Por terras do Priorado do Crato

Os tempos não recomendam grandes aventuras. Estava perto. Fui até ao Crato. E, porque fica mesmo ao lado, a Flor da Rosa.

É território que me é familiar. Mas como se costuma dizer, “santos de casa não fazem milagres”!

Uma aventura à porta de casa

Para mim (e julgo que para muitos que foram aprendendo História na base do empinanço e das mnemónicas…) sempre associo Crato a D. António Prior do Crato. Juro que em miúdo julgava que era o nome do senhor… Mais tarde percebi que o Prior tinha a ver com o facto de ser eclesiástico. E era, mas de uma forma sui generis. E o Crato seria a terra onde foi padre…

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D. António Prior do Crato

Conhecendo o Crato, pequena vila nos confins do nordeste alentejano, sempre estranhei de onde viria tal notoriedade e como era possível ter tido notável protagonismo, em certos momento da nossa História.

Devo confessar que me relaciono com a História, como um informático diria, na “óptica do utilizador”. A ela recorro quando necessito e em ocasiões concretas. Esta é uma delas.

A História do Crato, de Flor da Rosa e da Ordem dos Hospitalários

Segundo parece, o Crato terá sido fundado há cerca de 2.500 anos pelos Cartagineses. A sua notoriedade é mais recente. Mas não muito…

Teria como designação inicial Castraleuca ou Castra-Leuca. No decorrer dos séculos, e por alterações sucessivas, passou a ser Ucrate ou Crate e, por fim, Crato.

Como sabemos, o início do segundo milénio, ficou marcado pela Reconquista Cristã da Península Ibérica. Os Mouros aqui chegaram por volta dos anos 700 e só daqui saíram quando o Séc. XVI estava prestes a começar, com a queda do reino de Granada.

O movimento de reconquista, vindo de norte (começou nas Astúrias) para sul, teve a ajuda de muitos nobres guerreiros da Europa e também a participação de Ordens Religiosas que se dedicavam a combater os Infiéis (as Cruzadas à Terra Santa são o maior exemplo).

Assim, cá chegou, entre outros, D. Henrique de Borgonha a quem pelos seus feitos foi oferecido o Condado Portucalense. E também vieram as Ordens dos Templários e dos Hospitalários.

Esta última, chamada Ordem de São João Baptista de Jerusalém foi fundada em 1093, nesta cidade, para socorro dos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa. Também conhecida por Ordem Soberana Militar e Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. Muito mais tarde, já no Séc. XVI passaria a ser designada apenas por Ordem de Malta (onde passou a estar sediada).

Entre 1122 a 1128, a Ordem estabeleceu-se no Condado Portucalense fixando a sua sede no antigo Mosteiro de Leça, situado nos arredores do Porto. A localidade converteu-se em cabeça do priorado da Ordem em Portugal.

Em 1194, D. Sancho I doou-lhes um vasto território na margem Norte do Tejo, com a obrigação de aí erguerem um castelo, que tomou o nome de Belver. Mais tarde, em 1232, D. Sancho II doou o Crato à Ordem do Hospital, concedendo-lhe o primeiro foral, sendo então Mem Gonçalves, Prior da Ordem.

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Crato – Placa comemorativa do 775º aniversário do Foral

Em 1340, D. Afonso IV transferiu a sede da Ordem para o Crato, onde se manteve até 1354. Nesta data, D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato e pai de D. Nuno Álvares Pereira mandou construir o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa para instalação da sede da Ordem.

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Mosteiro de Flor da Rosa


Em 1439, a sede da Ordem regressou ao Crato, vulgarizando-se a designação de Priorado do Crato. Este possuiu 23 comendas e as seguintes 12 terras e seus termos: Amieira, Belver, Cardigos, Carvoeiro, Crato, Envendos, Gáfete, Oleiros, Pedrógão Pequeno, Proença-a-Nova, Sertã e Tolosa.

Ou seja, um vasto território que abraçava ambas as margens do Rio Tejo. A extensão de tais domínios marcava então a enorme importância desta Ordem. Recorde-se que imperava o regime feudal e portanto a Ordem recebia a sua parcela de tudo o que era aí produzido, bem como tinha o poder de mobilizar os homens disponíveis para combater e reforçarem os exércitos reais sempre que tal era necessário. O que acontecia com muita frequência.

Aqui nasceu, diz-se, D. Nuno Álvares Pereira

Referi atrás que o Mosteiro de Santa Maria situado em Flor da Rosa (a escassos 3km do Crato) foi mandado construir pelo pai de D. Nuno Álvares Pereira. E terá sido (embora não seja certo) que aqui nasceu o futuro Santo Condestável.

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Flor da Rosa – Estátua de D. Nuno Álvares Pereira

Como sabemos, D. Nuno, Condestável do Reino, foi o braço direito de D. João, Mestre de Avis, nas lutas dinásticas que garantiram a continuidade da independência de Portugal – vitorioso nas batalhas de Atoleiros, Aljubarrota e Valverde – e que deram início à segunda dinastia da realeza portuguesa. Tal era o seu engenho militar que os Espanhóis tinham verdadeiro pavor de o enfrentarem.

E se temos aqui a ligação ao início da Dinastia de Avis, aquela que representou até hoje o apogeu da presença de Portugal no mundo, é também aqui que vamos encontrar a ligação ao facto que representou o seu fim e, pior ainda, a perca da independência nacional.

D. António, Prior do Crato, Rei de Portugal

Encaminhava-mo-nos para o final do Séc XVI e Portugal tinha uma posição de domínio no mundo. Com os Descobrimentos, o domínio das rotas marítimas da Índia e o ainda inexplorado Brasil, éramos a potência dominante a par da Espanha (unificada à menos de 100 anos). Mas alguma decadência já se pressentia

Quando D. Sebastião ascende ao trono, para lá da sua juventude e impreparação, a imaturidade que o levava a sonhar com batalhas e conquistas heróicas, impele-o a uma improvisada incursão a terras de Marrocos. Seguiu-se Alcácer-Quibir (1578) e a sua morte, lançando Portugal para uma crise de sucessão, pois o Rei não deixava descendência. Sucedeu-lhe seu tio o Cardeal D. Henrique, que viria a morrer em 1580 em plenas Cortes de Almeirim onde iria ser coroado.

Agrava-se a questão sucessória. As principais alternativas eram Filipe II, soberano de Espanha, ou D. António, Prior do Crato, cargo que tinha herdado de seu pai.

D. António era filho bastardo de D. Luís de Portugal e neto do Rei D. Manuel I, pelo que a sua legitimidade à sucessão era discutível, o que reforçava a ambição do rei de Espanha.

Sendo aclamado Rei de Portugal pelo povo de Santarém, viria todavia a perder as sucessivas batalhas perante a maior força e poder do inimigo espanhol.

Assim, fica o Crato, na infeliz pessoa do seu Prior, ligado ao final da Dinastia de Avis e à perda da independência nacional.

No Crato

A vila é pequena. Terá cerca de 2 mil habitantes para um total de aproximadamente 3,5 mil no município. Dos seus tempos áureos resta pouco mas ainda assim relevante.

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Castelo do Crato – ao fundo a Serra de S. Mamede

O castelo medieval, tinha formato trapezoidal com as muralhas reforçadas por 5 torres nos ângulos, sendo a Norte a de menagem. Por sua vez, a cerca da vila, da qual subsistem alguns troços, era amparada por seis torres: do Sino, da Seda, de São Pedro, da Porta Nova, de Beringal e de Santarém.

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Castelo do Crato – Muralha

Em meados do século XVII, foi transformado num fortim abaluartado, com planta poligonal irregular no formato de uma estrela com quatro pontas.

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Castelo do Crato – Pormenor da muralha

Os séculos seguintes acentuaram o estado de ruína do conjunto, tanto das estruturas medievais como das modernas, desaparecendo a Casa do Governador (da qual subsistem algumas arcadas), a ponte levadiça, baluartes e outros, tendo chegado aos nossos dias apenas alguns trechos de muralha, uma guarita, a cisterna, duas torres arruinadas e algumas canhoneiras.

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Castelo do Crato – Muralha
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Crato – Pedaço da muralha

Encontrei toda a área do Castelo fechada. De fora é possível antever a construção de algo no seu interior…com pilares de betão. Não sei se poderemos ficar optimistas quanto à eventual recuperação do património….

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Castelo do Crato – Obras
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Castelo do Crato – Obras

A Igreja Matriz do Crato ou de Nossa Senhora da Conceição data do século XIII, embora com sucessivos acréscimos, subsistindo da época a estrutura imponente da torre sineira. Quanto ao estilo, denotam-se alguns traços góticos. Possui três naves e cinco tramos, separados por quatro pares de arcos ogivais e um arco de volta perfeita.

