua imponência, quer na dimensão, espaços envolventes e jardins, quer na decoração e peso histórico.

As Casas Antigas caracterizam-se pela sua arquitectura erudita e muitas delas remontam aos séculos XVII e XVIII. Nas Quintas e Herdades, o acolhimento faz-se num ambiente mais rural, pois estas casas constituem o assento de lavoura, ainda vivo e palpitante, da propriedade agrícola em que se enquadram.

Para quem preferir usufruir da calma da vida do campo, existem as Casas Rústicas, com grande valor etnográfico, na medida em que usam na sua arquitectura – simples e de pequenas dimensões – materiais e processos construtivos caracteristicamente locais.

Desta feita, e no âmbito de algo que começou por ser uma parceria e é hoje uma amizade, conheci mais dois Solares de Portugal , agora bem a Norte de Portugal.

Aqui fica o resumo!

Guimarães e a Casa do Ribeiro

Já sabemos: é o Berço da Nacionalidade! Aí foi proclamado o nascimento de Portugal, foi a primeira capital do País e, ainda hoje, é a residência oficial – o Paço dos Duques de Bragança – do Presidente da República quando se desloca ao Norte do País (poderemos assim dizer, nesta perspectiva, que é a nossa segunda cidade-capital).

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Palácio dos Duques de Bragança

É difícil fugir dos clichés quando falamos de Guimarães, tal é o seu peso na História de Portugal e na nossa memória colectiva.

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“Aqui nasceu Portugal”…

O Castelo, o Paço dos Duques de Bragança, , o bonito e simbólico Largo da Oliveira, as ruelas do seu centro histórico bem cuidadas, o bom estado de conservação das muitas casas com uma arquitectura bem característica. Tudo denota o carinho devotado à preservação da memória na Cidade- Berço. 

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Castelo de Guimarães

Foi no Largo da Oliveira que encontrei o Guimarães das Duas Caras. E a história que me levou a Guimarães.

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O “Guimarães das Duas Caras” (Largo da Oliveira)
Na Casa do Ribeiro

A meia dúzia de quilómetros da cidade de Guimarães encontrei a Casa do Ribeiro. Típico solar minhoto com uma fachada branca, debruada a granito e um portal imponente, encimado pelas armas da família. À direita, a original capela.

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Casa do Ribeiro

Passado o portão de entrada depara-se-nos o pátio interior. Duas escadas confluem na porta principal. No 1º piso o Solar propriamente dito e no piso térreo as antigas instalações dedicadas à lavoura, duas das quais já convertidas à utilização pelos visitantes da Casa do Ribeiro.

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A sua construção data de finais do Séc XVII e tem permanecido na família desde então. A casa, apesar de em diferentes momentos ter sido alvo de obras de recuperação, mantém a sua traça original, a presença cuidada do mobiliário de época com que sucessivamente foi enriquecida e, naturalmente, a presença vigilante dos nobres antepassados através dos seus retratos que preenchem algumas das paredes.

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Quando, vindo do pátio, entrei na porta do primeiro piso, subido que foi um dos lanços laterais das escadas de granito, deparei-me com uma linda liteira que ostenta numa das portas o brasão familiar, visível também na magnífica tapeçaria que lhe serve de cenário…

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…o resto da descrição deste magnífico solar e da forma excepcional como fui acolhido está em: “Guimarães e a Lenda das Duas Caras

Chaves e a Quinta da Mata

 Tenho particular carinho por Chaves. Sinto-me lá bem. E de cada vez que por lá passo…fico deslumbrado pela beleza da Ponte de Trajano sobre o bonito rio Tâmega. Ex-líbris desta cidade que tem muito, muito mais para nos dar.

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Ponte de Trajano

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Solares de Portugal – Viajar no tempo, habitar o património

Pernoitar num dos Solares de Portugal é usufruir da calorosa hospitalidade e boas–vindas, que são uma arte das famílias portuguesas. É também conviver com um património rico em história e cultura e com uma secular tradição que os donos das casas partilham com os seus hóspedes, de modo cortês e simples.

Os Solares de Portugal agrupam um conjunto de mansões, solares, quintas e casas dispersos por todo o território nacional. Fazem parte do património arquitectónico de Portugal e são repositório da sua História e das muitas histórias locais que contribuíram para a cultura e tradição do nosso País.

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A oferta dos Solares de Portugal divide-se em três categorias: Casas Antigas, Quintas e Herdades e Casas Rústicas, consoante a sua imponência, quer na dimensão, espaços envolventes e jardins, quer na decoração e peso histórico.

As Casas Antigas caracterizam-se pela sua arquitectura erudita e muitas delas remontam aos séculos XVII e XVIII. Nas Quintas e Herdades, o acolhimento faz-se num ambiente mais rural, pois estas casas constituem o assento de lavoura, ainda vivo e palpitante, da propriedade agrícola em que se enquadram.

