Azeitão – uma música (pouco) escondida

Azeitão pode até ser o lado B da Arrábida…mas não o menos conhecido! E não perde em beleza para o outro lado…

Lembram-se daqueles discos pretos, de vinil, com músicas gravadas de um lado e do outro? Os grandes – chamávamos-lhes “LPs” – com muitas músicas e que tocavam nos gira discos a 33 rpm (rotações por minuto). Os outros, mais pequenos – os “singles” – tinham apenas uma ou duas músicas de cada lado.

No lado principal – o Lado A – ficava aquela que era a música chamariz, a que fazia as alegrias das festas, dos bailes de verão ou das noitadas nas discotecas. No outro lado do disco – o Lado B – ficavam outras músicas. Algumas vezes destinadas ao esquecimento. Mas …quando alguém mais curioso lhes prestava atenção, de vez em quando encontrávamos pérolas que perduravam no tempo, que não se esgotavam nas audições sucessivas e até ao esgotamento da “música principal”.

Vem esta recordação a propósito de um passeio recente.

Será que Azeitão é o Lado B da Serra da Arrábida?

Quando falamos da Arrábida, logo nos recordamos das praias do Portinho ou de Galápos e das estradas cheias de curvas e contra curvas com vistas deslumbrantes que se percorrem sempre com redobrado prazer. Por vezes ocorre também que paramos em Azeitão para saborear uma torta acompanhada de um café…ou mais propriamente, de um moscatel, mas sem nos determos mais um pouco ou conhecermos o rico passado desta região.

E aqui começa a diferença. Quando falamos de Azeitão estamos a identificar uma região e não uma localidade específica. A região que fica no sopé norte da Serra da Arrábida e que se estende por alguns quilómetros entre Sesimbra e Palmela, já que Setúbal fica do “lado de lá” da Serra.

Afinal, Azeitão desdobra-se em 4 povoações que lhe levam o nome: Vila Nogueira, a maior e mais importante, Vila Fresca junto à estrada para Setúbal – A EN10…sim, essa mesma, que sai de Lisboa em direcção a Vila Franca de Xira e que depois vira a sul, atravessa o Tejo e contorna a península de Setúbal até chegar novamente defronte de Lisboa, em Cacilhas – Brejos na mesma estrada mas a caminho de Lisboa e, finalmente, Vendas na estrada que nos conduz a Palmela.

Porquê Azeitão?

Em tempos ancestrais, esta região era dominada por grandes extensões de olival. Terras férteis e que assim proporcionavam aos seus habitantes a riqueza da produção agrícola. Essa mesma riqueza que ao longo da sua história fez com que acabasse por fazer com que fosse cobiçada ora pelos poderes dominantes em Setúbal ora pelos de Sesimbra. De tal forma que apenas em breve espaço, de 1759 a 1786, os azeitonenses fossem senhores do seu destino local. Até porque sendo Setúbal e Sesimbra essencialmente portos de pesca, logo com elevada sazonalidade, dava algum jeito que no respectivo território existisse outra forma de produção que garantisse uma maior constância…até para efeitos de cobrança de impostos, claro…. Se do lado de Sesimbra os obrigavam a ir lá vender os seus produtos, por outro lado noutra era, Setúbal impôs que a venda dos vinhos produzidos apenas fosse feita por via marítima e a partir do seu porto! Esclarecedor…

Uma pitada de História e de património

Em primeiro lugar, fazer a referência ao filho mais dileto de Azeitão: o poeta e pedagogo Sebastião da Gama (1924-1957). Por muito glosar e descrever a beleza da serra, lhe foi dado o nome de Poeta da Arrábida. Para lá dos muitos escritos a ela dedicados, em Agosto de 1947 enviou uma carta a várias personalidades nacionais onde pedia a protecção da Serra da Arrábida. E foi essa a motivação para a posterior criação em 1948, da Liga da Protecção da Natureza, a primeira associação ecologista portuguesa. A estátua que o homenageia, no jardim da Praça da República representa o reconhecimento da terra que o viu nascer.