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Igreja de N. Senhora da Conceição

Na Praça do Município é possível ver o que resta do Palácio do Grão-Prior do Priorado do Crato: um janelão e a imponente varanda sustentada por arcos de volta perfeita.

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Crato – Varanda do Palácio do Grão Prior

Para lá dos Paços do Concelho e do Palácio Sá Nogueira encontramos o tradicional pelourinho onde era exercida a justiça. Outros tempos…

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Crato – Paços do Concelho
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Crato – Pelourinho e Palácio Sá Nogueira

Em tempos de maior liberdade, o Museu Municipal é um local de visita obrigatória para melhor conhecer os testemunhos desta tão longa história.

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Crato – Museu Municipal

Também ao percorrer as ruas da vila é possível encontrar em muitos edifícios e placas toponímicas, as cruzes da Ordem de Malta.

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Crato – placa toponímica com Cruz de Malta
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Crato – aqui as efemérides são multi-centenárias

Mais recentemente, o Crato tornou-se famoso junto da juventude portuguesa pelos seus Festivais de Verão que trazer enorme afluência de gente de fora e bastante notoriedade à vila, com os naturais benefícios para a sua população.

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Crato – Antiga Escola Primária
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Crato – Centro de Saúde
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Crato – Reminiscências industriais
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Crato – rua típica
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Crato – Jardim e imagem de N. Sª Conceição
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Crato – rua típica
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Crato – Filarmónica do Crato
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Crato – encontro de ruas
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Crato – Rua típica com edifícios seculares
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Crato – Arte urbana
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Crato – Arte urbana

Também as pequenas unidades de alojamento turístico, na zona urbana ou em meio rural são uma forma de trazer a quem procura estas terras uma aproximação às tradições e à cultura destas gentes.

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Crato – Turismo – Casa do Largo
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Crato -Turismo – Casa do Crato

Em Flor da Rosa

Obviamente que o grande destaque desta pequena povoação, até pela grandeza que o faz destacar do resto do casario, é o Mosteiro de Santa Maria, considerado o maior exemplo de mosteiro fortificado da Península Ibérica.

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Mosteiro de Flor da Rosa

Este mosteiro é composto por três edificações distintas: a igreja-fortaleza de estilo gótico, um paço-acastelado gótico, já com alterações quinhentistas, e as restantes dependências conventuais com traça renascentista e mudéjar.

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Mosteiro de Flor da Rosa

O conjunto sofreu alterações ao longo dos séculos, nomeadamente nos século XVI e XVII. No tempo do Rei D. Manuel I o espaço monástico é alargado para um maior número de aposentos, transformando-o num Paço Real.

O grande terramoto de 1755 e um temporal devastador em 1897 afectaram toda a estrutura e levaram-na muito perto da ruína.

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Mosteiro de Flor da Rosa – Claustros
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Mosteiro de Flor da Rosa – Pormenor
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Mosteiro de Flor da Rosa – Claustros
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Mosteiro de Flor da Rosa – Pormenor das abóbodas
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Mosteiro de Flor da Rosa – Túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira (pai de D. Nuno Álvares Pereira e fundador do Mosteiro)

Mais tarde, jé em 1940 começaram as tentativas de restauro que foram retomadas em 1991 com a planeada transformação em Pousada de Portugal.

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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação

Apesar da polémica inicial, veio a revelar-se uma notável recuperação em que a simbiose entre o antigo e o moderno casam na perfeição. Com a vantagem de poder dispôr na sua função turística de todas as valências necessárias e simultâneamente ter sido possível preservar a essência do edificado monumental. Merece assim aplauso a obra do Arq. Carrilho da Graça.

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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação
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Mosteiro de Flor da Rosa – pormenor da renovação

Não há terra em Portugal que não tenha para si, uma lenda que justifique o seu nome. Flor da Rosa não é excepção.

Vem de tempos muitos antigos e ali existiria um pequeno lugarejo onde vivia um fidalgo cavaleiro de mui ilustre nome e bem amado por toda a gente. Certo dia, o cavaleiro adoeceu gravemente. Poucos dias de vida teria segundo os médicos que o acompanharam.

Os seus amigos visitivam-no amiúde. E também a sua noiva de nome Rosa. Certo dia, numa dessas visitas, Rosa levou-lhe uma flor. Perante a estupefação de todos, e quando era esperada a morte do fidalgo, eis que quem morre é Rosa.

Desde então, todos os dias era possível ver o cavaleiro chorar o seu amor perdido junto do túmulo de Rosa. Até que certo dia, ele próprio acabou por morrer de desgosto.

Antes de morrer, o fidalgo cavaleiro fez dois últimos pedidos: que a flor que Rosa lhe oferecera o acompanhasse à sepultura e o nome de Flor da Rosa fosse dado aquele lugar. E assim foi!

Outro edifício que se destaca, não pela sua antiguidade pois tem pouco mais de 100 anos, é a Igreja Paroquial dedicada a Nossa Senhora das Neves. Também ligada à sua construção há uma lenda.

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Flor da Rosa – Igreja de Nº Sª das Neves

Parece que certa tarde, os pedreiros que iam trabalhar na construção deixaram as ferramentas no local onde se pretendia fazê-la. As mesmas desapareceram e vieram a ser encontradas noutro local…aquele onde a igreja acabou mesmo por ser construída.

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Flor da Rosa – Igreja de Nº Sª das Neves

Esta pequena aldeia em tamanho, mas grande em costumes e saberes é também conhecida como a terra dos oleiros, pela grande tradição que aqui existe de trabalhar o barro de forma singular.

Existe actualmente uma escola de olaria, que faz com que esta tradição se mantenha viva, apesar de ainda existirem dois oleiros que trabalham e vendem as peças em barro por conta própria.

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Turismo – Palácio de Flor da Rosa
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Flor da Rosa – casario típico

Como chegar ao Crato e a Flor da Rosa

Para quem venha de sul ou genericamente da margem sul do Tejo, as estradas não são particularmente interessantes. Tipicamente estradas alentejanas, pouco sinuosas. A não ser que nos queiramos aventurar pelas muitas estradas municipais, estreitas e nem sempre nas melhores condições.

Já para quem venha de norte a coisa muda de figura. A EN18 entre Vila Velha de Ródão e Nisa é um pedaço de diversão com 18 km e um bonito enquadramento paisagístico. De Nisa ao Crato é um pulinho.

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Crato – o que vemos à chegada
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Crato – Panorâmica

De qualquer forma, para uns e outros, a Serra de S. Mamede e o triângulo Portalegre, Marvão e Castelo de Vide estão à mão de semear. Ou melhor dizendo, à distância de um breve enrolar de punho. E aí…há estradas retorcidas para todos os gostos!

E termino com uma sugestão: porque não um brinde ao encontro do passado com o presente, olhando para o futuro?

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Um brinde!
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Mosteiro de Flor da Rosa

(texto publicado na edição de Abril/2021 da revista Andar de Moto)

Uma moto superlativa

A oportunidade surgiu! Não escapou: conduzi, em breve experiência, a magnífica KTM 1290 Sports Adventure

KTM 1290 SUPER ADVENTURE – BREVE EXPERIÊNCIA

Talvez por velha deformação profissional, sou bastante sensível a acções promocionais quando são simples, sem “ses” e sem pressões.

A Caismotor, concessionário lisboeta da KTM (entre outras marcas), lançou uma acção com estas características. Durante esta semana, mediante inscrição prévia (que se justifica para evitar aglomerações e para poder disponibilizar tempo suficiente para quem testa), as motos aí estão. Simples e eficaz.

Não tenho o hábito de frequentar os test-drives porque normalmente os tempos são reduzidos e o objectivo é estritamente comercial (o que não tem qualquer mal, porque o objectivo é mesmo potenciar a venda de motos).

Por outro lado, o meu intuito é poder partilhar uma experiência (o que não se compadece com uma voltinha ao quarteirão) e não efectuar uma compra. Ou seja, os objectivos são diferentes, portanto faz pouco sentido. Até por uma questão de respeito para quem vive deste negócio….

Desta feita, fui. Nunca tinha conduzido uma KTM e valia a pena tentar a experiência. Pude andar com a moto durante quase 1 hora, fiz cerca de 40km que, sendo poucos, foram suficientes para ter uma primeira impressão.

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Alguém disse uma vez que “não há segunda oportunidade para uma boa primeira impressão!”. A KTM não desperdiçou a oportunidade. Pelo contrário. Como digo em título, esta é uma moto superlativa.

PRIMEIRAS (E ÚNICAS) IMPRESSÕES

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-Ergonomia e electrónica:

Sentei-me na moto e senti-me a gosto. Estava tudo no sítio certo.

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O ecrã TFT tem excelente visibilidade e o comando no punho esquerdo para navegar nas múltiplas opções de configuração da moto é de fácil utilização. Permite que mudemos o modo de condução (Sport, Street, Rain, Off-Road) em andamento tal como a sensibilidade da suspensão (Confort, Sport, Off-Road). Também a pré-carga, o ABS e muitos outros parâmetros são facilmente acessíveis graças à excelente leitura e navegabilidade.