Para quem preferir usufruir da calma da vida do campo, existem as Casas Rústicas, com grande valor etnográfico, na medida em que usam na sua arquitectura – simples e de pequenas dimensões – materiais e processos construtivos caracteristicamente locais.

A parceria celebrada com os Solares de Portugal permitiu-nos conhecer e dar a conhecer algumas destas pérolas do nosso património.

Aqui fica o resumo!

Brotas e as Casas de Romaria

Brotas é terra de devoção a Nª Senhora. Culto mariano multisecular que a seu tempo se expandiu pelo mundo. Dessa devoção e da necessidade de abrigar os peregrinos organizados em Confrarias, nasceram as Casas  de Confraria – ou de Romaria.

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Brotas – Santuário ao fundo

Sobre elas escrevi:

… do Santuário sai a Rua da Igreja. Nela se situam a maioria das Casas de Confraria. Estas casas, em que cada uma leva o nome da origem das confrarias de devotos, serviam para albergar os romeiros que vinham prestar culto à Santa.

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Santuário de Nª Sª de Brotas

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Santuário de Nª Sª de Brotas – Interior

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Imagem de Nª Sª de Brotas (a mais antiga)

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Largo do Santuário. Em frente a Rua da Igreja e de um lado e outro, as Casas de Romaria

Os tempos eram outros e as deslocações faziam-se muito lentamente. De Setúbal por exemplo, media-se em vários dias o tempo de caminhada. Por isso, também quando chegavam, para lá do descanso necessário, também o culto se prolongava. E era nestas casas que os romeiros se alojavam. Vinham por confraria e quando uma abalava, logo outra vinha ocupar o seu lugar e as casas.

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Casa de Romaria

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Casas de Romaria

As Casas de Romaria são uma unidade de Turismo em Espaço Rural que através da recuperação de 6 destas Casas de Confraria permite aos seus visitantes usufruírem em simultâneo dos confortos da vida moderna mas instalados em habitações com 600 anos de história. Casas tipicamente alentejanas, de branco caiadas e com as suas riscas coloridas, que mantém a traça original e estão decoradas de forma singela com os artefactos típicos que ilustram a vida nesta região.

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Ficar numa destas casa – no caso, a da Confraria de Palmela – é partilhar com o conforto do Séc. XXI, a vivência histórica de uma profunda devoção hexacentenária!

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Casa da Confraria de Palmela

E à noite, é mágico escutar o silêncio dos campos que nos rodeiam!

Toda a história na crónica Brotas – o segredo escondido do Alentejo!

Casa do Terreiro do Poço em Borba

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Borba – Casa do Terreiro do Poço

Borba é uma cidade alentejana típica – curiosamente, a mais pequena cidade do Alentejo –  com as suas ruas de calçada estreitas, o casario branco de casas maioritariamente térreas. Foi conquistada aos mouros em 1217 (tal como Vila Viçosa) e um século mais tarde foi-lhe atribuído foral de vila. Muito antiga, anterior à nacionalidade, Borba vive um pouco na sombra da vizinha e faustosa terra dos Duques de Bragança.

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Borba – Pedaço da muralha e casario

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Borba – Capela

E alguns dichotes não perdoam. Desde a referência que Borba tem uma fonte muito bonita….porque já não havia sítio em Vila Viçosa para lá a colocar ou o facto mais picante de ser onde os senhores nobres da outrora faustosa Vila (hoje cidade) Ducal alojavam as senhoras da sua predilecção, suficiente próximas para visitas frequentes e minimamente afastadas para não haver confusões…

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Borba

Situada em zona central de Borba, a Casa do Terreiro do Poço viria revelar-se a enorme surpresa desta viagem. E logo no início, uma pequena demonstração da forma como fui acolhido: o meu anfitrião aguardava-me convenientemente protegido da chuva que já há algumas horas não dava tréguas, para me ajudar a estacionar e acondicionar a moto. De imediato se disponibilizou para me recolher o fato que vinha já ensopado (mas cumpriu a sua obrigação de me deixar seco!) e colocá-lo a secar no sitio mais quente da casa, a casa das máquinas. Assim foi e no dia seguinte não só tinha o equipamento como se nada se tivesse passado como à hora de saída me entregou as luvas aquecidas!

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Casa do Terreiro do Poço

Somos tratados como amigos. Como família. É essa a verdadeira diferença entre a hotelaria “normal” e a possibilidade de sermos acolhidos em casas familiares, cujos proprietários fazem questão de nos fazer sentir como se em nossa casa estivéssemos. Ou melhor ainda….

A Rita e o João, os meus anfitriões brindaram-me com um acolhimento fantástico. Tal como fantástico é o trabalho que ao longo do tempo têm feito para transformar a Casa do Terreiro do Poço naquilo que é: uma série quase infindável de caixinhas de surpresas, tantas quantos os quartos – 13 – que disponibiliza.