2 - Homenagem a Sebastião da Gama

Vila Nogueira (de Azeitão, pois claro) que é o principal aglomerado da região formou-se à volta da Quinta da Nogueira, que era no Séc XIV propriedade de D. Constança (esposa do rei D. Pedro – sim, o tal da D. Inês de Castro e em cuja história tenho vindo a tropeçar nos últimos tempos!). Já Vila Fresca, de igual forma se formou ao redor da Quinta Fresca, no qual o rei D.João I mandou construir um palácio que viria mais tarde a denominar-se Palácio da Quinta da Bacalhôa, devido à alcunha de uma das suas proprietárias mais tarde, nome que se manteve até aos nossos dias.

A beleza natural da região, o clima aprazível, a proximidade à capital, fizeram com que esta região fosse um destino de lazer privilegiado por muitas famílias abastadas (ainda hoje…).

Junto à Praça da República, mesmo no centro de Vila Nogueira, fica o Palácio dos Duques de Aveiro. Edifício majestoso – e em adiantado estado de ruína – de estilo maneirista foi construído no Séc XVI por ordem de D. João de Lencastre, 1º Duque de Aveiro.

3 - Palácio Duques de Aveiro

Mais tarde, já no Séc XVIII aqui foram presos o Duque de Palmela e toda a sua família acusados de conjura e traição contra o rei D. José. Após a prisão, o interior foi saqueado tendo desaparecido o seu recheio. Depois, o Marquês de Pombal cedeu o edifício a um industrial e aqui foi instalada a primeira fábrica de chitas em Portugal, que funcionou de 1755 a 1846. Depois….está à vista!

4 - Palácio Duques de Aveiro

Perto fica a Igreja de S. Lourenço (patrono da freguesia a par de S. Simão….após a reforma administrativa de 2013). Igreja simples mas com interior ricamente decorado com azulejaria dos séculos XVII e XVIII. A sua construção ocorreu no Séc XVI no local onde existia um outro templo do qual não existem vestígios. O seu altar em talha dourada merece também destaque, tal como a pia baptismal e o púlpito.

5 - Igreja de S.Lourenço

O Lavadouro, antigamente o local onde as mulheres da vila lavavam a roupa com os seus tanques, está agora transformado em local de lazer, com uma agradável esplanada.

6 - Lavadouro

7 - Lavadouro

Pouco mais à frente – segui no sentido para poente….e o destino era….saboroso….já lá vamos! – a imponente Fonte dos Pasmados. E o nome deve-se naturalmente ao facto de ao olharmos para ela…ficarmos pasmados. É enorme! Mandada erigir no Séc XVIII pelo Juiz Machado de Faria em estilo barroco, dela se diz que quem beber da sua água ficará para sempre ligado a Azeitão. Provavelmente, hoje em dia assim poderá ser mas por más razões: lá está afixado que a água não é potável!

8 - Fonte dos Pasmados

9 - Fonte dos Pasmados (pormenor)

Mas em terra de vinhos….digamos que ligados a Azeitão, não será pela água!

Falei em vinho. Logo, logo ao lado…as adegas de José Maria da Fonseca. A visita impunha-se, obviamente!

José Maria da Fonseca – vinhos com (muita) história

Fundada em 1834, a empresa permanece até hoje na posse da família. Gerida actualmente pela 6ª geração, é com orgulho que referem que a 7ª geração já se prepara para continuar. A visita começa pelo edifício principal, que foi residência da família até aos anos 90 do século passado, passando então para sede e museu da empresa.

10 - José Maria da Fonseca

11 - José Maria da Fonseca

12 - José Maria da Fonseca (fachada exterior)

13 - José Maria da Fonseca (fachada exterior)

Antes da visita às caves, uma breve introdução histórica, com a obrigatória referência às inúmeras medalhas e outros prémios ganhos internacionalmente e que testemunham a excelência da produção (a primeira datada de 1855) quer dos vinhos de mesa com o Periquita à frente (a designação deriva do nome da quinta onde vinham as uvas que lhe estão na génese) ou o Moscatel, produto típico e específico desta região.