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A chave vai no bolso e o vidro é regulável em altura.

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O formato do assento é excelente. Já o mesmo não direi da sua dureza (foi-me referido que não é defeito mas sim feitio…até porque a marca disponibiliza o upgrade para assento em gel). Em viagem, poderá tornar-se algo incómodo mas com a regulação da suspensão no modo Confort…isso chegará quando já formos bem longe…

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Chego com os dois pés ao chão e a manobrabilidade é boa…o que é relevante porque o aspecto da moto é imponente.

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-Motor, suspensões e comportamento:

O motor tem 160 cavalos. É óbvio que tal cavalaria impõe algum respeito. Mas basta começarmos a rodar punho para sentirmos que a moto inspira confiança, sem reacções inesperadas e com a progressividade suficiente para que alguém inexperiente com ela, como era o meu caso, possa rodar normalmente e sem qualquer stress desde o início.

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Comecei nos modos mais “civilizados” – Street e Confort – para me ambientar. E rapidamente (o tempo também era escasso) evoluí para experimentar os outros. Fazem o que deles se espera.

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O Sport introduz um comportamento mais agressivo (mas civilizado) e no Offroad (que não experimentei no seu habitat natural) sente-se a primazia dada à passagem do binário para o terreno (que também não é o meu favorito…).

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Não testei o Rain. Não choveu…felizmente! Mas acredito que a redução de potência (baixa para 100cv) e os outros ajustes sejam mais do que suficientes para que a condução continue a fazer-se em total segurança.

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O motor é redondo, sente-se que respira bem. Quando vamos a conduzir, a banda sonora não é muito interessante. Curiosamente, depois, ao ver passá-la, achei que afinal tinha uma boa sonoridade. O que acredito seja deliberado: é soft e não se torna incomodativo para piloto e pendura mas para quem ouve de fora, marca a sua presença. Bem visto!

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Estética:

A moto é muito bonita, o esquema cromático fá-la destacar-se com bom gosto. Linhas equilibradas e uma percepção muito grande de qualidade. Não vemos fios avulsos. Tudo parece estar no sítio certo.

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Até que chegamos à “cara da moto”.

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A frente da carenagem é original, inconfundível e nada consensual. Sinceramente…eu não gosto.

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Mas o gosto é algo que apenas diz respeito a cada um. E cada qual tem o seu. Portanto aceito que me digam: “é espectacular”.

Até porque uma marca como a KTM não brinca em serviço. E o design é, para as grandes marcas (e para as pequenas…) algo muito ponderado, profundamente estudado e que merece toda a atenção. Acredito que esses estudos tenham indicado o acerto deste caminho – que é o de uma identidade de marca – e portanto…. É o meu gosto pessoal, e só!

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CONCLUSÃO

A KTM deixou-me uma excelente primeira impressão. A segunda oportunidade poderá servir para confirmar o que atrás refiro e perceber melhor todas as muitas cambiantes que esta moto permite. Quiçá mesmo ver se será, como penso que sim, uma excelente companhia em viagem.

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E aí está o filme desta experiência Uma moto superlativa !

Como disse no início, é mesmo uma moto superlativa!

A última palavra é para a CAISMOTOR.

Simpáticos, disponíveis e um acolhimento atento.

Principalmente, ficou uma porta aberta para o futuro. Também não desperdiçaram a primeira oportunidade para deixar uma óptima impressão.

Muito obrigado!

Separadas à Nascença

Da mesma excelente base nasce o topo de gama das scooters da Honda – a Forza 750 – e a divertidíssima e inimitável X-ADV.
O mesmo motor, a mesma electrónica, a mesma ciclística mas adaptada em cada uma aos seus objectivos, tornam estas motos completamente diferentes…mas ambas excelentes.
Mereciam o melhor enquadramento para o duelo que as opôs: a Arrábida!

Quando há cerca de 10 anos, a Honda abordou um novo conceito de moto – NC = New Concept , digo eu… – talvez não estivesse longe de perceber que ia ter em mãos um sucesso de vendas. Estas coisas não acontecem por acaso… 

Em que consistia esse conceito? Uma abordagem estilística tipo “trail” (recordo que na época este formato ainda não tinha a expressão que tem hoje) pelo conforto que dá ao seu utilizador com uma posição de condução natural que não força os pulsos como as turísticas mais radicais ou as lombares como a posição “mais sentado” típico das cruisers ou das scooters e com um motor simples, pouco entusiasmante, mas fiável – pouca potência específica o que se traduz por facilidade na condução, muito previsível nas reacções, manutenção barata e economia de utilização. 

O menor “prazer de condução” que os mais puristas (seja lá isso o que for) lhe reclamavam era mais do que compensado pela abrangência dos seus utilizadores: tanto se adequava aos que que vinham das cilindradas mais baixas, quer aqueles cuja idade – idade não, experiência de vida! – sugeria algo mais calmo e prazenteiro. Na prática, servia a qualquer um que pretendesse uma moto descomplicada em que a razão se sobrepusesse claramente à emoção. Um sucesso comercial, portanto! 

Muita água passou debaixo da ponte e a Honda não só confirmou o acerto comercial da sua estratégia, como a tornou ainda mais rentável ao aproveitar a qualidade estrutural da ciclística e do motor – que foram sendo obviamente melhorados ao longo do tempo – para desbravar novos caminhos.

E as soluções com maior apelo à emoção surgiram!

As duas irmãs gémeas: Forza 750 vs. X-ADV

Apesar de não terem surgido no mercado em simultâneo – uma delas é nova na designação porque é a evolução de um conceito já existente (veio substituir a Integra e assim completar a gama Forza) e a outra é a nova versão, revista e actualizada do modelo lançado em 2016 – tive a oportunidade de experimentar em dias consecutivos as versões 2021 da Forza 750 e X-ADV. Cortesia da Honda Portugal Motos, a quem agradeço.

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Neste momento é fundamental fazer uma “declaração de interesses”:

1) sou um fã incondicional da caixa semi automática da Honda, vulgarmente conhecida por DCT – Dual Clutch Transmission;

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2) experimentei, há 2 anos, a versão anterior da Honda X-ADV. E, para lá da qualidade do conjunto motor-transmissão-ciclística, achei-a acima de tudo divertidíssima e capaz de proporcionar horas a fio de prazer motociclístico.

Também estava familiarizado com o perfil “topo de gama” da Forza por ter anteriormente ensaiado brevemente a versão 300 (entretanto já substituída pela nova 350), em texto publicado: “Forza 300

A razão para querer fazer este comparativo é óbvia: ambas partilham muito mais do que aquilo que as separa. Mas é precisamente o que as diferencia que dá a cada uma o seu carácter próprio e, no final, a adequação a propósitos diferentes e correspondentes a necessidades específicas dos seus potenciais utilizadores.

São gémeas pela herança genética que transportam…mas foram separadas à nascença para que cada uma pudesse cumprir na plenitude os seus objectivos.

O terreno escolhido: a Arrábida

É recorrente o meu regresso à Serra da Arrábida. Pela óbvia proximidade, pela beleza extraordinária que oferece um enquadramento de excepção e pela diversidade de percursos que é possível utilizar num curto espaço. Assim foi mais uma vez.

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Estes testes permitiram também a recolha de imagens que resultaram no filme já partilhado no canal de YouTube de Viagens ao Virar da Esquina, que convido a ver e cujo título é o mesmo: “Separadas à Nascença”.

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O que une a Forza 750 à X-ADV

Ao olhar do leigo, as…

…desculpem, primeira dúvida: estamos a falar de scooters ou de motos? É que o aspecto é de scooter. As prateleiras para os pés, a posição no assento, o tamanho das rodas…são scooters, sem dúvida.

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Mas…motor em posição central, transmissão por corrente, caixa de velocidades (certo, não é uma caixa convencional!)…são motos, obviamente. 

Pois é, esta é a primeira dúvida e vai permanecer até ao fim. Porque no fundo serão aquilo que nós quisermos. Chamemos-lhes moto-scooters

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 …onde é que eu ia? Ah, sim….para um leigo que olhe para uma e outra, são completamente diferentes. Mas para um olhar mais atento, os pontos comuns aparecem uns atrás dos outros. Vamos então jogar o jogo das diferenças…ou das semelhanças.

Tratando-se de modelos novos mas evoluções de anteriores versões, convém referir que para lá do quadro aligeirado onde foi possível economizar 1kg e da melhor ergonomia, o motor recebeu uma actualização electrónica que não só o adequa para a norma Euro 5 como ainda lhe acrescentou virtudes: mais potência, mais binário e menos peso (-1,4kg).