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Páteo da Casa do Terreiro do Poço – os meus anfitriões

A Casa original data do Séc XVII (o piso térreo) tendo sido depois sucessivamente aumentada no séculos seguintes, com dois novos pisos. No último, já no Séc XIX, podemos observar nos quartos, escadaria e corredores, pinturas murais em diferentes estágios de conservação mas que têm vindo a ser recuperados com desvelo.

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O poço!

Hoje, a Casa do Terreiro do Poço é constituída por outras casas contíguas que os proprietários vieram sucessivamente a agregar tendo todas elas como zona comum um frondoso páteo – quase uma pequena selva interior-  para garantir a frescura nos meses de canícula. Ao lado, um pavilhão com ampla zona de convívio fronteira à piscina.

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Casa do Terreiro do Poço – Piscina

Devo dizer que a dado momento da visita guiada pelo João (que para lá da descrição e da história de cada pedaço, ia complementando com detalhes e curiosidades sempre interessantes e com algumas pinceladas de humor) estava completamente perdido…parece labiríntico. O que só lhe aumenta o interesse…

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Casa do Terreiro do Poço – Páteo

Cada quarto – são mais que simples quartos! – tem uma componente temática, com decoração adequada repleta de criatividade e bom gosto. Por isso, mais que um quarto, cada um é um verdadeiro cenário capaz de despertar a imaginação dos seus ocupantes tornando a estadia, de facto, memorável.

O quarto onde pernoitei:

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Casa do Terreiro do poço – Quarto

À medida que ia percorrendo a Casa, os quartos, uma ideia me acorreu à mente: não fotografar nem descrever os quartos (até porque na net é possível encontrar algumas imagens). Porquê? Porque o sentimento de surpresa de cada vez que uma porta se abria e eu era transportado para um imaginário diferente do anterior merece ser destacado. Se alguém tiver curiosidade em conhecer e ficar aqui alojado, que venha de mente aberta e preparado para ser surpreendido.

Depois…bem, cada um tem a sua própria imaginação e criatividade…

Um quarto numa antiga cozinha? Uma suite dourada? Um quarto decadente? Ou um quarto étnico? …Com decorações a condizer, pois claro! E que tal uma verdadeira taberna à antiga ou uma adega? Afinal estamos em Borba…

Deve referir-se que existem quartos preparados para quem viaja com filhos pequenos, para pessoas com deficiência, para quem não se separa dos seus animais, o que só enriquece a oferta e enaltece o espírito de ir de encontro às necessidades de quem procura um local para descansar e usufruir.

E esta julgo ser a melhor homenagem que posso fazer à criatividade, perseverança, sentido estético e muito, mas mesmo muito trabalho que a Rita e o João têm dedicado à Casa do Terreiro do Paço.

Quanto à forma como fui acolhido, já atrás o referi: como um amigo de longa data. Assim, apenas posso deixar o testemunho da minha gratidão e amizade.

Toda a história na crónica Borba – A filha alentejana de um deus menor

Na Atouguia da Baleia, a Casa do Castelo

No Sec XII, D. Afonso Henriques outorgou estas terras aos irmãos Guilherme e Robert de Corni, cruzados franceses, em agradecimento a serviços prestados nas lutas contra os Mouros, nomeadamente a conquista de Lisboa. Chamava-se assim o território pois nele abundavam touros selvagens. A denominação actual – Atouguia – deriva de sucessivas evoluções do termo ao longo de 2 milénios. Ainda hoje, defronte da Igreja Matriz é possível ver alguns dos pilares que circundavam o Touril onde esses touros bravos eram depois exibidos nas festas medievais (e provavelmente as antepassadas das touradas actuais…).

História diferente tem o acréscimo “da Baleia”. Conta-se que por volta de 1526 terá dado à costa, num lugar então chamado Areia Branca, uma baleia que “tinha de comprimento 30 côvados” (cerca de 15 metros). Daí a Atouguia…da Baleia. Na Igreja de São Leonardo pode ser vista uma grande costela de baleia petrificada que, diz a lenda, pertenceria ao tal cetáceo.

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Igreja de S. Leonardo

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Casa do Castelo

Situada mesmo defronte da Igreja de São Leonardo fica a Casa do Castelo. A ela cheguei já a tarde caminhava para noite. Ainda a tempo de vislumbrar a beleza arquitectónica do edifício e o seu enquadramento paisagístico. Que é relevante, uma vez que está encostado a parte da muralha do que em tempos foi o Castelo da Atouguia, de origem mourisca e datado do Séc XII, em perfeita simbiose.

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Casa do Castelo – Muralha, jardim interior e ao fundo, o Baleal

E desde logo, fomos simpaticamente acolhidos pelo nosso anfitrião. Estacionada a moto, não pudemos deixar de ficar impressionados com o enorme e centenário dragoeiro que nos aponta o caminho da Casa. Diga-se que, como me foi contado, esta belíssima árvore classificada perdeu uma parte importante do seu porte no ano passado, mas não perdeu a sua altivez e majestade. Impressionante!