24 - JMF - prémios e menções

25 - JMF - 1º livro de visitantes

O vinho moscatel é sempre do tipo doce, com maior ou menor grau de doçura. É produzido nos solos arenosos da região de Palmela e argilo-calcário da região da Arrábida, a partir das castas Moscatel de Setúbal (uma recriação da casta Moscatel de Alexandria), Boal, Malvasia, Roupeiro e Vital. Estagia em barris de carvalho usado, por um período mínimo de dois anos. Em novo, deve ser apreciado como aperitivo e levemente fresco. Os velhos devem ser apreciados como vinhos de sobremesa. A casta Moscatel Roxo produz um vinho raríssimo com o mesmo nome, que constitui a excelência do Moscatel de Setúbal.

14 - José Maria da Fonseca (fachada interior)

15 - José Maria da Fonseca (fachada interior)

16 - José Maria da Fonseca (fachada interior e pátio)

17 - José Maria da Fonseca - jardins

18 - José Maria da Fonseca - jardins

História curiosa a do Torna Viagem (uma garrafita de 50cl custa para cima de um dinheirão…mil e muitos euros!): A José Maria da Fonseca descobriu o Torna Viagem há mais de um século. Na época em que navios cruzavam os mares do Mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam uma comissão pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar na totalidade. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à casa mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma grata surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos, a caminho do Brasil, África ou Índia, quando atravessava por duas vezes a linha do Equador, uma na ida, outra na volta, melhorava a qualidade do Moscatel de Setúbal e conferia-lhe grande complexidade.

19 - JMF - Pipas de Torna Viagem

20 - JMF - Torna Viagem e a Infante de Sagres

A ondulação permanente, as variações térmicas das diferentes regiões, a humidade marítima, tudo contribuía para um envelhecimento rapidíssimo e um aprimorar das qualidades do produto. Actualmente, a JMF tem um protocolo com a Marinha Portuguesa e a Infante de Sagres transporta nas suas viagens sempre alguns barris deste néctar. Estima-se que uma viagem à volta do mundo, que pode durar cerca de 1 ano, representará um envelhecimento do Moscatel de cerca de 25 anos!

A visita às caves é também interessante: podemos observar enormes pipas de madeira de mogno onde o Moscatel permanece nos seus primeiros meses. A maior das quais, a nº 3 com capacidade para 20.900 litros.

26- JMF - Adega - Pipas de Moscatel (primeiros meses)

27- JMF - Adega - Pipa de Moscatel 20.900 litros

Na Adega dos Teares Velhos, outrora espaço pertencente à fábrica de chitas e posteriormente adquirido e adaptado à actual função, podemos observar as pipas de diferentes colheitas…e o ano da mesma é elemento distintivo, já classificadas em função da qualidade do Moscatel que contém:

Superior: vinhos com um mínimo de cinco anos de idade e que tenham obtido na câmara de provadores a classificação de qualidade destacada.

Reserva: prevê apenas prova em Câmara de provadores com classificação de qualidade destacada.

Moscatel de Setúbal Datado: ano da colheita. Significa que este Moscatel de Setúbal não é blend ou mistura de lotes de diferentes uvas. É somente Moscatel de Setúbal, daquele ano de colheita

Moscatel de Setúbal Não Datado: significa que este Moscatel de Setúbal é blend ou mistura de lotes de diferentes uvas. No seu lote coexistem Moscatéis de Setúbal de diferentes anos de colheita.

28 - JMF - Adega dos Teares Velhos

29 - JMF - Adega dos Teares Velhos - interior

Depois de passarmos por um imponente lustre pendurado bem alto, que acesso projecta o logo familiar no chão térreo, encontramos bem lá ao fundo a garrafeira privada. Porta bem fechada, atesta a riqueza que por trás se encerra. Vinhos com décadas guardados para a posteridade e que só em ocasiões muito, muito especiais são saboreados.

30 - JMF - Anos dos vinhos presentes na garrafeira privada

31 - JMF - Portão da garrafeira privada

32 - JMF - Garrafeira privada - interior

Se o Moscatel é Rei, a Torta de Azeitão é Rainha

Outro dos produtos típicos e genuínos desta terra são as famosas Tortas de Azeitão.

Se uma casa que se dedica à mesma actividade desde 1901 se pode ser considerada uma Instituição, a Pastelaria Cego é-o verdadeiramente! E a prova teve que ser feita, obrigatoriamente! Não esquecendo também os famosos “esses”….

