Duelo de irmãs ao sol da Arrábida…e arredores!

BMW F850GS vs BMW R1250GS
Aproveitar o bom tempo para ver onde acaba uma e começa a outra. Será que são complementares ou concorrentes?

BMW R1250GS vs BMWF850GS

A rainha das trails versus a sua irmã mais pequena

Contacto ocasional com a Caetano Baviera abriu a oportunidade para uma abordagem diferente.

Em vez de uma experiência de condução com uma moto específica, porque não lançar o desafio de comparar a rainha de vendas do segmento trail – a BMW R1250 GS, recém chegada ao mercado depois da última evolução que para lá do aumento de cilindrada se traduziu na introdução de um conjunto de melhorias que provam que mesmo num produto com ampla aceitação e inegável qualidade é possível sempre continuar a busca pela perfeição – com a sua irmã “mais pequena” – a F850 GS, cuja última versão também é recente e que é quase uma moto totalmente nova face à sua antecessora, também neste caso com um aumento de cilindrada mas em que a mudança foi muito mais além.

Desafio lançado e a Caetano Baviera BMW Motorrad simpaticamente correspondeu!

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Estavam portanto lançados os dados para mais uma experiência de condução das Viagens ao Virar da Esquina!

O mote lançado foi: será que onde uma acaba, a outra começa?

Porquê? Fará a questão algum sentido? Explico…

Qualquer marca (no mundo das motos ou em qualquer outro domínio) deve saber claramente a quem se dirigem os seus produtos. Quais as necessidades dos potenciais Clientes e como podem as mesmas ser satisfeitas. E, se acrescentarmos alguma dose de génio ao processo, conseguir saber quais as necessidades mesmo antes de os Clientes e o próprio mercado delas terem consciência (os apelidos Gates ou Jobs dizem-vos algo?).

Identificadas estas, porque diferentes de individuo para individuo (mas não tão diversas assim) é fundamental agrupá-las de modo a que um mesmo produto possa ir de encontro ao maior número possível de destinatários (chama-se a isto segmentar o mercado e a óbvia vantagem é poder massificar a produção tornando-a o mais acessível possível). Criados os segmentos, identificadas as características dominantes do produto, é altura de lançar a produção e fazer o teste derradeiro: a aceitação (ou não) do mercado.

Feito este arrazoado (deformação profissional, desculpem-me!) explica-se a pergunta que atrás serviu de mote. Será que o Cliente típico da 1250 é totalmente diferente do da 850? A resposta é relativamente fácil. E será que os produtos – a 1250 e a 850 – são totalmente diferentes…ou pelo contrário existem muitos pontos de intersecção?

Esta a questão a que tentarei dar resposta através da experiência de condução dos dois modelos, em dois dias consecutivos em que cada um foi dedicado a um deles. Também o percurso escolhido, similar para ambos, procurou avaliar as motos na suas diferentes vertentes de utilização: cidade e dia-a-dia, auto-estrada e estradas rápidas, estrada de montanha sinuosa e também um cheirinho de todo o terreno (apenas estradão que as competências do escriba são modestas neste domínio…mas aqui uma das grandes surpresas! Já lá iremos…).

Começámos com a 1250 e no dia seguinte a 850. Os caminhos escolhidos, para lá da cidade de Lisboa e arredores, passaram pela A2, pela praias da zona da Lagoa de Albufeira e Meco até ao Cabo Espichel. Depois Sesimbra a caminho da Arrábida onde nos deleitámos nas maravilhosas estradas desta serra. Finalmente, o regresso à base.

Na cidade e no dia-a-dia

Comecei com a 1250.

Tinha previsto fazer ao contrário: primeiro a mais pequena e depois a “mana grande”. Numa perspectiva de ir de menos a mais até porque tinha algum receio de, se fizesse ao contrário, poderia sentir alguma “desilusão” com a 850. Mas, por conveniência de momento, acabei mesmo por começar com a 1250.

A moto impõe respeito. Por duas razões: a dimensão (a mota é grande, naturalmente) e o facto de ser a rainha do mercado! Ainda por cima recém melhorada. O top das trails. A versão que me foi confiada foi a HP. E a mota é verdadeiramente bonita! Não foi amor à primeira vista (já não tenho idade para essas coisas…) mas nunca deveremos omitir e deixar de realçar a beleza. Mesmo sendo um conceito discutível… Deixando as emoções de parte, a análise será o mais imparcial possível, como é óbvio.

Feito o primeiro contacto à moto, às suas características e modus operandi, comecei e… três coisas ressaltam desde logo: o excelente “encaixe” na moto (banco na posição mais elevada para o meu 1,82m) com uma correcta ergonomia dos punhos e todos os comandos disponíveis, um painel de bordo, melhor dito um ecrã de 6,5” excelente – visibilidade impecável em qualquer situação de iluminação, informação excelentemente distribuída, menus facilmente acessíveis a partir do punho esquerdo e …bonito! – e uma sensação de leveza na condução surpreendente para a envergadura da moto. A adaptação foi quase imediata. Comecei aqui a perceber a razão do sucesso…

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A condução no trânsito citadino matinal é fácil (convém ter cuidado que o ponto mais largo são as cabeças dos cilindros opostos, localização pouco habitual para quem não conduz estas motos) e convém realçar que não tinha atrás o kit de malas (que impõe outros cuidados). A moto conduz-se com muita facilidade – será que aqui fica bem o conceito de flexibilidade? Parece que ondeia à medida que vamos ultrapassando os infelizes enlatados enfileirados – e convém não esquecer: são 136cv no punho direito com um binário de 143Nm; esta é uma moto a sério! E a resposta é a condizer.