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Casa do Castelo e o imponente dragoeiro

A Casa do Castelo, precioso abrigo depois de uma jornada menos luminosa que o desejado mas não menos interessante, acolheu-nos. E desde logo nos deixou favoravelmente impressionados. Quer pela beleza do edifício, testemunho da sua história secular. Construída no Séc. XVII sofreu profunda transformação e ampliação nos princípios do Séc XIX, como aliás é comum nestas casas senhoriais que cresciam à medida que as famílias aumentavam e reflexo da sua própria prosperidade.

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Casa do Castelo

Nos finais do século passado, obras profundas de recuperação e restauro, concluídas em 1995, devolveram o brilho e elegância ao edifício e dotando-o então das características no seu interior adequadas à actual função: um turismo de habitação que acolhe os seus visitantes como se de velhos amigos se tratassem. Essas obras procuraram respeitar a antiga traça do edifício mas dotando-o agora dos confortos modernos.

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Casa do Castelo – interior

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Casa do Castelo – interior

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Casa do Castelo – interior

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Casa do Castelo – interior

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Casa do Castelo – interior

Também o antigo páteo virado a poente foi adaptado, com as antigas instalações da faina agrícola (cocheiras e galinheiros) transformadas em simpáticos apartamentos com um alpendre acolhedor sobre a apelativa piscina (estivesse melhor o tempo e não teria escapado a um mergulho…).

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Casa do Castelo – pátio

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Casa do Castelo – pátio

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Casa do Castelo – pátio

A última palavra é a mais importante. Por mais bela que uma casa seja, a verdadeira alma vem daqueles que a habitam. E a capacidade de nos fazerem sentir que estamos em “nossa casa” e podermos desfrutar, com a simplicidade da amizade, da história e da vida, neste caso, da Casa do Castelo. Assim, uma enorme gratidão pelo acolhimento e pelo convívio que o João e a Maria me proporcionaram nesta curta mas memorável visita à Casa do Castelo.

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Com o meu caríssimo anfitrião!

Toda a história na crónica Certo, certo…é o tempo incerto!

Quinta da Alcaidaria-Mór em Ourém

OurémAuren (ou Portus Auren no seu termo latino) ou ainda Abdegas, se formos caminhando para trás na História era o destino. E a Quinta da Alcaidaria-Mór o porto de abrigo.

Ourém tem foral concelhio desde 1180, outorgado pela infante D. Teresa, Filha de D. Afonso Henriques e D. Mafalda. Afirma-se aliás no documento correspondente que o local onde o castelo foi construído se chamava anteriormente Abdegas. Por outro lado, no foral de Leiria (de 1142) era referida a designação Portus de Auren (Porto de Ourém) e referir-se-á a um curso de água, provavelmente a Ribeira de Seiça .

Mas a lenda conta-nos outra história: a “Lenda de Oureana” foi divulgada por Frei Bernardo de Brito na “Crónica da Ordem de Cister” (Livro VI, Cap. I). Assim conta-se que num ataque surpresa a Alcácer do Sal, no dia de São João de 1158, o cristão Gonçalo Hermigues, com alguns companheiros, raptou uma princesa moura chamada Fátima e trouxe-a para o lugar na Serra de Aire que depois se veio a chamar pelo nome da princesa. Mais tarde, no seu cativeiro, a moura apaixonou-se pelo cristão e resolveu baptizar-se para poder casar com o seu amado. Para seu nome de baptismo escolheu Oureana. Daqui, segundo a lenda, teria tido origem o nome da vila de Ourém.

A Quinta da Alcaidaria-Mór recebe-me com uma alameda frondosa e ao chegar ao pátio principal sou surpreendido: a beleza do seu edifício principal, a curiosidade pela pequena capela à nossa esquerda ou a convidativa piscina defronte. A tarde ia avançada, senão….

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Quinta da Alcaidaria-Mór – Edificio principal

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Quinta da Alcaidaria-Mór – alameda de entrada

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pátio exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – Piscina

Consegui também ver, desde logo, que as antigas instalações dedicadas à faina agrícola estão agora bem aproveitadas para a finalidade turística que até aqui nos conduziu. Sendo esta uma das primeiras unidades de turismo de turismo de habitação no País e a primeira na região centro, está aberta ao público desde 1984.

A história da Quinta cruza-se com a história da região. E esta claramente com a de Portugal. Conta-se que aqui, na capela, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira terá ajoelhado e pedido a protecção divina a Santa Luzia, quando a caminho de Aljubarrota. Em 1385…

A propriedade está na posse da família de Nuno Vasconcelos – que tão bem nos acolheu, mostrando os mais pequenos recantos, contando a história e referindo também os seus projectos – desde o Séc XIX, quando o seu antepassado foi agraciado com o título de 1º Barão de Alvaiázere pela excelência da assistência médica prestada a El-Rei D. João VI, inclusivamente acompanhando-o no exílio brasileiro devido às invasões napoleónicas.

