A segmentação é uma ferramenta fundamental em Marketing. O objectivo é encontrar, em cada momento e em cada mercado, o produto mais indicado para cada consumidor.
Conhecendo e agrupando em grandes grupos conjuntos de preferências e necessidades comuns, é possível depois desenvolver de forma massificada (logo mais económica) os produtos que melhor se adequam a essas características. No mercado das motos (como na generalidade dos outros) isso é notório. E no subgrupo das scooters mais ainda.
Efectivamente, consoante as nossas necessidades de mobilidade, assim encontraremos o produto mais acertado. Depois entram as componentes subjectivas de cada um que o levam a optar por esta ou aquela marca, esta ou aquela característica específica, esta ou aquela cor, por exemplo…
De uma forma simplista teremos 3 grandes grupos:
– as 125cc cujas características de economia, leveza, pouca envergadura e ligeireza são óptimas para o trânsito citadino. Todas aquelas deslocações em meio urbano do dia-a-dia encontram aqui o veículo ideal. Já uma saída para a estrada, ou pior ainda, auto-estrada já não serão “a sua praia”…
– as de média gama – cilindradas entre os 250 e os 400cc – que são excelentes para as deslocações sub-urbanas: os 30 a 50kms diários no percurso casa-trabalho, eventualmente com vias rápidas ou auto-estradas. Com facilidade se adequam também a pequenas viagens de fim de semana. Tudo isto sem perderem a flexibilidade citadina.
– as maxi-scooters (acima dos 400cc) que pela sua envergadura e potência disponível possibilitam outros voos por maiores distâncias, incluindo viagens com algum fôlego, com ou sem pendura. Sempre com o conforto e o sentido prático que caracterizam este tipo de motos.
Estamos obviamente a falar de estereótipos (a tal de segmentação que referi acima) e cada marca, nas suas gamas, dá o seu toque próprio. Mas em linhas gerais todas as scooters se enquadrarão num daqueles grandes grupos.
Tudo isto para dizer o quê?
Tive há algum tempo a possibilidade de experimentar ao longo de alguns dias, a oferta topo de gama da Honda no segmento das maxi–scooters : a X-ADV. Que para lá das características típicas de maxi–scooter ainda associa uma capacidade offroad sem par na concorrência.
Por outro lado, um dos meus filhos adquiriu uma PCX e não só já andei nela algumas vezes, como na altura (Junho 2018 – PCX vs. N-MAX) realizei um teste comparativo entre esta a a sua principal concorrente.
Faltava-me experimentar a Honda Forza 300. O melhor representante da marca no mercado intermédio.
E foi isso que aconteceu – em dia de bruxas e com um tempo pouco convidativo.
HONDA FORZA 300
A Forza 300 é uma scooter que reúne todas as valências de qualidade e fiabilidade que são a marca de água da Honda. É, sem margem para dúvidas, uma oferta premium neste segmento de mercado e o seu preço reflecte-o (na casa dos 6.000 €). Mas neste valor podemos incluir alguns miminhos que são bem úteis e/ou agradáveis.
Por exemplo, o pára-brisa que é ajustável mesmo em andamento bastando accionar um botão no punho esquerdo, a iluminação 100% LED, o painel que combina elementos analógicos com digitais e com toda a informação que é comum numa topo-de-gama, o prático sistema keyless, o amplo espaço de armazenamento debaixo do banco que permite guardar 2 capacetes integrais e ainda mais alguma tralha, a tomada 12V, um porta luvas bem fundo.
Esteticamente, conceito mais subjectivo, tem linhas bem fluídas que culminam num frontal dentro da linha da marca e que, associado à sua “marca luminosa”, lhe dá um “olhar” bem dinâmico e até agressivo. Uma simbiose bem conseguida entre características de “grande turismo” – conforto, equipamento e qualidade de construção – com uma tónica bem desportiva.