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A moto estava equipada com os diferentes modos de condução que podem ser alterados em andamento através de um botão no punho direito: Rain (que não experimentei), Road, Dynamic Pro e Enduro Pro. Em cidade rodei sempre no modo Road, o mais adequado à partida (embora nalgumas zonas se calhar o Enduro Pro faria sentido, face ao estado em que algumas vias estão. Mas essa é outra conversa…).

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No segundo dia, aguardava-me a 850. A versão destinada foi a Rallye e a sua decoração muito semelhante à da “mana grande”: tricolor azul, branco e vermelho com jantes douradas. Coerente!

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Obviamente bonita para mim (já referi antes que gosto desta escolha cromática mas aceito qualquer outra opinião…), a primeira impressão foi que também aos comandos as parecenças são grandes. Pela ergonomia perfeita (os comandos dos punhos são iguais) e pelo ecrã igual. Acho que outras marcas deveriam dar uma vista de olhos neste ecrã. Já o banco me pareceu ligeiramente baixo mas a polivalência tem o seu preço (provavelmente escolheria um um pouco mais alto…mas como se verá adiante, foi pormenor rapidamente esquecido). Quanto ao tamanho, naturalmente mais pequena que a antecessora. Diria que uma moto, à partida, muito adequada para o dia-a-dia.

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A primeira impressão não foi extraordinária. Leveza na condução, verdadeiramente fácil a adaptação, boa maneabilidade sem dúvida, agradável mas…faltava ali alguma coisa. Seria potência? Os 95cv não são assim tão poucos. Nem os 92Nm. A ideia que depois confirmaria de certo modo é que o motor parece “pouco cheio”. É linear no subir de rotação e talvez lhe falte um pouquinho de alma a baixas rotações. Adiante…

A moto tinha dois modos de condução: Rain e Road. Obviamente foi este o escolhido para toda a jornada.

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A circulação nas vias atascadas da capital é fluída, natural, despachada, muito fácil. A moto corresponde perfeitamente.

Uma nota sobre uma característica comum a ambas as motos: o sistema keyless! Levamos a chave no bolso. Quando chegamos à moto é só dar ao botão. Afastamo-nos e está em segurança. Extremamente prático, confortável, conveniente. Não é original mas é muito bom!

Outra característica comum (e, em geral a todas as trails): a condução em cidade é muito facilitada e mais segura porque conseguimos ver por cima dos tejadilhos dos automóveis e antecipar o que vai acontecer lá mais à frente. Também os espelhos passam por cima dos dos automóveis o que facilita imenso mas, cuidado…estão mesmo à altura dos das Transits desta vida!

Auto estrada e estradas rápidas (ou não…)

De novo na 1250!

Saí rumo a Sul. Ponte 25 de Abril e a dúzia de quilómetros até à saída para Sesimbra. Aqui, estrada nacional sem grandes constrangimentos, piso bom, em ritmo rápido (e modo Road) até à Lagoa de Albufeira.

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Duas referências que confirmaria ao longo do dia: a primeira para a protecção aerodinâmica. Ecrã na posição mais elevada (regulação manual muito fácil) e apenas a sentir algum fluxo de ar (um ligeiro turbilhão e não propriamente o ar a fluir) na zona do peito. Muito confortável mesmo a velocidades um pouco mais elevadas… E esta é outra nota: a moto acede com toda a naturalidade a velocidades de cruzeiro acima do legal. Se não olharmos para o velocímetro somos frequentemente surpreendidos! E confirmei isto em todos os terrenos pisados!

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O dia estava óptimo e a quantidade de gente na praia sugeria que se calhar…. Fotos tiradas e regresso ao caminho. Deixe-mo-nos de tentações! Até porque a companhia merecia toda a minha atenção!

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Da Lagoa até Alfarim, nada a apontar mas quando inflecti para as praias e a qualidade do asfalto se degradou substancialmente a primeira nota de destaque negativa. No modo Road transmitia uma sensação de estar a navegar ao sabor das ondas, algo ondulante (pouco confortável e a tirar confiança). Mais tarde passei para o modo Enduro Pro e melhorou substancialmente.

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Mais umas fotos agora na Praia das Bicas, que isto também requer algum sentido estético e segui viagem…por outro pisos!

24 horas depois, repeti o trajecto, agora com a F850GS.

Naturalmente as sensações foram completamente diferentes. E o primeiro destaque, neste caso negativo: a protecção aerodinâmica que elogiei na 1250 é aqui quase inexistente. De facto esta versão tem um ecrã reduzido e a velocidades acima de 100km/h é desagradável. A 120 então….