O que têm em comum:

  • quadro tubular em aço (formato diamante);
  • motor bicilíndrico, quatro tempo com refrigeração líquida, 8 válvulas e uma árvore de cames à cabeça, com 745cc:
  • injecção electrónica PGM-FI e acelerador Throttle-by-wire;
  • 58 cv de potência às 6.750rpm e 69 Nm de binário às 4.750rpm (existe uma versão desvitaminada para detentores de carta A2);
  • caixa de 6 velocidades semi-automática com dupla embraiagem – a famosa DCT (Dual Clutch Transmission) e transmissão final por corrente;

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Outras características partilhadas:

  • roda dianteira com 17” de diâmetro (pneu 120/70-17 tubeless);
  • roda traseira com 15” de diâmetro (pneu 160/60-15 tubeless);
  • depósito de combustível com 13,2 litros;
  • espaço debaixo do assento com 22 litros (1 capacete integral), iluminado, com amortecedor e uma porta USB e um pequeno porta-luvas à frente com 1,2 litros (sem fecho);
  • iluminação full led;
  • ecrã TFT colorido com 5”, 4 configurações programáveis e 2 fundos (branco ou preto) seleccionáveis;
  • sistema keyless que acciona o starter, abre o compartimento do assento, a tampa do combustível e tranca a direcção;
  • piscas desligam automaticamente e acendem em caso de travagem de emergência;
  • travão de estacionamento.
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Onde elas se diferenciam

 

FORZA 750

HONDA X-ADV

Suspensão dianteira

forquilha invertida com 41mm e 120 mm de curso

forquilha invertida com 41mm e 153,5 mm de curso

Suspensão traseira

mono-amortecedor com braço oscilante pro-link e 120mm de curso

mono-amortecedor com braço oscilante pro-link e 150mm de curso

Travagem dianteira

duplo disco com 310mm, pinças radiais com 4 êmbolos. ABS

duplo disco com 296mm, pinças radiais com 4 êmbolos. ABS

Travagem traseira

mono disco com 240mm, pinças com 1 êmbolo. ABS

mono disco com 240mm, pinças com 1 êmbolo. ABS

Altura do assento

790mm

820mm

Distância entre eixos

1580mm

1590mm

Jantes

de alumínio fundido

de alumínio com raios

Peso

235kg

236kg

Modos de condução

3 + User (configurável):

standard, sport, rain

4 + User (configurável):

standard, sport, rain, gravel

Ecrã

fixo

regulável em altura

O que lhes falta

Diz-se que “não há bela sem senão”. Naturalmente que há alguns reparos a fazer nestas duas moto-scooters (foi assim que decidi qualificá-las, recordam-se?).

Desde logo, uma falha da Forza: o ecrã fixo. Principalmente quando a mana mais pequena, a 350 o tem regulável e eléctrico. É uma “topo de gama” recordemos… Já a X-ADV tem um sistema que permite optar por diversas alturas do vidro. É manual, através de um manípulo circular…

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Outra falha, principalmente se resolvermos percorrer distâncias mais longas com qualquer uma delas – e isso é algo para o qual ambas estão mais do que vocacionadas: o cruise-control (nada de novo para a Honda que o tem e funciona muito bem nas Africa Twin AS).

A derradeira, que é extensível a outros modelos da marca, nomeadamente as referidas Africa Twin: os comandos, principalmente do lado esquerdo, deveriam ser retro-iluminados. Com todos os parâmetros de condução e de funcionamento passíveis de serem utilizados e visíveis no funcional ecrã TFT, os comandos tornam-se bastante complexos. Os próprios botões tendem a ser mais pequenos. Com luvas, a situação fica ainda mais difícil. Com a prática, habituamo-nos…ou não!20210323_181435.jpg_6.41_jpg

O que as Honda têm (e as outras nem por isso…)

Começo por aquilo que torna estas duas moto-scooters diferentes de tudo o que há no mercado e no segmento a que supostamente pertencem (esta mania de classificar as coisas e amontoar em grupos…): as designadas maxi scooters. 

Que o são pela dimensão, cilindrada e aspecto mas das quais se afastam decisivamente num aspecto: têm caixa de velocidades. E isso, em condução, faz toda a diferença. Mas a caixa não é automática? Pode ser. Como também pode não ser. Ou ser e não ser… 

O que a DCT permite é, em primeiro lugar, escolhermos qual o tipo de comportamento que pretendemos que tenha: manual em que somos nós a fazer as passagens de caixa quando, como e onde entendermos, ou alternativamente, escolhendo um dos modos de condução, como queremos que ela o faça. Sempre sabendo, neste caso, que em qualquer momento podemos fazer a passagem de caixa por nossa iniciativa como se estivesse em manual. 

É evidente que não temos o pedalinho do lado esquerdo nem uma manete de embraiagem para utilizar. É muito mais simples: temos 2 shifters no punho esquerdo, um para “subir” e outro para “descer”. E pronto…é só andar! Garanto-vos que em viagem e ao fim de algumas centenas de quilómetros o fisico agradece. Até porque podemos prestar atenção a outras coisas. à condução, por exemplo…

E, se bem adaptados, o prazer não se perde nem um momento. Mas esta é a minha opinião. E cada um entenderá da forma que quiser. O melhor é mesmo experimentar num test-drive mais longo…até porque a primeira meia-hora é para adaptação. Não gostou? Volta ao pedalinho….ou se for uma scooter, à caixa de variação contínua.

Convém salientar que as caixas DCT comemoraram recentemente 10 anos no mercado. E são muitos os milhares em circulação. O que abona a seu favor…até porque cada geração tem vindo a ser sucessivamente melhorada.

A DCT juntamente com a parafernália electrónica, faz com que tenhamos à nossa disposição multiplas configurações disponíveis ou, se o desejarmos, fazermos a nossa própria, personalizada e exclusiva!

Os parâmetros em causa são:

  • P – Entrega de potência – configurável em 3 níveis (1-menos; 3-mais)
  • EB – Travão motor – configurável em 3 níveis (1-menos; 3-mais)
  • D – Drive – configuração da DCT em 4 níveis (equivalente aos D, S1, S2 e S3 das Africa Twin) – controla o regime a que é efectauda a passagem de caixa
  • T – Controlo de tracção – configurável em 3 níveis (1-menos; 3-mais)
  • ABS – só na X-ADV – configurável em 2 níveis (não permite desligar) (1-menos; 2-mais)

E o resultado é o seguinte:

dct

Se optarmos pelo modo USER, é só escolher os níveis pretendidos! Digam lá se a tecnologia não é uma coisa fantástica?

Na Forza 750 (alguns ecrãs):

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Ainda sobre a caixa de velocidades, um pormenor importante: na Forza, as relações de caixa são bastante lineares garantindo uma progressividade constante e maior agradabilidade de condução. No caso da X-ADV, as 3 primeiras relações são mais curtas (para uma maior agressividade e disponibilidade de potência/binário a mais baixa velocidade) equilibradas depois com maior espaçamento nas 3 relações finais que visam essencialmente garantir melhores consumos.

Na X-ADV (alguns ecrãs):

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Outro aspecto diferenciador que esta Honda têm: incorporam o sistema de conectividade HSVC – Honda Smartphone Voice Control que, através do emparelhamento com o telemóvel (para já, só Android), permite aceder às respectivas funções no ecrã TFT e dessa forma, por controlo de voz, gerir chamadas, mensagens, e-mails, música e sistema de navegação.

Vamos ao que interessa mesmo: a experiência de condução

Digo atrás que a Forza e a X-ADV perseguem finalidades diferentes. Efectivamente assim é.

A Forza destina-se aqueles que fazem das duas rodas uma utilização diária, com trajectos suburbanos a caminho do trabalho e que depois ao final da semana aproveitam para umas escapadinhas que podem, neste caso, ser longínquas. Porque o conforto e o desempenho da Forza isso permitem. A solo ou acompanhado, porque há espaço de sobra.

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Tem um comportamento irrepreensível em estrada, seja ela a direito ou mais revirada. Se o alcatrão for um pouco mais irregular, sentiremos algum desconforto nas costas. A suspensão é firme e a posição implica que o impacto aí se faça sentir. Ainda assim, a regulação da pré-carga pode dar um maior contributo para o conforto desejado.

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Poderemos questionar se os 58cv disponíveis são suficientes. Garanto que sim. A Forza 750 não é uma máquina de corridas. Mas seja no modo mais calmo (Standard) ou no mais agressivo (Sport) ela é bem despachada. E se nos quisermos divertir numa estrada com curvas, este último garante que a coisa vai ser animada. Em nenhum momento a sentimos perder a compostura, mesmo quando, já mais “feitos” a ela, arriscamos algumas entradas em curva mais radicais ou inclinações mais limite. Já em condições mais difíceis, com piso molhado, o modo Rain “domestica” a máquina e torna-a mais suave em prol de segurança acrescida.

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Não se lhe peça o que não é. Mas o que é, é e muito bem!