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

É no edifício principal que ficam os quartos principais, bem como a magnífica e imponente Sala de Jantar. As escadarias, as paredes que exibem a pedra que lhes dá forma, os recantos, os tectos em madeira, as óbvias referências monárquicas e à Casa de Malta, tudo contribui para a extraordinária beleza do edifício e para o ambiente que, apesar de impregnado de História, não deixa de ser acolhedor. Muito acolhedor mesmo.

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior – recepção

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior – sala de jantar

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Quinta da Alcaidaria-Mór – interior

Ao lado, nas antigas instalações agrícolas, fica uma esplêndida sala de convívio e lazer, bem como alguns apartamentos que garantem aos seus ocupantes a tranquilidade tão ansiada por quem aqui resolva passar uns dias. E ainda há espaço e edificação para crescer. Um pouco acima, um pavilhão que permite assegurar a realização de alguns eventos contribui para aumentar a polivalência e a pluralidade da oferta.

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Quinta da Alcaidaria-Mór – sala de convívio

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Quinta da Alcaidaria-Mór – sala de convívio

E tudo isto, rodeado de um bucólico ambiente campestre que a extensão da Quinta garante, onde predomina o verde e impera a frescura.

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Quinta da Alcaidaria-Mór -apartamento exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – apartamento exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

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Quinta da Alcaidaria-Mór – pormenor do exterior

Se o objectivo for aproveitar uns dias para um repouso absoluto, num ambiente de grande tranquilidade, rodeados de História e de histórias, com o máximo conforto e requinte, então a Quinta da Alcaidaria-Mór cumpre todos estes requisitos. Até porque merece que a estadia se prolongue para se poder absorver todo o ambiente que a rodeia. E, como a crónica tenta demonstrar, a zona que a rodeia merece incontestavelmente uma visita detalhada.

Toda a história na crónica Certo, certo…é o tempo incerto!

P’rós Amigos!

O Viagens ao Virar da Esquina convida os seus amigos e seguidores para viajar consigo no tempo conhecendo a historia e estórias únicas e identitárias dos Solares de Portugal, verdadeiros guardiões do Turismo de Habitação e do TER (Turismo no Espaço Rural) em Portugal.

Ver como em P´rós Amigos!

Brotas – o segredo escondido do Alentejo!

Fui até Brotas à descoberta de uma lenda e de um milagre que deu origem a um culto secular.

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Cedinho e céu cinzento. Olhei lá para fora e ….borrasca anunciada! A previsão meteorológica dizia o mesmo. Pouco animador para quem se ia lançar à estrada… Mas, motard que é motard, é de aço…preferencialmente inoxidável! A rota traçada e os compromissos assumidos mandavam avançar. Assim foi!

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O destino da jornada era Brotas. E quase sempre que o referia, alguém perguntava “Brotas? Onde fica isso?…”

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Trata-se de uma pequena aldeia (pouco mais de 200 habitantes), freguesia actual do concelho de Mora e integrava o antigo concelho das Águias que teve foral no séc XVI (1520). Terras antigas, portanto… Mas, igualmente importante (para a terra e para esta história) o facto de ficar situada entre Mora e Montemor-o-Novo, em plena Estrada Nacional 2, a meia dúzia de quilómetros do Ciborro e do marco 500 dessa estrada.

Quando pela primeira vez me referiram que Brotas tinha uma história interessante e pouco conhecida fiquei surpreendido. Tinha lá passado há um ano atrás, durante a viagem pela EN2. E, se me recordava bem disso (com fotos alusivas e tudo)…já a existência de um Santuário e ainda por cima antiquíssimo, tinha-me escapado completamente. Falta a que importava pôr cobro.

E se a história é interessante!!!

Referir ainda que o alojamento que me esperava – as Casas de Romaria – está profundamente ligado a toda a história do local. Porque é o próprio local!

Literalmente iria estar imerso na história do Santuário de Nª Srª de Brotas, no seu culto centenário e na forma como o mesmo se expandiu.

A viagem – de Lisboa ao Fluviário

A viagem começou enevoada e a prever rega lá mais para a frente.

A primeira paragem foi em Coruche. Uma visita prometida a um amigo e uma constatação…acho que nunca lá tinha entrado. Uma falta a remediar um destes dias.

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Olá, cafézinho, meia de conversa, um abraço…e ala que se faz tarde! O resto da conversa seria mais tarde…lá para o jantar…

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Segui a EN251 e cheguei ao Couço. Sem paragem, apenas uma volta pela vila e depois rumo a Montargil.

O Alentejo é assim…

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O destino era a barragem e rever a vila que lhe dá nome. Situada no cimo de uns montes fronteiros à albufeira, deveria ter uma vista interessante….deveria, mas não tem. Fica uma sugestão…façam um miradouro com uma vista bonita, promovam e, se calhar, o comércio local agradece. E os viajantes também!