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Soube depois, que noutras versões existe um ecrã um pouco maior e que, melhor, tem duas posições de altura, que acredito quase resolverem esta situação.

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Em andamento, a moto sobe de rotação e velocidade com toda a naturalidade, muito disponível e dar a entender que são possíveis ritmos de viagem bem interessantes.

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Quando cheguei ao piso degradado, uma agradável surpresa. Nada de parecer um “barco”. Pelo contrário, absorvia naturalmente as irregularidades do asfalto, transmitindo segurança e até algum conforto (o possível nas circunstâncias).

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E aqui comecei a mudar a minha opinião! Esta moto tinha qualquer coisa…. Acho que duas palavras viriam a resumir esta impressão: confiança e divertida. Veremos adiante que era mesmo isto.

Em todo o terreno (mais ou menos…)

Novamente com a “big thing”

Saído da Praia das Bicas (não contem a ninguém…é segredo…uma das praias mais bonitas da zona a sul de Lisboa!) rumo ao Cabo Espichel passando pela Praia da Foz (selvagem e linda), o caminho passou a ser de terra batida. Estradão em bom estado e a permitir uma experiência de condução em terrenos que não me são familiares, por uma dúzia de quilómetros.

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Opção pelo modo Enduro Pro (que já vinha de trás) e vamos a isto. Com extremo cuidado, pois nem a perícia é muita nem a envergadura da moto recomendava afoiteza em excesso. Além de que a moto não era minha…se não gosto de estragar o que é meu, muito menos o alheio!

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E bem….a confiança que a moto transmite, absorvendo correctamente todas as imperfeições do terreno (garanto, melhor do em qualquer dos modos de condução no anterior alcatrão degradado), com uma segurança na pilotagem quer sentado quer em pé (posição correctíssima) que me foi inspirando ao ponto de a certa altura já circular a velocidade pouco recomendável…que quando constatei, reduzi! Sem dúvida a BMW sabia por demais o que estava a fazer. Uma moto com este peso, envergadura significativa e a conduzir-se com uma facilidade e um prazer imenso, deixando uma nuvem de poeira para trás. Palavra muito positiva para a polivalência, pois se em estrada já tínhamos constatado a competência (conforto, rapidez, segurança) aqui ficou comprovado o excelente trabalho realizado.

Chegado ao Cabo Espichel, algumas fotos e rumo à Arrábida com uma breve passagem por Sesimbra, agora já só por alcatrão.

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Depois da boa experiência da véspera era a vez da 850!

E começa o divertimento!!!

A caminho da Praia da Foz (como no dia anterior) primeiro contacto com a terra! E que surpresa.

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A leveza da moto, a disponibilidade do motor, sem qualquer reacção brusca ao acelerador, inscrevendo-se com facilidade nas curvas, rapidamente se transformou no momento mais divertido do dia que depois se prolongou. Já lá irei.

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Se na 1250 sempre tive algum cuidado pelo tamanho e potência da moto e a perfeita consciência que qualquer reacção inesperada poderia dar azo a uma surpresa desagradável, com a 850 veio ao de cima a minha experiência em BTT. Em vez de dar ao pedal, aqui era só enrolar punho e desfrutar. Em pé ou sentado dei por mim a desfrutar imenso da condução da 850 neste piso. Será por se chamar Rallye?

De tal forma assim foi que, depois da visita ao Cabo Espichel e até Sesimbra, dei por mim a procurar estradas laterais em terra por onde pudesse continuar a diversão. O que aconteceu na zona da Serra da Azóia. Soube depois que poderia ter explorado um pouco mais porque há por ali umas praias escondidas… Mas uma coisa foi certa: o divertimento continuou!

Cheguei a Sesimbra e desta vez resolvi parar. Tempo para recuperar forças, alimentar e lavar as vistas. Dia espectacular, demasiado quente para quem tinha que andar a fazer quilómetros, mais a convidar à praia…mas tão divertido até aqui!

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A 850 estava claramente a cativar-me.

Pelas curvas e contra curvas da Arrábida

Aos comandos da 1250, a aproximação à Arrábida feita por Aldeia de Irmãos (nome curioso…), era tempo de começar a explorar outro modo de condução: o Dynamic Pro. Suspensões mais rígidas, resposta do motor mais rápida, nitidamente outro aprumo na condução. Comparei com o Road e a diferença sente-se. Como era natural que acontecesse! Afinal está lá para isso…

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A característica que realça já a mencionei atrás. Em nenhum momento temos qualquer sensação mais negativa devido à dimensão da moto. Pelo contrário. O bom conhecimento da estrada levou-me a ensaiar um ritmo nalguns pontos, mais elevado que o que seria normal (sem exageros…). Não era nitidamente ritmo de passeio…mas fiquem a saber, quer num dia quer noutro, aquela paisagem estava verdadeiramente deslumbrante!

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A moto, fruto certamente da sua geometria e do baixo centro e gravidade, inscreve-se nas curvas com uma leveza extraordinária que contrasta com a explosão (perfeitamente controlada!) à saída da curva em que o binário mais que mostrar presença, diz-nos claramente para que serve.