Como vimos atrás, quer por todos os atributos tecnológicos, quer pela mecânica e ciclística, quer principalmente pela qualidade do conjunto, onde os acabamentos são de primeira ordem, a Forza 750 é, sem qualquer dúvida, o topo de gama da marca no segmento scooter e na sua gama mais luxuosa, completando assim a trilogia 125, 350 e 750!

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E então, onde colocamos a X-ADV?

A minha primeira resposta é: não colocamos!

Não há um segmento de mercado onde encaixar a X-ADV, porque não é uma moto de aventura, mas está completamente disponível para isso e porque não é uma estradista, mas comporta-se como tal! Se lhe acrescentarmos a utilização da caixa DCT cujo funcionamento expliquei atrás e a utilização da tecnologia incluída “no pacote”, ela é única no mercado.

Mais…se ao fim de meia dúzia de anos ainda não surgiu uma competidora (já nem digo à altura, mas algo que se lhe assemelhe) alguma razão existirá.

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Se eu afirmar que a Honda X-ADV é das motos mais divertidas que já conduzi, garanto que não estou a mentir. Aliás, disse-o há 2 anos, no teste que realizei à versão anterior. Ora se esta foi substancialmente melhorada, seja em termos mecânicos, seja na electrónica mais apurada e que descrevi anteriormente, seja na ergonomia – a posição de condução está melhor e o banco sendo um pouco mais estreito permite chegar com mais facilidade com os pés ao chão – não poderia mudar de opinião.

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O único senão: a tendência, quando andamos com a X-ADV, é para explorarmos o respectivo potencial. Utilizando uma frase que se usava há alguns anos atrás, a X-ADV é “danada prá brincadeira”… e isso depois paga-se no consumo. Mas, que diabo! temos que ser sempre certinhos? Politicamente correctos? Haja diversão e momentos agradáveis.

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Com a X-ADV esses momentos tanto podem surgir numa estrada revirada – como o caso da Arrábida – ou nos estradões de terra que possam surgir à frente. E é essa polivalência que a tornam única. Cabe aqui referir que estas motos têm conseguido obter bons resultados em competição, nomeadamente a vitória na classe no Rali de Gibraltar em 2019, deixando para trás motos trail com outras aspirações….

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Por comparação com a irmã gémea, a Forza, ela é mais agressiva a baixa rotação e as saídas de curva são entusiasmantes (o seu comprimento não será alheio..e as relações de caixa mais curtas ajudam.). O centro de gravidade mais alto não lhe causa engulho, até porque ao termos um guiador mais largo, temos maior sensação de controlo. No trânsito citadino, a maior altura do assento, aproxima-a da visibilidade natural das trail o que é um acréscimo de segurança.

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O modelo ensaiado trazia algum equipamento adicional: protecções de punhos, apêndices aerodinâmicos, barras de protecção com faróis auxiliares e poisa-pés para offroad colocado atrás da prateleira para os pés. Para lá de serem essenciais para que em offroad seja possível conduzir de pé, ajudam também ao conforto em viagem uma vez que é mais uma opção para a colocação dos pés. E assim, termos uma posição de condução mais “à la moto”, em que as pernas complementam o trabalho das suspensões, não sobrecarregando as costas do condutor. E o conforto aumenta se aproveitarmos a benesse do vidro ajustável em altura.

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Tal como referi em relação à Forza, não se lhe peça o que não é. A X-ADV não é uma Africa Twin…mas não anda demasiado longe. Também aqui, os 58 cv estão perfeitamente adequados. Podia ter mais? Podia…mas não era a mesma coisa.

E uma coisa vos garanto: normalmente quem tem a oportunidade de testar esta moto, quando termina vem com um sorriso rasgado. Porque será?

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Conclusão

Exagerei nos elogios?

Afinal estamos a falar de moto-scooters (a tal designação que inventei no início e que espero ter justificado no texto) que custam mais de 11 mil euros a Forza e 12 mil a X-ADV. Preços que permitem adquirir motos bem mais potentes ou com outros atributos. É verdade. Mas também referi ao longo deste arrazoado que estas são motos (ou scooters) com características únicas. Isso tem um preço.

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Apontei atrás alguns dos (poucos) defeitos que entendo poderem ser corrigidos pela marca. Referi as muitas qualidades que são inegáveis.

Em qualquer análise que se faça, é forçoso comparar o que é comparável. E no que a estes dois produtos de excelente qualidade da Honda, o mais difícil é mesmo encontrar os termos de comparação… Que não confundamos com o que cada um entende como sendo as suas opções, necessidades ou gostos. Da minha parte, entre as duas, escolheria a X-ADV…porque se adequaria mais ao que faço.

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Em breve espero poder experimentar o terceiro elemento desta trilogia: a novíssima NC750X. A base é igual à destas duas, mas definitivamente em formato moto. Já chegou ao mercado português…é só esperar mais uns dias.

Termino com o agradecimento, mais uma vez, à Honda Portugal Motos pela colaboração desde a primeira hora com Viagens ao Virar da Esquina e ao concessionário Lopes & Lopes pelo apoio e disponibilidade habituais.

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A Virtude está mesmo … no meio?

Será que a virtude das V-Strom está na sua versão “do meio”? A Suzuki V-Strom 650XT, uma Sports Adventure Tourer, tal como se apresenta.?
Foi para esta questão que procurei a resposta!

Imaginem que estamos a fazer palavras cruzadas. A dado passo surge a pergunta

 – na horizontal com 4 letras: “onde está a Virtude?

… a resposta óbvia é: no “MEIO”!

PalavrasCruzadas

A Suzuki tem uma estratégia muito clara e simples para a sua gama, no segmento “da moda”: as trails V-Strom. Um modelo de entrada de gama – a 250 – no pólo oposto tem um de elevada cilindrada – a 1050 – e, no meio, o terceiro que completa a sua proposta – a 650. Todos exactamente separados por 400cc.

No ano passado, quando foi lançada, experimentei a 1050XT (com apreciável satisfação; ver Suzuki V-Strom 1050XT – Olhar o futuro e respeitar a herança e agora chegou a vez da “seis e meio”.

 A V-Strom 650 que tenho comigo para esta experiência é a XT, ou seja, a melhor equipada com umas bonitas jantes douradas com raios que muito bem combinam com a combinação amarelo-cinza-preto que dá a cor à moto.

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E é a predominância do amarelo – essa cor que dificilmente faz a unanimidade – que lhe dá um certo carisma e indiscutivelmente a fazem ser notada onde quer que esteja. Na minha opinião, e para começo de conversa, acho a moto bonita!

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Naturalmente que nem todos gostarão desta tipologia de motos. Outros preferirão motos maiores. Ou mais pequenas. E alguns serão fãs de outros emblemas. Obviamente.

VID_20210304_120806627_Moment.jpg_2.72_jpgTambém alguns irão atrás do preconceito relativamente ao “conservadorismo” da Suzuki. De facto, os modelos da marca têm geralmente grande longevidade (uma prova da sua fiabilidade), não fazem abanar as estruturas da estética (ou fazem…estou a recordar-me de uma certa Hayabusa, ou de uma Katana indo mais atrás…), preferem a evolução à revolução. É uma estratégia.

E já agora, vale a pena lembrar que o actual campeão do mundo de MotoGP conquistou o título com uma Suzuki. A moto poderia até não ser a melhor nos diferentes domínios (em curva, em aceleração, na travagem, nas pole position) mas era sem dúvida a mais equilibrada e talvez até a mais fácil de conduzir (e aqui o “fácil” tem um significado diferente do habitual).

Afinal características que, como veremos, à respectiva escala, servem também para qualificar a V-Strom 650.

A HISTÓRIA

Este modelo, V-Strom 650, foi lançado em 2004. Verdade…no próximo ano atingirá a maioridade.  

Fá-lo-á sem qualquer problema pois tem toda a maturidade de uma infância e adolescência bem cumpridas, percorrendo sem sobressalto todas as fases da aprendizagem juvenil. 

Será que em 2022 a idade maior será celebrada com algo mais que uma evolução? Um novo quadro? Um novo motor (quiçá a despedida do “Vee Twin”)? Novos aditivos electrónicos? Ou um novo ecrã LCD cheio de cores? Não vale a pena fazer futurologia porque: 

a) a moto actual ainda é capaz de satisfazer muita gente como adiante ficará provado; 

b) todas aquelas ideias não significam que o que lá está actualmente não funcione. Funciona e bem!

A primeira geração durou de 2004 a 2011.

Suzuki 2004

Em 2012 surgiu a segunda e por fim em 2017 a terceira, esta que vos vou descrever.

Suzuki 2012

 Convém salientar o seguinte: a moto ensaiada é a versão 2020. Já começou a chegar aos stands a versão 2021 que tem duas diferenças substanciais: o esquema cromático (melhor dizendo, uma pequena variação nos autocolantes e na disposição das cores) e a adaptação à norma Euro 5, como é de lei.