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Ainda assim, houve espaço para algumas fotos para registar o momento. Também junto à albufeira e ao paredão.

Depois, rumo a Mora. Pela EN2, que iria ser uma constante nestes dias, pois por diversas vezes a cruzei ou percorri.

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Mas um pouco antes de lá chegar, viragem à esquerda, em direcção ao Fluviário e ao Parque Ecológico do Gameiro (para lá de muito bonito, vim depois a saber que é um paraíso para a pesca de rio, inclusivamente com competições internacionais).

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Fluviário de Mora

Fica em Mora, perto de Cabeção e integrado no Parque Ecológico do Gameiro. Que tem uma riqueza paisagística e natural extraordinária. A merecer uma visita mais detalhada por si só.

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O Fluviário é um aquário público, dedicado aos ecossistemas de água doce, ao seu estudo e à importância que têm no que se refere à preservação da biodiversidade.

É constituído por um conjunto de aquários e espaços envolventes e permite a observação de diferentes espécies de fauna e flora oriundas de rios e lagos. Através da exposição de habitats do percurso de um rio – paradigma de um rio Ibérico – desde a nascente até à foz, é possível conhecer diversas espécies dos rios de Portugal, entre elas, alguns endémicas da Penísnsula Ibérica. Já na galeria de habitats exóticos, é possível conhecer espécies da bacia hidrográfica do rio Amazonas (uma anaconda!), dos Grandes Lagos Africanos do Vale do Rift, entre outras.

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O Fluviário de Mora é, pelas suas características de frescura e calma, um excelente intervalo para uma jornada na estrada.

A viagem – continuação – do Fluviário até Brotas

Continuei. Primeiro por uma estrada municipal e depois pela N251.

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Passei Pavia, onde percorri algumas ruas do seu centro, uma vila tipicamente alentejana onde predomina de forma absoluta o branco das paredes das suas casas térreas.

Depois, segui pela N370 até Arraiolos.

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Famosa pela sua indústria dos tapetes – a rotunda por onde entrámos mostra claramente essa influência – o objecto de visita foi o Castelo. Bem original pela sua planta circular.

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Dele se tem uma vista sobre o casario da vila. Constatar também que o estado de conservação não é o melhor, estando algo degradado nuns pontos e pouco cuidado no geral. Talvez isso e alguma imperícia própria e deu-se o único percalço da viagem. Condutor e mota foram parar ao chão. Sem danos de monta, felizmente. Como se costuma dizer, quem anda à chuva molha-se. O que no caso, era bem verdade: no caso figurado e também literalmente!

A disposição para visita mais detalhada reduziu-se significativamente. Uma volta pelas ruas mais centrais e segui caminho, até porque o objectivo era chegar a Brotas ainda relativamente cedo para logo conhecer o mistério do culto da Nª Srª de Brotas.

Ainda antes, por uma estrada municipal que me levaria novamente até à EN2, passei S.Pedro da Gafanhoeira e S. Geraldo. Já na nossa estrada, meia dúzia de quilómetros e estava no famoso quilómetro 500 da EN2! No Ciborro.

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Tiradas as fotos da praxe, mais uns poucos minutos de estrada, e a jornada estava concluída, por agora.

Cheguei a Brotas.

E a primeira constatação é que neste ponto a estrada é bem estreita uma vez que se faz em circulação alternada (por semáforos). Vim depois a saber que a estrada, quando foi construída, rasgou a povoação ao meio a ponto de algumas casas terem sido destruídas para a passagem da via. Conhecendo depois um pouco da história da aldeia e o seu desenvolvimento, fácil se torna perceber que a actual morfologia é bastante diversa daquela original e posterior ao desenvolvimento da povoação em função do Santuário. Já lá vamos…

Brotas – a História

O local hoje chamado de Brotas pertencia aos domínios da vila de Águias que foi sede de concelho a partir de 1520. Todavia, nesta altura já teriam ocorridos os “factos” que levaram ao posterior desenvolvimento de Brotas e à decadência de Águias.

A morfologia do terreno é importante. Assim, estamos perante um pequeno vale bastante cavado e com paredes íngremes (embora não muito altas), quase uma espécie de buraco. Pois foi precisamente aí que nos principios dos anos de 1400, um pastor pastoreava a sua vaca. Este animal era precioso porque assegurava o sustento do pastro e dos que lhe eram próximos. Todavia, a dada altura o animal precipitou-se pelo barranco e veio cair na parte mais baixa do tal vale. Partiu uma pata que teria que ser cortada e certamente provocaria a sua morte. E com ela, a vida já miserável do pobre pastor acabar-se-ia! Face a tal desdita, prostrou-se e implorou pela salvação.

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E então dá-se o milagre. Nª Senhora aparece aos olhos do pastor e face ao desespero e aflição do mesmo, logo ali amputa o seu braço direito que substitui o membro aleijado da vaca. Esta recompõe-se e recupera salvando a vida e o sustento do pastor e dos seus. Neste momento nasce a devoção a Nª Srª, a partir daqui chamada de Brotas e que em todas as representações se apresenta sem o braço direito.