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Um deleite puro!

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E não tenho dúvidas que, com tal conforto e segurança, poucas “R” conseguiriam mostrar tal nível de serviço. Terão outros predicados, como é óbvio. Mas neste patamar, do utilizador comum, sem especiais dotes “artísticos”, que quer um veículo para viajar e desfrutar, tirando prazer quer dos locais por onde passa quer da condução, sempre confortável e seguro, a R1250 GS cumpre o seu papel na perfeição.

Afinal, para quem acredita na realidade e poder do mercado, a prova está dada. Por alguma razão, nas suas sucessivas evoluções, é há 20 anos a referência do segmento (ainda voltarei a este termo) e líder de vendas.

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No dia seguinte, e depois de alguns quilómetros divertidíssimos, era tempo de repetir a Arrábida.

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Sensações muito diferentes relativamente à véspera. O que antes era potência e binário, ritmo quase a roçar o vertiginoso, aqui…suavidade e um aprumo notável a fluir de uma direita para uma esquerda e vice-versa. Parece-me que o termo correcto é precisamente esse: fluir. Saímos de uma curva com toda a naturalidade a preparar já a trajectória para a próxima, sem sobressaltos nem qualquer desconfiança. Nas pequenas rectas…o punho enrola e a resposta está lá para alcançar a velocidade que na curva seguinte nos vai obrigar a utilizar o travão, sempre sem comprometer nem de qualquer forma assustar.

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É evidente que a forma de conduzir uma e outra neste ambiente, não é o mesmo. Pelas diferenças de dimensões, potência e geometria das motos. Na 1250, reservava o travão dianteiro para alguma correcção mais rápida e de pormenor, mas a entrada na curva era feita com o travão traseiro. Entrada controlada na trajectória, moto estabilizada e progressivamente acelerar aliviando o pé direito. Comportamento fantástico. Equilibrado e rápido. A posição de condução perfeita para este exercício diga-se.

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Já na 850, talvez por menor binário o exercício não resultava tão bem. A inserção em curva feita da mesma forma, mas mais em cima e com algum apoio do travão dianteiro e depois uma saída com um enrolar de punho mais entusiasta. Condução um pouquinho mais brusca, talvez. Mas atenção… foi a minha forma de entender a condução de ambas as motos…não necessariamente a única, nem sequer eventualmente a mais adequada, admito. Cada um dança a música tal como a sente…

E em momento algum, a 850 me desiludiu neste ambiente. O que a 1250 tem em poder, esta tem em leveza e isso, inclinando para a direita e depois para esquerda, sente-se principalmente na inserção do corpo na moto. Balançamos como se fossemos só um. Já vos tinha dito que esta moto é mesmo divertida?

Notas finais

Para lá do que já foi dito ao longo do texto, há alguns pontos a realçar para finalmente procurar a resposta à questão inicial.

O consumo! Uma verdadeira surpresa. Acredito que, em ritmo mototurístico (que será sempre bastante rápido) a 1250 apresente consumos na fronteira dos 5 litros/100, eventualmente poucas décimas acima. Notável para um motor com 136cv, um binário fantástico e pesada. Com pendura e carga, aproximar-se-á dos 6. Excelente na mesma.

Já a 850, em utilização normal em estrada, com cidade pelo meio, algo a rondar os 4 litros/100 é excelente. Mais uma vez, carregada poderá ultrapassar os 4,5 mas será certamente por pouco.

Não é certamente pelo consumo que estas motos, uma e outra, deixarão de recolher as simpatias do mercado.

Algo que tardo em perceber é a utilidade do quick shift nestas motos. Em competição é outra coisa, mas aqui? Principalmente quando temos que salvaguardar que nas mudanças mais baixas (até 3ª) temos que continuar a utilizar a manete esquerda. Ou seja, umas vezes sim…outras não. Experimentei para ver o seu funcionamento. E rapidamente uniformizei o procedimento…sempre com embraiagem.

E a propósito, por falar em caixas de velocidades, não daria nota máxima a qualquer uma delas. Obviamente que o maior grau de exigência vai para a 1250. Nunca chegando ao nível de “prego” mas nalguns momentos notei uma certa falta de rigor na engrenagem…algo “folgada”. Já na 850, notei algumas vezes uma certa imprecisão para achar o ponto morto. Todavia o engrenar da mudança pareceu-me mais rigoroso (com melhor encaixe…) o que resultava numa utilização mais agradável. Mas atenção, estamos a falar de pequenos detalhes em motos que estão a um nível muito alto, e portanto também com expectativas lá em cima. O que aqui parece “defeito”, em motos menos ambiciosas seria virtude…

Será que onde uma acaba, a outra começa?

É evidente que uma resposta rigorosa e literal seria sempre negativa. Porque nunca podemos dizer que uma moto “acaba”…ela servirá sempre para o seu dono cumprir os seus sonhos ou satisfazer as suas necessidades de deslocação, atendendo às respectivas capacidades. Se não vai mais depressa, vai mais devagar. Se vai menos confortável, fará menos quilómetros de cada vez. Mas irá e fará!