Embora outras casas tenham e produzam esta especialidade, o Cego é a mais antiga. A Casa das Tortas, defronte do jardim da Praça da República é mais recente…mas pouco. Desde 1910 que as vende!

Em Portugal não há recanto onde não se produza vinho ou queijo.

Azeitão não é excepção.

Do vinho já falei e quanto ao queijo, apenas posso dizer que está no meu top3 de preferência (e não é o terceiro…). Simplesmente delicioso…de tal forma que é impossível falar em contenção quando o temos à frente! Apenas deixo uma recomendação: nas lojas típicas de Azeitão…o preço é fogo!

Azeitão e os “Belos”

Foi em Vila Fresca que João Cândido Belo sediou a sua empresa de transporte de passageiros. Com as economias amealhadas a fazer o transporte de caixas de peixe numa carroça, no porto de Setúbal, fundou em 1925 a “Transportadora Setubalense” a cujo nome adicionou, 3 anos depois “…de João Cândido Belo e Companhia, Lda” ao dar sociedade aos seus dois irmãos.

A partir daí foi uma história de sucesso que só terminou, abruptamente, em 1975 com a nacionalização do sector dos transportes (entre outros) na sequência da Revolução de 25 de Abril do ano anterior.

Eram vulgarmente conhecidos por “Belos” e os seus autocarros verdes e brancos povoam o imaginário de quem viveu no sul do País por esses anos.

36 - Evocação da Transportadora Setubalense - Os Belos

Nestes 50 anos, a empresa que começou a transportar passageiros na zona de Setúbal, foi progressivamente alargando o seu raio de acção à zona sul de Lisboa, ao Alentejo e Ribatejo, às Beiras. Geralmente através da aquisição sucessiva de pequenas empresas de carácter local ou regional, foi assim crescendo, mantendo sempre elevados padrões de qualidade de serviço e de segurança. Dizia a sua publicidade em 1973, que os seus autocarros percorriam diariamente cerca de 25 mil quilómetros em terras de Portugal! Gigantesco…e as estradas nada tinham a ver com as de hoje.

37 - Evocação da Transportadora Setubalense - Os Belos

38 - Evocação da Transportadora Setubalense - Os Belos

A sua sede e as suas oficinas principais ficavam em edifícios próprios, situados à beira da EN10 e que hoje estão em processo de reformulação depois de adquiridos pela Fundação Berardo, presumindo-se que possa no futuro vir a albergar a sua colecção de arte.

O bom é inimigo do óptimo

Nesta visita faltou um dos ex-líbris de Azeitão: as adegas e o Palácio da Quinta da Bacalhôa. O tempo (medido pelo relógio) e o tempo (meteorológico) fizeram adiar esta visita. Se o primeiro era escasso e as visitas têm hora marcada e são longas de 2 horas e meia, o segundo tempo, chuvoso e cinzento, recomendava visita futura pois os jardins merecem atenção detalhada.

A visita, que já está na lista para ser feita brevemente, contempla o edifício sede (com exposições de Cultura Africana, Art Deco, Art Noveuau, a maior colecção de azulejos de Portugal (desde o Séc XVI ao Séc. XX), bem como as salas das barricas de estágio do vinho tinto e vinho moscatel), o Palácio e Quinta da Bacalhôa, edificação do séc. XVI, que no piso térreo, contém diversas peças da Colecção Berardo, o Jardim do Buxo, as vinhas e a Casa do Lago ( também conhecida como Casa do Prazer!), a Adega e Museu e finalmente, a inevitável prova de vinhos.

Lá irei…porque tem muito que contar e ver!

Uma visão diferente da Arrábida

Seria imperdoável não percorrer a Serra. Contrariamente a outras ocasiões, desta feita o percurso foi feito ao anoitecer e se a beleza se mantém intocável, a luz era muito diferente. Fica o registo fotográfico, porque para certas coisas as palavras são inúteis!

39 - Arrábida

40 - Arrábida

41 - Arrábida

42 - Arrábida

43 - Arrábida

44 - Arrábida

45 - Arrábida

46 - Arrábida

47 - Arrábida

Uma nota final: ao deambular pelas ruas de Vila Nogueira deparei-me com a Quinta do Fisco….