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O facto da nova versão já por aí andar não invalida esta experiência, pois as qualidades da máquina estão inalteradas e os ajustes mecânicos efectuados mantiveram quer a potência, quer o binário mas… ligeiramente a mais baixa rotação. Ou seja, sem prejuízo da performance, espera-se até um motor um pouquinho mais “redondo”, logo de condução ainda mais agradável. Notem o pormenor do “ainda mais”!

AS CARACTERÍSTICAS

Esta Suzuki V-Strom 650 é a versão XT. A mais elaborada mas que em bom rigor se diferencia da versão A por umas bonitas jantes douradas, de raios e com pneus tubeless, que lhe dão um toque de classe. Traz também de série as protecções de punhos e uma protecção de motor (em plástico).

20210305_100502.jpg_8.40_jpgComeço pela estética da moto…e logo pelo que não gosto: aquela óptica frontal tipo “olho de boi” nunca me agradou (aliás, não aprecio as ópticas verticais, mas lá está…gostos não se discutem).

20210305_100021.jpg_8.28_jpgEsquecendo este detalhe – ou habituando-me a ele… – a moto é muito elegante.

Bem proporcionada, com umas bonitas jantes, o amarelo correctamente doseado e equilibrado com os tons mais escuros – preto e cinzento – e o motor em V bem enquadrado por uma elegante protecção. O vidro (ajustável em altura com recurso a ferramentas) está perfeitamente enquadrado nas linhas da moto.

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Para o meu gosto pessoal, esta moto é mesmo bonita (e confesso, o amarelo até nem está geralmente no top das minhas preferências).

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Apesar dos elogios feitos, só devemos exigir desta V-Strom seis-e-meio aquilo que ela é. Uma moto com perfil trail, claramente vocacionada para a estrada mas que não se recusará a fazer umas incursões em off-road, desde que este não seja demasiado ambicioso.

O motor bicilíndrico em V a 90º refrigerado a líquido e com 645cc, tem 71 equídeos às 8.800rpm e 62 Nm às 6.500rpm. É esta ampla faixa de utilização óptima que torna a condução da Strom muito agradável.

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Naturalmente não é “explosiva” e tem aquela característica dos motores em V (motor mais complexo, mais peças, maior inércia): ao início um pouco lento mas, à medida que as rotações sobem, ganha alento e a partir das 4.500 entrega-nos toda a sua vivacidade.

É um motor que vai sempre em progressão cada vez mais rápido e isso traduz-se num enorme prazer de condução.

Pena que a sonoridade não acompanhe. Embora eu não goste de escapes demasiado barulhentos, este peca por defeito. Em andamento quase não o ouvimos. Numa viagem mais longa até será bom, mas fica-nos ali a faltar algo. Julgo ser uma tendência dos tempos, uma certa ecologia de viver, que torna os motores actuais quase “asmáticos”: parece que têm a respiração atrofiada.

20210305_100528.jpg_9.27_jpgÀs 5.000 rpm vamos a 110km/h o que nos antecipa, à entrada do red-line (10.000rpm), uma velocidade máxima teórica a rondar os 200 (descontados os acertos do velocímetro e alguma limitação do binário a essas rotações). Mais do que suficiente para garantir umas fotos à la minuta e a adição de uns pontos no cartão de fidelização do seu (in)feliz proprietário!

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Está dotada de um quadro dupla trave que lhe garante uma óptima ciclística e suspensões com forquilha telescópica à frente, sem regulações e com um curso de 150mm. Atrás, um monoamortecedor com 160mm de curso, dotada de um manípulo de fácil acesso na lateral da moto.

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As afinações das suspensões estão claramente orientadas para um excelente comportamento estradista. Isso paga-se em terrenos mais irregulares – por exemplo em estradas com piso irregular em que saltita um pouco – ou em off-road onde rapidamente se atinge o limite do curso se não houver o cuidado de evitar os buracos do percurso. Este é aliás um comportamento muito similar ao da sua mana grande, a V-Strom 1050. A opção é evidente.

A travagem, com ABS, está entregue a um duplo disco de 310mm na dianteira que está dotada de uma jante com 19”. Atrás, um disco de 260mm numa jante de 17”. Não trava de forma acutilante mas sim suave e progressivamente e será difícil, sem erro do condutor, apanharmos sustos.

20210305_100244.jpg_9.18_jpgAs jantes com raios, específicas desta versão, são douradas e os pneus são tubeless. Lindas as jantes, já o disse!

Calçava uns Bridgestone Battlax Adventure 40 que são optimizados para a condução em alcatrão e com boa performance em molhado, características associadas a boa durabilidade. Não é claramente um pneu off-road pelo que aí teremos que tomar cuidado. Já referi o curso das suspensões atrás e convém também mencionar o seu peso: 216 kg.

VID_20210304_120646392_Moment.jpg_2.66_jpg Não significa isto isto que evitemos qualquer estradão que nos surja pela frente. Com os devidos cuidados, é avançar. Agora se entrarmos em percurso mais endurista ou com trialeiras…ou o kit de unhas consegue compensar ou algo vai correr mal. Como um político dizia em tempos, “temos que viver com o que temos”.

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Último mas não o menos importante: o depósito comporta 20 litros daquele composto precioso que inclui 60% de impostos. Associado a um consumo que em condução mista normal rondará os 4,5l/100km dar-nos-á uma autonomia por cima dos 400 km. Excelente!

AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Desde os momentos iniciais, três coisas merecem destaque. No final um reparo.

Em primeiro lugar, a moto é muito manejável. O que em cidade é um aspecto francamente positivo. E como vamos a olhar por cima dos tejadilhos de quem vai à nossa frente, tal traduz-se num grande desembaraço no trânsito citadino. As mudanças de direcção acontecem com naturalidade, tudo corre com facilidade, até porque o motor reage sempre com prontidão bem equilibrada.

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Em segundo lugar, é confortável. O banco tem boa dimensão longitudinal e na largura, não obrigando a demasiado afastamento das pernas (o que também ajuda no controlo e maneabilidade da moto) e possui uma espuma com amortecimento adequado. Tem altura de 830mm o que ajuda para quem tenha a perna mais curta.

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Neste caso, e fruto da experiência deste ensaio, diria que numa viagem mais longa, se recomendará um descanso de 200 em 200 km sob pena da coisa começar a tornar-se penosa no local onde terminam as costas….

O terceiro aspecto tem a ver com a ergonomia. Sentar é fácil e os comandos estão todos “à mão de semear”. As mãos do motociclista caem bem nos punhos garantindo uma posição confortável. As protecções plásticas apesar de satisfatórias, parecem um pouco pequenas pois quando esticamos os dedos para os manípulos, por vezes tocamos-lhes com as pontas dos dedos. O manípulo do travão dianteiro é regulável. O da embraiagem não.

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Finalmente, o reparo. As 3 características enunciadas têm a ver com a moto. O reparo tem a ver com o autor destas linhas. Achei a moto pequena para a minha envergadura física (1,82m e bem encorpado…). As peseiras estão ligeiramente altas – o que não é um defeito, até porque evita que as raspemos em curvas mais apertadas – mas no meu caso fiquei mais encolhido e isso fez com que a condução fosse mais cansativa (principalmente porque as pernas iam menos distendidas do que o desejável). Ainda relativamente a estas: quando parados e assentamos os dois pés no chão, as nossas pernas ficam na mesma linha das peseiras, sendo inevitável o contacto (pelo menos até ganharmos algum hábito e não as evitarmos).

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Sentados na V-Strom, os comandos não apresentam disposição diferente do normal. Está tudo “en su sitio”. De realçar que no punho direito, o starter tem uma característica peculiar: o sistema auxiliar de arranque da Suzuki (Suzuki Easy Start System), que apenas exige um breve toque para que a electrónica faça trabalhar o motor. Prático e eficaz.

20210305_101954.jpg_6.82_jpgO ecrã é de fácil leitura e tem toda a informação necessária bem legível: um grande conta-rotações analógico à esquerda e à direita dois quadrantes. No superior, o velocímetro e o indicador de mudança engrenada. No inferior, o indicador de temperatura do motor à esquerda, por cima o odómetro e por baixo as médias (ver funcionamento a seguir). No meio a temperatura ambiente e o relógio, bem como o indicador do controlo de tracção.

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 No punho esquerdo, temos o comando que nos permite visualizar no écran::

 a) No SEL– podemos optar por um dos 3 níveis do controlo de tracção: desligado ou então a escolha entre menor ou maior intervenção;

 b) No MODE (com dupla função): se tivermos accionado o SEL, escolhemos a opção do controlo de tracção que desejamos. Se não, então a tecla “^” faz-nos navegar no odómetro com a quilometragem total e os parciais bem como escolher o nível de luminosidade do ecrã. A tecla”v” dá-nos as médias de consumo, a autonomia e a carga da bateria.