A questão coloca-se no plano que no inicio falei. São motos destinadas ou não a segmentos diferentes?

A resposta é clara: Sim!

A R1250GS é uma moto claramente vocacionada para as longas tiradas. Confortável, polivalente, rápida. Com potência e binário mais que suficiente para alcançar o outro lado do mundo! E sem massacrar o físico do seu feliz condutor.

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Na minha experiência fiz cerca de 240km. Com algum grau de exigência pois tentei diversos tipos de piso, algum empenho na condução, estradas reviradas e acima de tudo muita concentração para conseguir captar as sensações correctas. Cheguei ao final do dia (bastante quente por sinal) preparado para outros tantos…ou mais ainda. Diria que os 1000km que nos separam da Europa, são para fazer de uma só vez e “com uma perna às costas”.

E, será que não serve para o dia-a-dia? Claro que sim. A sua “leveza” e facilidade de condução traduzem-se numa agradável utilização quotidiana. E não será expectável que muitos consigam ter 2 motos na sua garagem… por isso, a polivalência da 1250 garante essa utilização sem qualquer constrangimento (nem sequer o consumo se ressente por aí além).

Coisa diferente é assumir que esta é uma boa moto para o dia-a-dia. E pode ser…pode ser… que um dia…até vá até ao deserto…nem que seja ali para os lados de Beja, por exemplo. Nesse caso diria, que desperdício.

Mas atenção! Quando se analisam os critérios que ponderam uma segmentação, o status pode ser um deles…e até nada despiciendo! Por isso vemos tantas GS “das grandes” com utilização quase exclusivamente citadina…

Até aqui a BMW sabe o que faz!

E quanto à 850?

Falei em divertimento mais que uma vez a propósito dela. É a minha melhor definição. Uma moto excelente para as viagens do quotidiano que cumpre confortavelmente e de forma económica todos os requisitos de quem a utiliza no seu dia-a-dia.

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E depois…ao fim de semana, vai curtir umas estradas – e uns caminhos, pois claro! – em viagens de curta duração. Diria que o limite da agradibilidade andará na casa dos 300/350km por dia. A partir dai, o corpo do condutor é capaz de começar a queixar-se…

Mas uma distância dessas cobre a quase totalidade do território nacional…e quantas vezes por ano o motociclista médio vai até paragens para lá da fronteira? Com etapas diárias a raiar os 500 ou mais quilómetros? É que ela também os faz. E ligeira…mas o nível de conforto não é comparável com a “mana maior”.

Pode ser ousadia dizê-lo (quem sou eu afinal?) mas…a BMW fez um excelente trabalho na segmentação do mercado, identificando os seus clientes alvo e dotando os seus produtos das características adequadas a cada perfil!

Há dúvidas? De certeza que não. Os resultados de vendas estão aí a prová-lo.

Outras marcas seguem estratégias diferentes, quer na concepção dos seus modelos (com segmentação parecida) quer na escolha de perfis de Clientes com outro tipo de anseios e portanto dotando as suas motos de características diferentes. É normal. É assim que funciona o mercado. Os volumes de negócio face às próprias expectativas identificam as mais bem sucedidas e as outras. Umas mais bem sucedidas, outras nem por isso. É a beleza da coisa….

Agradecimentos

A minha imensa gratidão vai para a Caetano Baviera BMW Motorrad que tão gentilmente correspondeu ao desafio, cedendo as duas motos que serviram para mais esta experiência de condução das Viagens ao Virar da Esquina. Muito obrigado!

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E quem sabe…algum novo desafio surge no futuro?

As principais protagonistas desta experiência foram, pois claro, as motos:

BMW R1250 GS HP (para os amigos e conhecidos, popularizada como a “GS”…o que diz muito)

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BMW F850 GS Rallye
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Borba – A filha alentejana de um deus menor

Casa do Terreiro do Poço

Situada em zona central de Borba, facilmente acessível a quem entra na cidade, a Casa do Terreiro do Poço viria revelar-se a enorme surpresa desta viagem.

Dista 3 km, se tanto, de Vila Viçosa. Se algum partido tira da proximidade, será também esse o seu sortilégio. Do esplendor da terra do Paço Ducal, dos jardins, do Castelo ou da Igreja da Padroeira de Portugal, a vizinha Borba ficou com a muito mais prosaica fama de terra produtora de bom vinho e da extração dos mármores cuja beleza do produto final se esbate quando vislumbramos as gigantescas escombreiras de pedra que resultam dos excedentes do  esventrar do solo e das imensas crateras cuja dimensão e profundidade apenas são perceptíveis em vista aérea.

Borba foi o destino desta jornada. E a Casa do Terreiro do Poço o nosso refúgio!

De volta à estrada

Mora já tinha ficado para trás (para perceber os antecedentes, ver aqui), Pavia foi rapidamente atravessada e segui viagem em direcção ao Vimieiro. Aí atravessei a EN4 e segui em direcção a Evoramonte. Estrada conhecida por recentemente a ter percorrido (ver aqui a crónica dessa viagem), bom piso e sem movimento.