48 - Quinta do Fisco

Então é aqui!!!! Já sabem…

E assim se passou mais uma (breve)….VIAGEM AO VIRAR DA ESQUINA!

Honda Forza 300

Experimentei a Forza 300 no Dia das Bruxas. Mas a scooter da Honda nada tem de bruxaria…pelo contrário!

A segmentação é uma ferramenta fundamental em Marketing. O objectivo é encontrar, em cada momento e em cada mercado, o produto mais indicado para cada consumidor. 

Conhecendo e agrupando em grandes grupos conjuntos de preferências e necessidades comuns, é possível depois desenvolver de forma massificada (logo mais económica) os produtos que melhor se adequam a essas características. No mercado das motos (como na generalidade dos outros) isso é notório. E no subgrupo das scooters mais ainda. 

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Efectivamente, consoante as nossas necessidades de mobilidade, assim encontraremos o produto mais acertado. Depois entram as componentes subjectivas de cada um que o levam a optar por esta ou aquela marca, esta ou aquela característica específica, esta ou aquela cor, por exemplo… 

De uma forma simplista teremos 3 grandes grupos:

as 125cc cujas características de economia, leveza, pouca envergadura e ligeireza são óptimas para o trânsito citadino. Todas aquelas deslocações em meio urbano do dia-a-dia encontram aqui o veículo ideal. Já uma saída para a estrada, ou pior ainda, auto-estrada já não serão “a sua praia”…

as de média gama – cilindradas entre os 250 e os 400cc – que são excelentes para as deslocações sub-urbanas: os 30 a 50kms diários no percurso casa-trabalho, eventualmente com vias rápidas ou auto-estradas. Com facilidade se adequam também a pequenas viagens de fim de semana. Tudo isto sem perderem a flexibilidade citadina.

as maxi-scooters (acima dos 400cc) que pela sua envergadura e potência disponível possibilitam outros voos por maiores distâncias, incluindo viagens com algum fôlego, com ou sem pendura. Sempre com o conforto e o sentido prático que caracterizam este tipo de motos.

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Estamos obviamente a falar de estereótipos (a tal de segmentação que referi acima) e cada marca, nas suas gamas, dá o seu toque próprio. Mas em linhas gerais todas as scooters se enquadrarão num daqueles grandes grupos.

Tudo isto para dizer o quê? 

Tive há algum tempo a possibilidade de experimentar ao longo de alguns dias, a oferta topo de gama da Honda no segmento das maxiscooters : a X-ADV. Que para lá das características típicas de maxiscooter ainda associa uma capacidade offroad sem par na concorrência. 

Por outro lado, um dos meus filhos adquiriu uma PCX e não só já andei nela algumas vezes, como na altura (Junho 2018 – PCX vs. N-MAX) realizei um teste comparativo entre esta a a sua principal concorrente. 

Faltava-me experimentar a Honda Forza 300. O melhor representante da marca no mercado intermédio. 

E foi isso que aconteceu – em dia de bruxas e com um tempo pouco convidativo.

HONDA FORZA 300

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A Forza 300 é uma scooter que reúne todas as valências de qualidade e fiabilidade que são a marca de água da Honda. É, sem margem para dúvidas, uma oferta premium neste segmento de mercado e o seu preço reflecte-o (na casa dos 6.000 €). Mas neste valor podemos incluir alguns miminhos que são bem úteis e/ou agradáveis. 20191031_112725.jpg_3.58_jpg

Por exemplo, o pára-brisa que é ajustável mesmo em andamento bastando accionar um botão no punho esquerdo, a iluminação 100% LED, o painel que combina elementos analógicos com digitais e com toda a informação que é comum numa topo-de-gama, o prático sistema keyless, o amplo espaço de armazenamento debaixo do banco que permite guardar 2 capacetes integrais e ainda mais alguma tralha, a tomada 12V, um porta luvas bem fundo. 

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Esteticamente, conceito mais subjectivo, tem linhas bem fluídas que culminam num frontal dentro da linha da marca e que, associado à sua “marca luminosa”, lhe dá um “olhar” bem dinâmico e até agressivo. Uma simbiose bem conseguida entre características de “grande turismo” – conforto, equipamento e qualidade de construção – com uma tónica bem desportiva. 