Dois aspectos quero salientar:
– o encosto lombar no banco que proporciona excelente apoio ao condutor e impede o pendura de escorregar para a frente;
– o sistema HSTC de controlo do binário que pela primeira vez a Honda inclui numa scooter. Esta experiência decorreu quase sempre em piso molhado e tive a oportunidade de provar a validade do sistema. Garanto que dá muito jeito…
Já referi o ecrã ajustável electricamente. A sua protecção é óptima em cada momento e a facilidade com que se ajusta para isso muito contribui. A moto é muito confortável, o banco tem excelente qualidade, e a sua dinâmica dá também um precioso contributo para a agradabilidade de condução.
Senti a suspensão da frente bastante firme. Já a de trás…aceita mal as muitas lombas que encontramos nas nossas ruas. Mas aqui…acho que o problema é mesmo das ruas. A competência com que são feitos estes “enfeites” nas nossas ruas é de bradar aos céus – não há dois iguais e dificilmente se encontram alguns que cumpram a sua função sem serem agressivos para quem respeita as regras de trânsito. Dito isto, certamente que alguns cuidados deveremos ter na ultrapassagem destes obstáculos. Com a Forza e com qualquer outra moto que não tenha características enduristas!
Notei, naquelas pequenas mudanças de direcção, em trânsito citadino entre filas, alguma inércia na resposta aos pequenos estímulos no acelerador o que fazia com que a reacção fosse um pouco mais lenta que o esperado. Principalmente com pendura, certamente pelo maior peso do conjunto. Mas julgo não ser defeito. Antes feitio a carecer de algum hábito.
E aqui, referir que neste tipo de trânsito, a Forza 300 evolui com brilhantismo. Os espelhos ligeiramente acima dos dos automóveis dão alguma margem para avançarmos com segurança e rapidez (sempre respeitando o facto de esta ser uma manobra não propriamente permitida pela lei – mas à qual até as forças de segurança recorrem amiúde!)
A opinião do pendura é também importante:
– Confortável e espaçosa
– Boas pegas laterais a transmitirem segurança
– As pernas batem nas carenagens laterais – bem largas por sinal – o que ao fim de algum tempo gera um certo desconforto (pendura com 1,82m de altura).
Os 279cm3 que lhe proporcionam 25cv (às 7.000 rpm – cerca de 120km/h) e um binário de 27,2Nm (às 5.750 rpm –cerca de 80km/h) são suficientes para nos proporcionar uma condução tranquila em qualquer via onde circulemos, incluindo auto-estrada pois é possível manter uma velocidade de cruzeiro adequada às condições de circulação de cada momento, não faltando capacidade para ultrapassar ou recuperar velocidade.
Sendo a faixa ideal de utilização entre as 5.750 e as 7000 rpm (o red-line situa-se às 9.000, dando assim uma boa margem de conforto), isso sente-se no “disparo” se depois de um abrandamento, enrolamos o punho para uma recuperação rápida. Aliás, o mesmo se poderá dizer no arranque, onde com a maior das facilidades conseguimos deixar para trás a maioria dos enlatados num qualquer semáforo. Não é moto para corridas, atenção! …mas não fica para trás!
O consumo anda por volta dos 4 l/100km. Não sendo fantástico (é possível encontrar motos de gama superior com consumos nesta ordem) julgo que com algum hábito e uma condução vocacionada para a sobriedade no consumo, será possível reduzir algumas décimas naquele valor.
Em resumo, e voltando ao início, a Forza 300 é uma excelente representante da Honda no segmento das scooters de média gama. Leva-nos a qualquer sítio de forma confortável, prática, económica e com enorme facilidade de condução. E com segurança (obrigado HSTC)! E, para mim, é bem bonita…
Sem dúvida uma scooter premium, com preço a condizer. A qualidade paga-se como é óbvio. E o que nos é oferecido também serve para justificar este valor.
Uma última palavra, que no caso é a primeira: a minha gratidão, mais uma vez, à Honda Portugal Motos pela cedência desta Forza 300.
Um pensamento em “Honda Forza 300”