20210304_125603.jpg_5.35_jpgNada mais simples de utilizar!

A moto tem dois aspectos que não me agradaram sob o ponto de vista estético, mas curiosamente nenhum deles é desadequado na utilização. Um deles referi-o no início. A óptica frontal, em posição vertical e com o formato destacado tipo “olho de boi” não é bonita na minha opinião. Mas é eficaz e o seu formato até contribui para um bom ângulo de iluminação. Pode ser que no futuro, uns leds possam melhorar o que já é bom…

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O outro aspecto tem a ver com os espelhos. Aquele formato já não se usa. E neste caso, embora assegurem uma boa profundidade de visão (dada pela altura do espelho) perdem um pouco na visão lateral pelo facto de serem quadrangulares. Falta-lhes um pouco de largura.

20210305_095923.jpg_8.15_jpgSão dois pormenores que atestam a antiguidade do desenho da V-Strom. Veremos se 2022 nos traz novidades!

NA ESTRADA

Sentados, e uma palavra para a muita facilidade com que conseguimos passar a perna direita por cima do banco, as mãos caem no guiador com a maior naturalidade. Um pequeno toque no starter e a máquina acorda! Estamos prontos.

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A única configuração personalizável é a escolha do nível do controlo de tracção. Optei pela posição 1. O 2 é mais interventivo e as condições de circulação não o justificavam. Optar por desligar também não faria sentido. Se temos ajudas à condução, porque não usá-las? 

Houve um outro ajuste que fiz à posteriori: dei 2 toques na pré-carga da suspensão traseira. E melhorou. O peso é importante…o do condutor, naturalmente! 

Em andamento, não temos a percepção de conduzirmos uma moto com mais de 200kg, tal a leveza com que se comporta.

VIRB0125_Moment.jpg_2.62_jpgJá referi que a sua maneabilidade em cidade é notável, para a qual contribui essa leveza, o diâmetro de viragem bastante reduzido e a forma linear com que o motor entrega a potência à medida que aumentamos a velocidade. Simples e suave são as palavras chave. Não se lhe antecipam comportamentos inesperados e eventuais surpresas que surjam no caminho serão contornadas de forma airosa.

Por tudo isto, confirmamos a primeira das impressões prévias: esta é uma moto muito adequada a quem faça o seu quotidiano em ambiente citadino, no meio do trânsito ou nos percursos nas vias suburbanas.

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E na estrada? Era fundamental perceber se a essa boa atitude citadina poderíamos adicionar uma utilização em deslocações mais longínquas.

Levando em consideração as duas notas que mencionei atrás – o conforto depois de uma longa permanência a conduzir e o facto de me sentir ligeiramente acanhado – devo salientar que a moto superou o teste em estrada com brilhantismo.

A forma dócil como entrega a potência na primeira metade da escala do conta rotações e a vivacidade com que o faz depois, associada à tal maneabilidade já referida, dão um grande prazer de condução principalmente em estradas sinuosas. Não será aqui que perderá na comparação quer com outras alternativas da concorrência quer até com outras soluções de gama superior. É uma 6 e meio, não esqueçamos!

VIRB0110_Moment.jpg_2.58_jpgNestas estradas sinuosas, dois aspectos são relevantes: o comportamento da suspensão e o dos travões. No caso das suspensões, se a estrada tiver bom piso, o prazer é completo. Todavia se for bastante irregular, a firmeza que apresenta recomenda alguma cautela pois a partir de certo limite terá alguma dificuldade em as absorver de modo a impedir algum susto em curva. Aqui, como se costuma dizer, “cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a alguém”!

 Esta não é uma máquina para corridas….e por isso também o comportamento dos travões não tem a acutilância de modelos mais radicais. Nem isso seria esperado ou sequer desejado. O travão traseiro serve perfeitamente a sua função de equilibrar a moto e o dianteiro dá-nos o que precisamos sem brusquidão. Adequados portanto.

 A caixa de 6 velocidades tem muito pouco a dizer. É uma caixa Suzuki. Precisa e suave, garantindo boa precisão seja “para cima” seja nas reduções. E mesmo que seja necessária engrenar a mudança “de aflitos”, ela entra sem qualquer reclamação!

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Em auto-estrada, que não será o seu ambiente favorito, a boa atitude mantém-se. A protecção do vidro é adequada, desde que regulada para a compleição física do condutor. No caso, ia na penúltima opção no sentido da altura e estava bem. Talvez se este meio fosse frequente na sua utilização, provavelmente colocá-la-ia na posição superior. Não testei uma vez que implicaria a utilização de ferramentas e tal não se justificava. Mas fica registada a flexibilidade.

 No que diz respeito às zonas dos ombros e braços, nada de diferente da generalidade das motos desta tipologia. Para as mãos, os protectores dos punhos em plástico garantem alguma protecção. Mas se a moto fosse minha, esse seria o primeiro upgrade que lhe faria, uma vez que em caso de queda não inspiram muita confiança. Mas as motos também não são para andar a cair, pois não?

Falta dizer se em estradas rápidas ela “se mexe”. Pois, mexe-se e bem. Já o referi anteriormente: se o objectivo for “decorar” o cartão de fidelização de pontos, serve perfeitamente. O Estado agradece… Mas se formos prudentes, assegura-nos bons ritmos de viagem, principalmente se optarmos por estradas mais divertidas como as nossas nacionais.

CONCLUSÃO

Sabemos que a tipologia trail significa uma expectativa de grande polivalência: adequa-se a qualquer ambiente, desde a auto-estrada a percursos off-road. A V-Strom tem essa polivalência, mas não com a mesma eficácia nos diferentes tipos de estrada (não sei aliás se alguma o terá).

As V-Strom, esta 650 tal como também a 1050, são trails vocacionadas para os percursos estradistas. O seu comportamento, as suspensões e o tipo de pneus a isso recomendam. O que não significa que não se sintam à vontade em estradões rápidos e com piso razoável.

Se utilizarmos um paralelo com as classificações dos pneus, eu diria que esta é uma moto 80/20. Destina-se a quem só esporadicamente opte pela terra. O que significa que se é este o objectivo talvez o ideal seja procurar solução alternativa….

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Na minha apreciação, a Suzuki V-Strom 650 está muito próxima de ser a solução ideal para quem faz da moto o seu veículo de eleição quotidiana. Tem o desembaraço citadino que começa a fugir às big-trails e aproxima-se do conforto e dinâmica destas nas aventuras estrada fora. Certamente que tiradas de várias centenas de quilómetros de enfiada, cobrarão o seu preço ao físico do condutor (e do pendura se for o caso). Mas chega onde as outras chegam, isso não restam dúvidas.

É uma moto com excelente condução, robusta e fiável. Já agora…bonita também.

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Uma nota relativamente a viagens mais longas: nestes casos, o condutor far-se-á acompanhar de bagagem. Provavelmente com uma top-case e malas laterais. Não terá qualquer problemas em as montar, sejam as da Suzuki ou de marcas independentes. Poderá é a moto ficar acanhada se se levar pendura. É uma 650 e não uma big-trail, não esqueçamos.

E aqui chegados, é obrigatório fazer um registo: é notável que um modelo nascido em 2004 chegue, 17 anos depois, ainda perfeitamente competitivo face ao mercado. É evidente que ao longo deste período foi sempre evoluindo, seja nas características mecânicas, electrónicas ou estéticas. Mas chegar a este ponto da sua história e podermos afirmar que constitui uma alternativa muito válida face a outras propostas bem mais recentes merece ser destacado.

Talvez aqui surja um pormenor menos positivo: o preço chave na mão da versão 2021 ultrapassa por muito pouco, mas ultrapassa, os 2 dígitos de milhar de euros. Mais de 10 mil euros parece-me um pouco caro. Mas esta será sempre uma escolha mais racional do que apaixonada e talvez o “investimento” o justifique pela longevidade garantida.

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As más-línguas antecipam uma evolução significativa para breve. Já aconteceu com a V-Strom maior e será este o caminho que a marca japonesa provavelmente seguirá em breve.

Sem revoluções ….mas com muitas evoluções. Enquanto não chegam, só podemos assegurar que a Suzuki V-Strom 650 cumpre e bem o seu papel. Tiro-lhe o meu chapéu…perdão, capacete!

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E termino com a resposta à questão inicial, recordam-se? Se seria no meio (da gama V-Strom) que estava a virtude?

A resposta só pode ser afirmativa. A Suzuki V-Strom 650 é claramente uma moto com uma grande virtude: o seu equilíbrio (na polivalência, na dimensão, na facilidade de condução). Tal não significa qualquer menosprezo para as outras duas versões. Pelo contrário. Mas o facto de se posicionarem nos extremos torna-as mais direccionadas para necessidades específicas e menos abrangentes do que esta V-Strom 650.