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Dois aspectos quero salientar: 

– o encosto lombar no banco que proporciona excelente apoio ao condutor e impede o pendura de escorregar para a frente;

– o sistema HSTC de controlo do binário que pela primeira vez a Honda inclui numa scooter. Esta experiência decorreu quase sempre em piso molhado e tive a oportunidade de provar a validade do sistema. Garanto que dá muito jeito…

Já referi o ecrã ajustável electricamente. A sua protecção é óptima em cada momento e a facilidade com que se ajusta para isso muito contribui. A moto é muito confortável, o banco tem excelente qualidade, e a sua dinâmica dá também um precioso contributo para a agradabilidade de condução.

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Senti a suspensão da frente bastante firme. Já a de trás…aceita mal as muitas lombas que encontramos nas nossas ruas. Mas aqui…acho que o problema é mesmo das ruas. A competência com que são feitos estes “enfeites” nas nossas ruas é de bradar aos céus – não há dois iguais e dificilmente se encontram alguns que cumpram a sua função sem serem agressivos para quem respeita as regras de trânsito. Dito isto, certamente que alguns cuidados deveremos ter na ultrapassagem destes obstáculos. Com a Forza e com qualquer outra moto que não tenha características enduristas! 

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Notei, naquelas pequenas mudanças de direcção, em trânsito citadino entre filas, alguma inércia na resposta aos pequenos estímulos no acelerador o que fazia com que a reacção fosse um pouco mais lenta que o esperado. Principalmente com pendura, certamente pelo maior peso do conjunto. Mas julgo não ser defeito. Antes feitio a carecer de algum hábito. 

E aqui, referir que neste tipo de trânsito, a Forza 300 evolui com brilhantismo. Os espelhos ligeiramente acima dos dos automóveis dão alguma margem para avançarmos com segurança e rapidez (sempre respeitando o facto de esta ser uma manobra não propriamente permitida pela lei – mas à qual até as forças de segurança recorrem amiúde!) 

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A opinião do pendura é também importante:

 – Confortável e espaçosa

 – Boas pegas laterais a transmitirem segurança

 – As pernas batem nas carenagens laterais – bem largas por sinal – o que ao fim de algum tempo gera um certo desconforto (pendura com 1,82m de altura). 

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Os 279cm3 que lhe proporcionam 25cv (às 7.000 rpm – cerca de 120km/h) e um binário de 27,2Nm (às 5.750 rpm –cerca de 80km/h) são suficientes para nos proporcionar uma condução tranquila em qualquer via onde circulemos, incluindo auto-estrada pois é possível manter uma velocidade de cruzeiro adequada às condições de circulação de cada momento, não faltando capacidade para ultrapassar ou recuperar velocidade. 

Sendo a faixa ideal de utilização entre as 5.750 e as 7000 rpm (o red-line situa-se às 9.000, dando assim uma boa margem de conforto), isso sente-se no “disparo” se depois de um abrandamento, enrolamos o punho para uma recuperação rápida. Aliás, o mesmo se poderá dizer no arranque, onde com a maior das facilidades conseguimos deixar para trás a maioria dos enlatados num qualquer semáforo. Não é moto para corridas, atenção! …mas não fica para trás! 

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O consumo anda por volta dos 4 l/100km. Não sendo fantástico (é possível encontrar motos de gama superior com consumos nesta ordem) julgo que com algum hábito e uma condução vocacionada para a sobriedade no consumo, será possível reduzir algumas décimas naquele valor. 

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Em resumo, e voltando ao início, a Forza 300 é uma excelente representante da Honda no segmento das scooters de média gama. Leva-nos a qualquer sítio de forma confortável, prática, económica e com enorme facilidade de condução. E com segurança (obrigado HSTC)! E, para mim, é bem bonita… 

1.jpg_3.53_jpgSem dúvida uma scooter premium, com preço a condizer. A qualidade paga-se como é óbvio. E o que nos é oferecido também serve para justificar este valor. 

Uma última palavra, que no caso é a primeira: a minha gratidão, mais uma vez, à Honda Portugal Motos pela cedência desta Forza 300.

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