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O dia começou molhado e assim prosseguiria até ao final. Por vezes uma aberta, outras vezes chuva mais persistente. Nada bom para quem queria voltar ao castelo de Evoramonte, altaneiro e imperial sobre a planície, e disfrutar da vista. O piso de calçada irregular e inclinada completamente molhado desaconselhou a visita. Ficou assim uma foto ao longe e desta vila histórica estavamos conversados.

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Redondo e uma história de cozinheiros. Depois, Alandroal.

Seguiu-se o Redondo. A chuva deu uma pequena trégua, suficiente para poder dar uma volta pelo centro da vila.

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Uma pequena paragem para reconfortar o estômago veio revelar-se fonte de uma curiosa história.

O jovem empregado de uma pastelaria, senhor de um característico e bem cantado sotaque alentejano, tinha acabado de ser eliminado de uma das fases do concurso Masterchef. Pelos vistos a sua sopa de tomate (um prato característico do Alentejo ao qual ele tinha dado o seu cunho pessoal, como bem o descreveu…e garanto que fiquei a salivar…) foi insuficiente face a outros “atributos” de algumas concorrentes. No fundo, deu para constatar na primeira pessoa que estes concursos são…pouco concursos! Simpático o rapaz, não viu o seu sonho seguir caminho mas estou certo que terá tirado a sua lição de vida. E se a paixão de cozinhar lá está, nada melhor que o Alentejo tradicional para lhe dar asas.

A viagem prosseguiu e a próxima paragem foi no Alandroal. Aqui debaixo de uma chuva miúda, persistente e muito irritante. O passeio pelo centro desta vila fundada no Séc XIII foi a pé. E incluiu a exploração do Castelo com a sua Torre de Menagem característica pois foi-lhe acrescentada a torre sineira da Igreja Matriz.

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A tender para o ensopado (prato típico alentejano mas que aqui tem um sentido bem mais concreto) segui viagem até à próxima paragem.

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A Sentinela do Guadiana

Juromenha impunha um regresso (e lá voltarei sempre que possível). A fortaleza em ruínas mas ainda imponente e magnífica, debruçada sobre um cotovelo do Guadiana tem algo de muito especial.

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A carga histórica de do outro lado estar Espanha…que por acaso até é Portugal (já contei essa história aqui), a beleza da paisagem e a própria estrutura fortificada tão mal estimada, fazem-me dedicar alguns momentos à contemplação. Aconteceu, até porque naquele momento não chovia.

A caminho de Vila Viçosa

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Antes de chegar ao final da etapa em Borba, e sendo ainda relativamente cedo porque os quilómetros não tinham sido muitos e as previstas visitas ou não aconteceram (Evoramonte) ou foram mais rápidas (Redondo, Alandroal e até Juromenha) por causa da teimosia do S. Pedro (que definitivamente cortou relações comigo!), resolvi antecipar a visita ao Paço Ducal de Vila Viçosa que tinha previsto para o dia seguinte. Até porque julguei acertadamente que dentro do Palácio não choveria. Nesta altura já tinha o fato bastante “pesado” embora no interior estivesse seco. Mas começava a incomodar e portanto nada como uma visita turística debaixo de telha.

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Percorri o Paço Ducal em excelente visita guiada. Muitos pormenores e uma revisão in loco de mais de metade da História de Portugal: a história da Casa de Bragança. Cuja sede foi, a partir do Séc XV, em Vila Viçosa, apelidada de Princesa do Alentejo. Duzentos anos antes de o então 8º Duque de Bragança ser aclamado Rei de Portugal na sequência da Restauração de 1640: D. João IV.

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Magnificamente preservado, com um espólio dos Séc. XVII e XVIII riquíssimo, o agora museu conserva a imponência dos seus tempos mais áureos. Merecem destaque a exposição de inúmeros quadros a aguarela ou pastel da autoria do Rei D. Carlos, que bem atestam a veia artística do nosso penúltimo Rei. Também as antigas cozinhas são memoráveis pela enorme bateria de cozinha toda em cobre. Para lá dos jardins cuidados que conseguímos vislumbrar, visitei ainda a secção do Museu Nacional dos Coches que está instalada nas antigas cocheiras, onde entre outras carruagens, se pode admirar o landau que transportava a Família Real no dia do regicídio.

Finalmente…Borba!

Feita a meia dúzia de quilómetros que por estrada me separava de Borba e estando o meu anfitrião à espera, rapidamente encontrei  o destino: a Casa do Terreiro do Poço.

Confesso que não tinha, neste caso, particulares expectativas. Foi mesmo pelo prazer da descoberta. E que descoberta foi!!!

Borba é uma cidade alentejana típica – curiosamente, a mais pequena cidade do Alentejo –  com as suas ruas de calçada estreitas, o casario branco de casas maioritariamente térreas. Foi conquistada aos mouros em 1217 (tal como Vila Viçosa) e um século mais tarde foi-lhe atribuído foral de vila. Muito antiga, anterior à nacionalidade, Borba vive um pouco na sombra da vizinha e faustosa terra dos Duques de Bragança.