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É erguida em data anterior a 1424 uma ermida em sua honra, culto que se acentuou posteriormente determinando a ampliação do templo original e a criação de um núcleo urbano adjacente, dando origem ao Santuário de Nossa Senhora das Brotas. O declínio da vila das Águias ocorreu progressivamente, à medida que o lugar de Brotas se ia tornando uma povoação mais importante, levando a que, em 1535, o Cardeal-infante D. Afonso, Bispo de Évora, lhe concedesse independência eclesiástica, transferindo a sede paroquial de Águias para Brotas.

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Em frente ao templo estende-se a Rua da Igreja, cujas edificações de dois pisos foram erguidas como hospedaria para as várias confrarias de fiéis. Muitas dessas casas – Casas de Confraria – ainda hoje apresentam as lápides das confrarias respetivas (como a de Setúbal, Mora, Lavre, Cabeção ou Cabrela). E, recordando o que atrás foi dito sobre a morfologia do terreno, a rua principal, a Rua da Igreja, desagua o pequeno largo onde está situado o Santuário, ficando o casario como se de um anfiteatro natural se tratasse.

Esta é a parte da aldeia a que o povo chama de “Aldeia Velha”. A partir da primeira Guerra Mundial, os proprietários de uma herdade fronteira à “Aldeia Velha”, formaram uma outra aldeia a que os moradores chamaram de “Aldeia Nova”.

O Concelho das Águias ou Brotas foi extinto em 1834 e anexado ao de Mora. Quando o de Mora foi extinto em 1855, Brotas passou para o de Montemor-o-Novo, onde se manteve até 1861, ano em que o Concelho de Mora foi restaurado.

Com os Descobrimentos nos finais do século XV e nos seguintes que originaram a diáspora portuguesa, naturalmente que o culto também foi levado para além mar. Há registos da sua prática na Índia (inclusivamente existe uma imagem proveniente da Índia no Santuário) e em diversos locais do Brasil.

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Mais recentemente, dois factos – ou milagres – que revela a protecção que os crentes acreditam existir relativamente à sua terra: nos dois conflitos armados onde homens de Brotas se fizeram militares durante o Séc. XX – 1ª Grande Guerra e Guerra do Ultramar – nenhum por lá ficou. Todos regressaram a salvo e apenas no primeiro conflito um regressou ligeiramente ferido. E este facto/milagre é motivo também para a sua referência em pleno Santuário de Nª Srª de Brotas.

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De referir ainda a riqueza interior do Santuário, nomeadamente a sua azulejaria:

Brotas e as Casas de Romaria

Referi acima que do Santuário sai a Rua da Igreja. Nela se situam a maioria das Casas de Confraria. Estas casas, em que cada uma leva o nome da origem das confrarias de devotos, serviam para albergar os romeiros que vinham prestar culto à Santa.

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Os tempos eram outros e as deslocações faziam-se muito lentamente. De Setúbal por exemplo, media-se em vários dias o tempo de caminhada. Por isso, também quando chegavam, para lá do descanso necessário, também o culto se prolongava. E era nestas casas que os romeiros se alojavam. Vinham por confraria e quando uma abalava, logo outra vinha ocupar o seu lugar e as casas.

As Casas de Romaria são uma unidade de Turismo em Espaço Rural que através da recuperação de 6 destas Casas de Confraria permite aos seus visitantes usufruirem em simultâneo dos confortos da vida moderna mas instalados em habitações com 600 anos de história. Casas tipicamente alentejanas, de branco caiadas e com as suas riscas coloridas, que mantém a traça original e estão decoradas de forma singela com os artefactos típicos que ilustram a vida nesta região.

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Ficar numa destas casa – no caso, a da Confraria de Palmela – é partilhar com o conforto do Séc. XXI, a vivência histórica de uma profunda devoção hexacentenária!

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E à noite, é mágico escutar o silêncio dos campos que nos rodeiam!

À descoberta de Mora

Entretanto, aproximava-se o final do dia. E o jantar em Mora, que tinha ficado alinhavado em Coruche ao início do dia, confirmou-se.

Na Africa Twin, fiel companheira de viagem sempre pronta, agora aligeirada das bagagens, lá percorri a dúzia de quilómetros que separam Brotas da sede de Concelho. Entretanto, se durante o dia apenas tinham ocorrido alguns pequenos períodos de chuviscos, agora a coisa estava mais intensa. Mal sabia eu que dali para a frente, nesta viagem, isso seria uma constante.

Em Mora, o meu anfitrião e amigo, proporcionou-me uma visita guiada pela vila e arredores, tendo ficado na retina (e nas fotografias) a curiosidade do Cromeleque de Mora (ou Cromeleque do Monte das Fontaínhas) que atesta a ancestralidade do povoamento desta região e cujo património megalítico deu origem ao respectivo Museu que se localiza precisamente nesta vila.