O diagnóstico de Viagens ao Virar da Esquina está feito. Mas, como se costuma dizer, “cada cabeça, sua sentença”. Por essa mesma razão, fará todo o sentido acrescentar aqui uma segunda opinião. E principalmente, uma opinião mais abalizada da parte de quem possui uma e dela faz o seu “cavalo de batalha” diário.

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O José Serra é meu companheiro de muitos quilómetros e privilegia-me com a sua amizade. Para lá disso tem uma V-Strom 650 de 2018 (no caso a versão A, mas para o caso pouco releva porque só diferem os autocolantes e as jantes raiadas). É a ele que agora passo a palavra.

A SEGUNDA OPINIÃO

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Ora bem… a minha opinião fundamentada sobre a amarela… antes de mais, o porquê da escolha porque, para um utilizador médio, a questão passa muito pela adequação.

Aos 54 anos, vindo de uma mota totalmente “estradista” com um motor de “4 em linha” e uma preferência vincada pelos altos regimes, precisava de “descontrair”, ou seja:

De uma posição de condução mais “descontraída”;

De um motor mais “descontraído”, menos exigente na utilização da caixa, mais cheio em baixos regimes;

Da possibilidade de, em passeios, sair do asfalto de forma mais “descontraída”, isto é, sem aquela sensação de “vou dar cabo disto…”

Acresce que me desloco diariamente de mota para o trabalho (16 km ida e volta, sempre dentro da cidade e, frequentemente, com trânsito (actualmente nem tanto, mas não pretendia comprar uma mota para revender no fim do confinamento, por muito que ele possa ainda durar); assim, procurava uma máquina de média cilindrada, com uma potencia e um binário “decentes”, ou pelo menos suficientes para os passeios de estrada com os amigos, normalmente sem “pendura”.

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Dito isto, não foi difícil tomar a decisão:

A Africa Twin é grande (cilindrada a mais);

A Tracer e a Versys são puras estradistas (versatilidade a menos);

As Europeias são muito caras (dinheiro a mais na etiqueta do preço e a menos na carteira).

E foi então que ela apareceu! 2 aninhos, em Stand, 1 ano de garantia e um preço convidativo, tendo em conta os mais de 1500€ de equipamento que trazia (crash bars, protecção de motor, descanso central, piscas em Led, barra de acessórios, punhos aquecidos, guarda-mãos metálicos, topcase, malas laterais) – enfim, não foi um negócio “da China”, mas foi um negócio justo.

E, ainda por cima, amarela – eu sempre tinha dito que, se comprasse uma V-Strom, queria que fosse amarela (o que sempre provocou estranheza…)!

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Então, após alguns (poucos, por causa do confinamento) milhares de km, o que dizer?

Motor:

Exactamente o que eu esperava, mas com mais uma dose considerável de vivacidade; a forma como reage ao acelerador logo a partir das 4000 rpm ou pouco mais é bastante mais divertida do que me lembrava (tinha feito um test ride em 2017); em “baixas” excelente, conforme eu já sabia que seria – uma delícia a curvar de forma um pouco mais entusiástica e sem necessidade de estar sempre a reduzir para manter o regime “lá em cima”.

A sonoridade é…o que é! Nos dias que correm, não é boa política substituir escapes (como eu tinha feito na minha mota anterior), porque o som que tanto gostamos de ouvir pode custar-nos uma apreensão da mota ou um chumbo na inspecção (quando houver); no entanto, o som do V-Twin até não é desagradável – é apenas baixinho…

20210304_114546.jpg_10.22_jpgTecnologia:

Pouca coisa, mas o que tem é excelente:

Computador de bordo eficaz que, apesar de um ar algo “antiquado”, tem imensa informação e de fácil acesso;

O controlo de tracção sente-se! Especialmente em piso molhado, quando mudamos para o nível 2, sentimos que está lá – e à saída das curvas, dá mesmo bastante jeito.

Easy Start: não é a coisa mais essencial que se pode ter, mas o facto de apenas ser necessário um toque no botão de ignição é coisa a que até nos habituamos…

Low RPM assist: em utilização normal, esquecermo-nos que lá está, mas nas manobras em baixa velocidade é cómodo – e é preciso não esquecer que existe uma versão limitada a 35 kw, dirigida aos “recém encartados”, que agradecem estas pequenas ajudas…especialmente com mais de 200 kg de mota!

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Travões:

Eficazes, suaves, a condizer em tudo com o estilo de condução a que a mota convida – “descontraído” (acho que já usei o termo hoje…); em situações de maior emergência (do tipo “ai mãezinha qu’eu parto-me todo”), podem obrigar a exercer alguma força na manete, mas correspondem e, mesmo em condução mais “apressada”, nunca senti a falta de nada a este nível.

Suspensão:

Merecia uma suspensão regulável à frente! Lá que merecia, merecia!! No entanto, a que tem cumpre bem; em estradas esburacadas (o chamado “todo-o-terreno asfaltado”, tão comum no nosso País), mantém um nível de conforto surpreendente, quase nos fazendo crer que estamos “montados” numa mota maior. Não fiz com ela percursos off-road, apenas umas estradas de terra batida em que se portou muito bem, admitindo eu que não seja mota para off-road à séria – mas também não é isso que alguma vez pretendi dela.

Quanto à suspensão traseira, com os meus 85 kg, mantenho a afinação de fábrica, não me parecendo que a mota se torne desconfortável ou saltitona… pelo que, assumo, será o correto – no entanto, é bom saber que, se levar pendura, a regulação é fácil. Também numa condução mais “empenhada” em estradas mais reviradas (como aquele troço bem divertido entre Tramagal e Rossio ao Sul do Tejo), o comportamento em curva é excelente e muito previsível – nada de mal a apontar, portanto.

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Ergonomia:

Um “mimo”…e as costas agradecem!

Pese embora, como o amigo Henrique, eu não seja propriamente pequenino (1m81), venho de uma mota bastante mais “acanhada” em termos de posição de condução, pelo que nesta me sinto perfeitamente “à vontade”. Compreendo que lhe tenha parecido pequena, pois a mota que ele conduz habitualmente é bastante maior…

Em pé, o guiador fica um pouco “baixo”, mas de qualquer maneira, não é suposto conduzir em pé com as pernas esticadas, pelo que não se justifica instalar “risers”.

Comandos da mota, tudo nos sítios habituais, excepto o interruptor de máximos, que se acciona empurrando para fora o botão de sinal de luzes, solução em minha opinião mais eficaz do que o habitual botão. O botão “Mode” (onde costumava estar o tal botão dos máximos) permite “rodar” a informação disponível nas duas áreas do painel com toda a facilidade e conforto.

Uma palavra para os retrovisores – parecem, de facto, espelhos de casa de banho! No entanto, proporcionam (quando correctamente orientados) uma excelente visibilidade para trás, pelo que a vontade irresistível de os trocar passa rapidamente. Note-se que não vibram em nenhum regime.

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Consumos:                        

Pois! É o hábito. Não é, de facto, uma mota que peça uma condução em “altas”, mas é o que dou por mim a fazer…

Tem feito 5,3 a 5,5 l/100km em cidade (que é onde tenho podido andar). Enquanto não me adaptar totalmente à mota, não sou exemplo – acredito que possa fazer bastante menos, ainda que não em “condução económica”, que é coisa que, de mota, não faço…

Em jeito de Conclusão:

Uma escolha racional, equilibrada e relativamente económica, com um tipo de utilização bastante abrangente em termos de passeios de fim de semana, em todo o tipo de estradas e estradões, sem esquecer os pequenos percursos do dia-a-dia no meio do trânsito da cidade.

De bónus:

Uma dose q.b. prazer de condução;

O facto de eu realmente gostar da mota o que, no fim de contas, deve ser o factor principal na escolha de uma mota – o gosto pessoal de cada um! Goste-se ou não do amarelo! Porque, para fazer escolhas 100% racionais, há os electrodomésticos…

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AGRADECIMENTOS

Sobre a V-Strom 650 ficou tudo dito. Assim importa aqui deixar os devidos agradecimentos:

– À MOTEO, SA, representante nacional da Suzuki entre outras marcas e a quem fico grato pela disponibilidade, colaboração e amizade.

– À JPM MOTOS, concessionário da marca, localizado em Frielas-Loures, que para lá das excelentes instalações nos brindam sempre com uma grande simpatia e colaboração.

– Ao José Serra, pela colaboração neste ensaio. A experiente “segunda opinião” bem como a ajuda na captação de imagens são inestimáveis.

 – Aos NEXIT nas pessoas dos seus músicos e meus Amigos Ricardo Silvestre e Bruno Duro que, mais uma vez, cederam a música para a banda sonora do filme que conta esta experiência com a Suzuki V- Strom 650XT e que poderá ser visto no Canal de YouTube de Viagens ao Virar da Esquina.

A todos um enorme bem haja!

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