E alguns dichotes não perdoam. Desde a referência que Borba tem uma fonte muito bonita….porque já não havia sítio em Vila Viçosa para lá a colocar ou o facto mais picante de ser onde os senhores nobres da outrora faustosa Vila (hoje cidade) Ducal alojavam as senhoras da sua predilecção, suficiente próximas para visitas frequentes e minimamente afastadas para não haver confusões… Estigmas que o tempo não apaga… razão para o título desta crónica.

Casa do Terreiro do Poço

Situada em zona central de Borba, facilmente acessível a quem entra na cidade, a Casa do Terreiro do Poço viria revelar-se a enorme surpresa desta viagem. E logo no início, uma pequena demonstração da forma como fui acolhido: o meu anfitrião aguardava-me convenientemente protegido da chuva que já há algumas horas não dava tréguas, para me ajudar a estacionar e acondicionar a moto. De imediato se disponibilizou para me recolher o fato que vinha já ensopado (mas cumpriu a sua obrigação de me deixar seco!) e colocá-lo a secar no sitio mais quente da casa, a casa das máquinas. Assim foi e no dia seguinte não só tinha o equipamento como se nada se tivesse passado como à hora de saída me entregou as luvas aquecidas!

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Somos tratados como amigos. Como família. É essa a verdadeira diferença entre a hotelaria “normal” e a possibilidade de sermos acolhidos em casas familiares, cujos proprietários fazem questão de nos fazer sentir como se em nossa casa estivéssemos. Ou melhor ainda….

A Rita e o João, os meus anfitriões brindaram-me com um acolhimento fantástico. Tal como fantástico é o trabalho que ao longo do tempo têm feito para transformar a Casa do Terreiro do Poço naquilo que é: uma série quase infindável de caxinhas de surpresas, tantas quantos os quartos – 13 – que disponibiliza.

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A Casa original data do Sec XVII (o piso térreo) tendo sido depois sucessivamente aumentada no séculos seguintes, com dois novos pisos. No último, já no Séc XIX, podemos observar nos quartos, escadaria e corredores, pinturas murais em diferentes estágios de conservação mas que têm vindo a ser recuperados com desvelo.

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Hoje, a Casa do Terreiro do Poço é constituida por outras casas contíguas que os proprietários vieram sucessivamente a agregar tendo todas elas como zona comum um frondoso páteo – quase uma pequena selva interior-  para garantir a frescura nos meses de canícula. Ao lado, um pavilhão com ampla zona de convívio fronteira à piscina.

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Devo dizer que a dado momento da visita guiada pelo João (que para lá da descrição e da história de cada pedaço, ia complementando com detalhes e curiosidades sempre interessantes e com algumas pinceladas de humor) estava completamente perdido…parece labiríntico. O que só lhe aumenta o interesse…

Cada quarto – são mais que simples quartos! – tem uma componente temática, com decoração adequada repleta de criatividade e bom gosto. Por isso, mais que um quarto, cada um é um verdadeiro cenário capaz de despertar a imaginação dos seus ocupantes tornando a estadia, de facto, memorável.

O quarto onde pernoitei:

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À medida que ia percorrendo a Casa, os quartos, uma ideia me acorreu à mente: não fotografar nem descrever os quartos (até porque na net é possivel encontrar algumas imagens). Porquê? Porque o sentimento de surpresa de cada vez que uma porta se abria e eu era transportado para um imaginário diferente do anterior merece ser destacado. Se alguém tiver curiosidade em conhecer e ficar aqui alojado, que venha de mente aberta e preparado para ser surpreendido.

Depois…bem, cada um tem a sua própria imaginação e criatividade…

Um quarto numa antiga cozinha? Uma suite dourada? Um quarto decadente? Ou um quarto étnico? …Com decorações a condizer, pois claro! E que tal uma verdadeira taberna à antiga ou uma adega? Afinal estamos em Borba…

Deve referir-se que existem quartos preparados para quem viaja com filhos pequenos, para pessoas com deficiência, para quem não se separa dos seus animais, o que só enriquece a oferta e enaltece o espírito de ir de encontro às necessidades de quem procura um local para descansar e usufruir.

E esta julgo ser a melhor homenagem que posso fazer à criatividade, perseverança, sentido estético e muito, mas mesmo muito trabalho que a Rita e o João têm dedicado à Casa do Terreiro do Paço.

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Quanto à forma como fui acolhido, já atrás o referi: como um amigo de longa data. Assim, apenas posso deixar o testemunho da minha gratidão e amizade.

De volta à estrada

Depois da visita guiada, de um convite generoso dos meus anfitriões para um jantar com um típico menú alentejano e de uma merecida noite de descanso (o dia tinha sido cansativo devido às condições meteorológicas), acordei esperançoso que a viagem de regresso pudesse ser mais seca. Esperança vã! O S. Pedro decididamente estava de costas voltadas para mim. De cada vez que subia para a moto…chuva!

Mas antes, um pequeno almoço …daqueles em que o mais dificil é conseguir abandonar a mesa. Tomado na companhia da Rita e do João, o tal espírito familiar que aqui se respira, a conversa fluiu e a estadia prolongou-se. Ainda bem, porque lá fora a coisa estava molhada! E as compotas confeccionadas pela Rita…. deliciosas!!! (ainda tenho no paladar a de tomate, uma das minhas favoritas e que era simplesmente fantástica).