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Também o Açude na Ribeira da Raia e que está na origem da Pista Internacional de Pesca Desportiva, importante factor de desenvolvimento económico pelas competições que permite e pelo renome internacional.

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Quanto ao jantar….pois fica a recomendação: Solar dos Lilases (será conveniente uma marcação prévia) é um local a repetir. Pela simpatia com que fomos recebidos e também pela excelência do que comemos: lagartos de porto preto com migas de espargos (que estavam de comer e chorar por mais…)!

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E era tempo de finalmente regressar a casa na verdadeira acepção da palavra pois de uma Casa de Confraria (a de Palmela) se tratava – para uma noite descansada, uma vez que no dia seguinte a viagem continuava.

Começar o dia em Brotas

Acordei cedo como habitualmente, e ainda não se via vivalma nas ruas (nesta parte da povoação, onde quase ninguém mora) já eu andava a completar o acervo fotográfico.

Foi quando me cruzei com um jovem caminhante com os seus batons de marcha que saía de uma outra Casa de Confraria. Imagem curiosa e inesperada. Mas algo familiar…

Pouco depois, encontrámo-nos no pequeno-almoço. Tratava-se afinal do Afonso Reis Cabral, herói caminhante, que andava a percorrer a EN2 a pé e ao mesmo tempo deliciando-nos com o seu relato diário de viagem na página de Facebook (que eu aliás vinha seguindo).  A jornada tinha começado havia cerca de 2 semanas atrás em Chaves, neste dia a meta seria Montemor-o-Novo e iria chegar a Faro cerca de uma semana depois. É obra! A sua simpatia, a coragem para realizar uma empreitada destas ainda por cima desafiando os elementos pois quer a chuva deste mesmo dia (e de outros) quer alguns dias de calor algo exagerado para a época não lhe facilitaram a tarefa. Mas, e pelas suas crónicas isso foi sendo evidente, uma verdadeira experiência de vida e principalmente de contacto humano com todos aqueles com que se foi cruzando. E o seu talento para a escrita que nos fez acompanhá-lo com redobrado interesse. Acreditem…é um nome a reter! E fica a sugestão, vão ao Facebook e revejam as crónicas do Afonso. Vale a pena!

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Agora uma referência muito especial. Os meus anfitriões nas Casas de Romaria, a Maria e o Pedro, genuinamente simpáticos e verdadeiramente apaixonados pela sua terra – e isso foi por demais evidente na visita em que a Maria me levou a conhecer o santuário e os seus recantos, todos com alguma história para contar, a lenda do milagre de Nª Srª de Brotas, as Casas de Confraria que com muito trabalho e bom gosto têm vindo a recuperar e também as ruas da Aldeia Velha, tudo temperado com o profundo conhecimento das suas raízes – acolheram-me da mesma forma como quem recebe em sua casa um amigo de longa data. O quase imediato tratamento por tu foi sinónimo disso mesmo: estava ali como amigo! E é tão bom ser assim recebido…

O regresso à estrada

A viagem continuava. Debaixo de uma morrinha irritante lá me fiz à estrada rumo a Mora novamente. Percorridos 3 ou 4 quilómetros, vislumbro uma pesoa que caminhava na estrada. Afinal iria cruzar-me novamente com o Afonso. No dia anterior tinha concluido a sua caminhada no quilómetro 480 da EN2 (entre Mora e Brotas) pelo que foi ali que reeniciou o percurso. O rigor nestas coisas é importante! Desejámos boa viagem mútua. Ele rumo a Sul. Eu a Norte, até Mora, para depois virar a nascente que o destino do dia era próximo de Espanha.  Mas essa é a próxima crónica….

Agradecimentos

Nesta viagem utilizei uma Honda Africa Twin DCT gentilmente cedida pela Honda Portugal e cuja análise está publicada aqui.

O alojamento nas Casas de Romaria foi uma cortesia dos Solares de Portugal, que me acompanham neste projecto de dar a conhecer o nosso País visitando o património arquitectónico e histórico destes solares e mansões familiares.

Ao meu Amigo Aires Pereira, que me motivou a começar a escrever sobre viagens de moto e continua a incentivar e apoiar. E o jantar foi fantástico…!

P’rós Amigos

Disclaimer

A partir de hoje (21.05.2019) e durante os próximos 30 dias, os Solares de Portugal oferecem um desconto de 10% nas reservas efectuadas para este destino, sendo que nesse acto deverá ser indicada a referência 6F0BD582 e mencionar que a casa visitada foi a Casas de Romaria em Brotas.

Este desconto não é acumulativo com campanhas em vigor e a reserva da estadia terá que ser feita através da CENTER promo@center.pt e tel 258 743965 e não directamente à casa.

Outros benefícios podem ser consultados na página P’rós Amigos!

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