À saída de Borba uma visão que nada tem de deslumbrante. A paisagem transformada pela ânsia extrativa dos mármores deta terra…

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Regressei a Vila Viçosa, desta vez para visitar o Castelo…

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…e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira de Portugal tal como reza a História:

Em 25 de Março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência em relação a Espanha. Foi até à igreja de Nossa Senhora da Conceição, ofereceu a coroa portuguesa a Nossa Senhora, colocando-a a seus pés proclamou-a Padroeira Portugal. O acto da proclamação alargou-se a todo o País, com o povo a celebrar, pelas ruas, entoando cânticos de júbilo.

Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal, por isso, desde este dia, mais nenhum rei português usou a coroa real na cabeça, direito que passou a pertencer apenas à Nossa Senhora. Em cerimónias solenes, a coroa passou a ser colocada em cima de uma almofada, ao lado do rei. Um facto extraordinário e único no mundo.

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De Vila Viçosa rumei a Extremoz. Tinha por objectivo visitar o Castelo e percorrer algumas das suas ruas. Mas acabei por ficar pelo Rossio e ir tomar um café ao Águias d’Ouro. Recordo-me de miúdo e das viagens familiares, sempre que por aqui passava, era local de paragem obrigatória com a sempre necessária referência à arquitectura tão característica da sua fachada  sendo de realçar as enormes janelas e varandas dos pisos superiores, de estilo Arte Nova, construídas com complexas guardas de ferro com motivos geométricos e vitrais executados a verde, castanho e azul. É um sobrevivente dos antigos cafés de tertúlia portugueses de finais do século XIX, inícios do século XX, daí a sua importância sociológica, razão da sua classificação.

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Enquanto lá estive…não choveu. Adivinhem o que aconteceu quando saí?

Era altura de tomar opções: regressar de imediato a casa ou arriscar ainda uma passagem por Évora. Amigos estavam de prevenção e foi essa a escolha. Em boa hora (molhada, pois claro). Ainda não foi desta vez que percorria a EN381 que atravessa a Serra d’Ossa…com piso molhado não valia a pena. Não iria ser divertido, pelo contrário, era um risco desnecessário. Não perde pela demora!!!

Em Évora, uma volta pelas ruas do centro desta cidade monumental e cheia de vida (entre estudantes e turistas aos magotes) um almoço rápido e um bom par de horas de amena confraternização motard. Na Motodiana, obviamente! Muito obrigado pela companhia e pela amizade, Tiago e João!

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Epílogo no Cromeleque dos Almendres

Depois, a tarde já começava a avançar, era tempo de finalmente apontar ao regresso a casa. À saída de Évora, o GPS indicava um trajecto que me parecia errado. Mas resolvi obedecer…até que me recordei: tinha preparado uma visita ao Cromeleque dos Almendres. E para lá me dirigi. Apenas duas palavras: não conhecem?….Pois deviam!

O caminho faz-se primeiro por estradas municipais estreitas em razoável estado e finalmente por um troço de terra batida com 4 km. Nesse dia estava  em péssimo estado. Molhado, esburacado, com lama. Para quem não tem experiência de TT e embora a Africa Twin estivesse razoavelmente à vontade, os pneus estradistas desaconselhavam aventuras. Portanto, foi com muita calma que lá cheguei. Mas gostei da experiência de condução nestas condições.

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Como é possível que num recinto no meio de um montado tipicamente alentejano possamos sentir uma aura mística à volta de uma conjunto megalítico (mais antigo que o famoso Stonehenge inglês) milenar? Mas sente-se. Seja pelo silêncio ou pela forma como as pedras estão dispostas. Algo existe…

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Foi a forma perfeita de terminar a viagem.

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E curiosamente….a chuva parou!

Agradecimentos

Nesta viagem utilizei uma Honda Africa Twin DCT gentilmente cedida pela Honda Portugal e cuja análise está publicada aqui.

O alojamento na Casa do Terreiro do Poço foi uma cortesia dos Solares de Portugal, que me acompanham neste projecto de dar a conhecer o nosso País visitando o património arquitectónico e histórico destes solares e mansões familiares.

P’rós Amigos

Disclaimer

A partir de hoje (03.06.2019) e durante os próximos 30 dias, os Solares de Portugal oferecem um desconto de 10% nas reservas efectuadas para este destino, sendo que nesse acto deverá ser indicada a referência 6F0BD582 e mencionar que a casa visitada foi a Casa do Terreiro do Poço em Borba.

Este desconto não é acumulativo com campanhas em vigor e a reserva da estadia terá que ser feita através da CENTER promo@center.pt e tel 258 743965 e não directamente à casa.

Também o Clube de Vinhos e Sabores se associou a este périplo alentejano e apresenta um conjunto de 3 cabazes com produtos tipicos alentejanos para que possam sentir também os sabores desta rica região também do ponto de vista gastronómico.

Outros benefícios podem ser consultados na página P’rós Amigos!

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